29/07/2009

Paraná ganha unidade da Fiocruz na Cidade Industrial, em Curitiba

Para reduzir a dependência brasileira de importações e ofertar kits de diagnóstico para programas do Ministério da Saúde, será inaugurada, na próxima terça-feira (4), a Planta de Insumos para Diagnósticos em Saúde. Na mesma cerimônia, também será inaugurado o Instituto Carlos Chagas (ICC), unidade técnico-científica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Paraná. As duas estruturas funcionarão no campus do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) na Cidade Industrial em Curitiba.

Projetada para ser multifuncional, a Planta vai permitir realizar, no mesmo espaço, atividades de desenvolvimento, inovação e produção de insumos para kits de diagnóstico, com tecnologias de ponta e para ser aplicado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A Planta de Insumos para Diagnósticos em Saúde é fruto de um consórcio tecnológico que envolve duas unidades da Fiocruz - o ICC e o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos) -, a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) e o Tecpar, com o patrocínio do Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, e do Governo do Paraná.

O operador será o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), uma associação civil de direito privado, de interesse comunitário, sem fins lucrativos, criado por meio de uma parceria da Fiocruz com o Governo do Paraná, por intermédio do Tecpar.

HIV e H1N1 - A planta já recebeu investimentos de R$ 15 milhões em obras e equipamentos. A infraestrutura começará a ser utilizada, ainda este ano, na produção de insumos para o kit brasileiro NAT HIV/HCV - teste para detecção dos vírus da Aids e da hepatite C. O teste será utilizado na triagem de das bolsas de doação de sangue.

A nova tecnologia, genuinamente brasileira, vai trazer mais segurança para as transfusões sanguíneas. Isso porque o NAT, se comparado ao teste tradicional, tem a vantagem de reduzir a chamada janela imunológica - período em que já ocorreu a infecção, mas o vírus ainda não é detectado no exame de sangue.

Com o novo kit, a janela imunológica para a detecção do vírus da Aids, que hoje é de 21 dias, cairá para oito dias. No caso do vírus da hepatite C, o tempo será reduzido de 72 para 14 dias. Estas reduções são possíveis porque o NAT detecta o material genético dos vírus, enquanto o teste tradicional depende do surgimento de anticorpos.
A planta também poderá realizar, em breve, a produção de insumos para diagnóstico molecular da nova gripe (H1N1). Está sendo validada uma tecnologia nacional para a produção dos principais insumos que compõem o kit de diagnóstico.

Se os resultados forem satisfatórios, os kits de diagnóstico fornecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) poderão ser substituídos por similares nacionais, o que significará maior autonomia para o sistema de saúde brasileiro, economia de recursos públicos e ampliação da capacidade de análise de amostras.

Outros produtos, já em fase avançada de desenvolvimento, entrarão no portfólio da Planta de Insumos para Diagnósticos em Saúde, com destaque para o multiteste que é capaz de testar, ao mesmo tempo, até 100 doenças em até 100 indivíduos. Sendo que os resultados ficam prontos em cerca de 30 minutos. Inicialmente, o multiteste se concentrará no diagnóstico de HIV 1/2, HTLV I/II, sífilis, doença de Chagas e hepatite B - doenças que podem ser transmitidas pelo sangue e, portanto, são de grande interesse para a hemorrede brasileira.

ICC - Já o Instituto Carlos Chagas ocupa uma área de 2,4 mil metros quadrados, com possibilidades de expansão para 4 mil metros. Neste espaço, funcionam atualmente oito laboratórios equipados com modernos aparelhos que possibilitam pesquisas sobre células-tronco, sequenciamento de DNA, identificação dos átomos que compõe uma substância, classificação de partículas microscópicasm entre outras.
Na área de virologia do ICC, por exemplo, destacam-se os projetos sobre dengue e hantavírus. Há estudos sobre os mecanismos das doenças, medicamentos antivirais bem como sobre kits de diagnóstico. No caso do hantavírus, já foi desenvolvido um kit de diagnóstico que está sendo produzido no Instituto e distribuído para os Laboratórios Centrais de Saúde (Lacens) de vários Estados pelo Ministério da Saúde.


Também são realizados estudos para identificar novos alvos potenciais para drogas contra a doença de Chagas. O protozoário (Trypanosoma cruzi) tem sido alvo de vários projetos, com o intuito de estudar o processo de diferenciação e seus mecanismos de interação com as células do hospedeiro.

Para a realização destas e de outras atividades, o Instituto tem 12 pesquisadores da Fiocruz entre os seus 100 colaboradores que entre pesquisadores, técnicos e estudantes, destacando-se a existência de 26 doutores e 15 mestres na equipe.

A formação de recursos humanos é uma preocupação do ICC, que planeja para 2010 o lançamento de um curso de pós-graduação (mestrado e doutorado) em biociências e biotecnologia. Também estão nos planos da unidade parcerias com países da América do Sul.


Fonte: Agência Estadual de Notícias

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