12/08/2008

Paraná e o quinto em casos infecção por micobactérias

Estado conseguiu segurar o avanço. Só agora, Anvisa fala em "epidemia"


O Paraná é o quinto Estado do País com maior número de casos de infecções pós-cirúrgicas por micobactérias, de acordo com balanço divulgado na noite da última sexta-feira pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). São 110 casos dos 2.102 diagnosticados nos País entre 2003 e abril de 2008. Diante do número de casos em território nacional, a Anvisa decidiu classicar infecções como "epidemia".

Curitiba sofreu surto de micobacteriose no ano passado, o que levou a Anvisa e a Secretaria Estadual de Saúde a adotarem medidas emergenciais no início de 2008, como estabelecer critérios mais rígidos para manipulação de materiais utilizados em videocirurgias.

A resolução, apoiada no Paraná por entidades como a Associação Médica do Paraná (AMP) e a Federação dos Hospitais do Paraná (Fehospar), estendeu o processo de esterilização dos materiais de 40 minutos para 8 horas. Também foi lançado um curso para profissionais da área e iniciado levantamento de todos os pacientes que passaram por videocirurgia em 2007, para detecção de novos não notificados.

O "ranking" de infecções nos últimos cinco anos tem o Rio de Janeiro em 1º lugar, com 1.014 notificações, seguido de Pará (315), Espírito Santo (244) e Goiás (230).

Segundo a Anvisa, as infecções por micobactéria são causadas principalmente por falhas nos processos de limpeza, desinfecção e esterilização de produtos médicos. Na maioria dos serviços de saúde investigados, os instrumentais cirúrgicos foram submetidos somente ao processo de desinfecção e não ao processo de esterilização, como recomenda a agência reguladora.

Os novos procedimentos livraram o Paraná de novos casos em 2008. A Anvisa identificou infecções este ano nos Estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Pará, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Diante do descontrole em vários pontos do País, a agência determinou o acompanhamento sistemático dos procedimentos de limpeza e esterilização junto aos serviços de saúde.

Entre as novas medidas estão ordens para as vigilâncias sanitárias estaduais apresentarem diagnósticos atualizados da infecção, a reavaliação dos critérios de concessão do registro para saneantes e a orientação para aos serviços de saúde para que realizem a esterilização outros métodos disponíveis diante da resistência da Micobacteria massiliense aos produtos habitualmente utilizados.

Videocirurgias na mira ¿ O governo federal promete ainda limitar o número de videocirurgias que médicos particulares, clínicas e hospitais poderão realizar por dia no País, com o objetivo de garantir que haja tempo suficiente para que os equipamentos utilizados sejam adequadamente esterilizados. A idéia é que seja definido o número de equipamentos necessários segundo o volume de pacientes diários. As cirurgias de lipoaspiração e lipoenxertia estão suspensas em todo o Espírito Santo após decisão tomada em reunião ma semana passada. A ação foi determinada após a confirmação de um caso de contaminação por micobactéria (Mycobacterium abscessus do tipo 1), diferente da que causou o surto em 2007, em um estabelecimento da Grande Vitória.


Fonte: Bem Paraná

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