05/09/2008

Paraná estabelece novas ações para controle de micobacteriose

A Secretaria estadual da Saúde lançou nesta quinta-feira (04) resolução técnica que estabelece ações de saúde para controle da micobactéria não-tuberculosa de crescimento rápido no Paraná. São critérios rígidos com objetivo de evitar o aparecimento de novos casos de contaminação por micobactéria de crescimento rápido - uma espécie grave de infecção hospitalar.

"Queremos estabelecer o melhor encaminhamento técnico para esse problema, e com parcerias de diversas instituições acredito que seja possível construir o conhecimento necessário para conter a micobactéria", disse o secretário Gilberto Martin que acrescentou como exemplo o sucesso nas ações deflagradas em outras patologias. "Em surtos como a dengue, o trabalho intensificado e com parcerias têm resultados positivos. Comparando com o mesmo período epidemiológico do ano anterior - quando ocorreu a maioria dos casos - tivemos uma redução de 98% nos casos", lembrou.

Até então, as ações de saúde nos casos de micobactéria seguiam a resolução 141/2008. De acordo com o superintendente de vigilância em saúde, José Lúcio Santos, a nova resolução irá complementar a anterior - que definia critérios apenas para procedimentos realizados em videocirurgias.

"Com essa nova resolução será ampliado o rigor, principalmente, na esterilização de materiais e equipamentos utilizados em procedimentos cirúrgicos em geral", ressalta Yvana Kanisnki, técnica do departamento de divisão de controle de doenças estratégicas.

Segundo Miguel Ibraim Hanna Sobrinho, do Conselho Regional de Medicina, esse tipo de atitude representa uma defesa da sociedade. Para o vice-presidente da Associação Médica do Paraná, João Carlos Baracho, a prática dessas normas consolida um princípio dos profissionais de saúde, dar suporte ao ser humano na busca de qualidade de vida.

Dentre os critérios, recomenda-se à substituição do glutaraldeído - utilizada na esterilização - por outro componente. A medida justifica-se devido a estudos que apontam a adaptação da micobactéria à substância.

Outro critério é a notificação obrigatória de casos suspeitos. Quando ocorrer em estabelecimento privado, a instituição responsável pelo atendimento inicial do paciente, deverá disponibilizar todo o atendimento clínico e acompanhamento do caso. Em estabelecimento público, o acompanhamento é feito através do Sistema Único de Saúde (SUS).

Desde dezembro de 2007, o Paraná registrou 158 notificações. Destas, 137 de Curitiba e 21 no interior do Estado. Houve a confirmação de 110 casos, sendo 104 em Curitiba, quatro em Londrina e dois em Umuarama. De todos os casos confirmados no Paraná, apenas um ocorreu em unidade pública de saúde.

Com a finalidade de desvendar origem e causa da contaminação, a vigilância sanitária faz a análise de cada caso confirmado. Dos seis casos confirmados no interior do Estado, cinco foram procedentes de cirurgias abertas (plásticas) e procedimentos estéticos. Na capital, dos 104 casos, todos ocorreram devido a videocirurgias.

Todos os 399 municípios terão cópia da resolução que será entregue, parte, na tarde desta quinta-feira (04) - durante reunião dos diretores das regionais de saúde - e, parte, na sexta-feira (05), durante reunião bipartite.

MICOBACTÉRIA - Microorganismo Mycobacterium que habita o meio ambiente em geral, particularmente o solo e a água, é responsável pela infecção hospitalar. Fatores de risco de contaminação incluem traumas e falhas técnicas de esterilização de instrumentos cirúrgicos.

Os sintomas caracterizam-se por dificuldade de cicatrização e surgimento de nódulos e secreção no local da cirurgia. O tempo para manifestação varia de duas semanas até um ano após o procedimento cirúrgico.

"A forma de evitar a propagação da micobactéria é a limpeza e esterilização. É preciso associar as duas ações", explica David Jamil Hadad, infectologista e coordenador médico do Centro de Pesquisa Clínica da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), que participa de reunião técnica em Curitiba.

No Espírito Santo, desde 2007, foram notificados 250 casos. Destes, 195 foram confirmados. Nesse período ocorreram três óbitos de pacientes com micobactéria. As mortes, entretanto, foram associadas a outras enfermidades.


Clique aqui e leia a íntegra da resolução.


Fonte: Agência Estadual de Notícias

Envie para seus amigos

Verifique os campos abaixo.
    * campos obrigatórios

    Comunicar Erro

    Verifique os campos abaixo.

    * campos obrigatórios