09/11/2014

Paraná perde um dos mestres da cardiologia

Conselho de Medicina registra com pesar o falecimento do Prof. Paulo Franco de Oliveira. O sepultamento ocorre nesta terça (11), às 11h, no Cemitério Parque Iguaçu, em Curitiba

Grande mestre da cardiologia paranaense, o Prof. Paulo Franco de Oliveira (CRM 5790) faleceu nesta segunda-feira, 10 de novembro, no Hospital Vita Batel, em Curitiba. Tinha 86 anos. O corpo está sendo velado no Cemitério Parque Iguaçu e o sepultamento será realizado às 11h desta terça-feira, 11.

Formado pela Universidade Federal do Paraná em 1954, foi professor da área de sua especialidade por quase 40 anos. Foi ele quem inaugurou o primeiro serviço de emergência cardiológica de Curitiba e quem também realizou o primeiro cateterismo do Sul. Fez parte da equipe do Dr. Euryclides de Jesus Zerbini, responsável pelo primeiro transplante de coração no Brasil.

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            para ampliarDr. Paulo Franco Oliveira e o filho, Dr. Augusto Franco Oliveira (Foto: CRM-PR)

O Prof. Paulo Franco de Oliveira, pai do também cardiologista Augusto Franco de Oliveira, recebeu em 2004 o Diploma de Mérito Ético-Profissional do CRM-PR, ao completar os 50 anos de atividades cumpridas de forma exemplar. Ele integrava o grupo de formandos de 1954, assim como Jayme Benjamin Guelmann, Júlio Raphael Gomel, Octávio Augusto da Silveira, Antonio Osny Preuss, Helen Anne Butler Muralha e Benito Antonio Parolin, dentre outros.

Trajetória

Fundador do Hospital do Coração de Curitiba, há 40 anos, o Prof. começou na docência já no ano seguinte à formatura, permanecendo na Universidade Federal até 1994. “Neste período, todos os estudantes de Medicina da UFPR passaram por mim”, costumava dizer, sem contar que também tinha contato com outros profissionais que faziam pós-graduação no Hospital de Clínicas.

Há dois anos, em entrevista ao jornalista João Carlos de Brito, da Revista Vital – publicação da rede Vita – ele contou um pouco de sua trajetória, assinalando que eram poucos os cardiologistas na época em que começou, citando os nomes dos Drs. Eugênio Lopes, Arnaldo de Moura e Gastão da Cunha, que era professor de Clínica Médica e Cardiologia e foi seu grande incentivador para permanecer na capital paranaense.

“Em 1957, nós criamos o primeiro serviço de cateterismo da cidade, e nesse ano fui o responsável pelo primeiro cateterismo realizado no Sul do Brasil, na Santa Casa de Misericórdia de Curitiba. O paciente era um menino, e nessa ocasião a cirurgia foi feita pelo Prof. Gastão. Eu voltei a tratar esse paciente quarenta anos depois, em 1997, fiz um cateterismo novamente, e dessa vez o cirurgião foi o Luiz Fernando Kubrusly, hoje diretor médico do Hospital Vita Batel”, relatou o Prof. Paulo Franco de Oliveira em sua entrevista.

Ele continuou: “Em 1972, eu e alguns alunos criamos a primeira UTI cardiológica de Curitiba no Hospital Santa Cruz, com quatro leitos. Mas um ano e meio depois o hospital foi vendido e nós alugamos uma casa, na Rua Cel. Dulcídio. Instalamos quatro leitos e fizemos uma inovação na cidade: criamos um serviço de atendimento cardiológico em domicílio, com duas ambulâncias. Esse serviço foi tão importante, ganhou tanto destaque, que passamos a atender pacientes fora de Curitiba e até fora do estado, em cidades como Paranaguá, Ponta Grossa, Joinville, Guarapuava, Mafra e outras. O grupo foi crescendo e hoje (em 2012) somos 23 médicos no Hospital do Coração, inclusive o meu filho, Augusto Franco, que também escolheu a Cardiologia.”

Sobre o perfil das doenças coronarianas nos últimos 60 anos, ele analisou que, devido a uma maior prevenção, a incidência mudou um pouco. “Pode-se até agradecer à imprensa leiga nesse aspecto, pela divulgação das informações sobre alimentação, tabagismo e atividade física. A prevenção melhorou muito. Antigamente não se tinha ideia do papel do colesterol nos problemas cardíacos e não se sabia nada sobre os malefícios do cigarro. A gente dava aula fumand. Nos anos 1950, 40% das vítimas de infarto agudo morriam. Hoje, com as UTIs, esse número caiu para 15%, ou menos. Agora, em uma hora conseguimos desbloquear uma coronária, tirar o paciente do infarto e ele já quer voltar para casa. Antigamente, o tempo de internação era um mês.”

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