Mais de 20 instituições tiraram notas baixas e nenhuma das 141 avaliadas conseguiu atingir o nível máximo; Para o Conselho
Federal de Medicina isso é consequência da abertura indiscriminada de novos cursos pelo país
A má qualidade de ensino médico no país atingiu nível preocupante, que exige adoção de medidas pela sociedade e pelas
autoridades. Esse é o entendimento do plenário do Conselho Federal de Medicina (CFM) que aprovou nesta sexta-feira (18) nota
na qual comenta os resultados do Conceito Preliminar de Cursos (CPC), divulgado pelo Ministério da Educação.
Os números confirmam a fragilização do ensino médico ao mostrar que mais de 20 instituições alcançaram notas baixas (de
1 a 2) e nenhuma das 141 avaliadas conseguiu ser classificada na faixa máxima (nota 5). O CFM entende que este problema afeta,
sobretudo, a população que fica a mercê da assistência oferecida por indivíduos com formação deficiente.
"Esperamos rigor e seriedade na formação do médico brasileiro, eliminando as distorções no ensino que prejudicam toda
a sociedade. Somente, assim o país poderá contar com uma assistência de qualidade tanto na rede pública, quanto privada",
conclui o documento, que será encaminhado ao Ministério da Educação.
NOTA DO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
Com base nos resultados do Conceito Preliminar de Cursos (CPC), divulgado pelo Ministério da Educação, na quinta-feira
(17), o Conselho Federal de Medicina (CFM), que se preocupa com a formação dos médicos brasileiros como forma de assegurar
atendimento digno, chama - mais uma vez - a atenção da sociedade e das autoridades para o problema da má qualidade do ensino
médico oferecido atualmente.
É preocupante o número de escolas médicas que alcançaram notas ruins, entre 1 e 2 (de 141 instituições avaliadas, um total
de 23). Também é lamentável que nenhuma delas tenha obtido nota suficiente para ser classificada na faixa máxima (nota 5).
Este resultado é consequência da abertura indiscriminada de novos cursos de Medicina em território nacional, há tempos
denunciada pelo CFM e pelos conselhos regionais de medicina (CRMs). Ao fazer este alerta, ressaltamos que a situação atual
do ensino médico não condiz com as preocupações humanitárias e sociais pertinentes à Saúde e à Medicina.
O quadro descortinado pelo CPC denota a prevalência de interesses econômicos e políticos sobre a preocupação legítima
com a qualidade da formação de futuros médicos. De 2000 a 2010, o número de escolas médicas pulou de 100 para 181. Das que
entraram em funcionamento, 72,5% (58 escolas) são privadas e visam o lucro.
No entanto, a multiplicação dessas instituições não solucionou a povoação de médicos nos locais desassistidos e sequer
melhorou a qualidade daqueles ali formados. Não há dúvida que número importante das escolas médicas em atividade está sem
condições plenas de funcionamento, seja em termos de instalações, seja em termos de conteúdo pedagógico, incluindo aí questões
ligadas aos corpos docentes. Infelizmente, essa situação, tem prejudicado, sobretudo, a população que fica à mercê de profissionais
com formação deficiente.
Neste contexto, o CFM - novamente - alerta os brasileiros para esta realidade e considera oportuna a decisão do MEC de
supervisionar o ensino oferecido por algumas escolas médicas, o que implicará, de imediato, no corte de 512 vagas em cursos
com notas ruins.
Por outro lado, ficamos preocupados com o anúncio do próprio MEC de abertura de outras 320 vagas em algumas escolas, o
que, no mínimo, indica que alunos e professores destas instituições terão que dividir os parcos recursos que têm, fragilizando
ainda mais as condições de ensino.
Esperamos rigor e seriedade na formação do médico brasileiro, eliminando as distorções no ensino que prejudicam toda a
sociedade. Somente, assim o país poderá contar com uma assistência de qualidade tanto na rede pública, quanto privada.
Fonte:
href="http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=22455:para-cfm-exame-realizado-pelo-mec-comprova-crise-no-ensino-medico&catid=3"
target="_blank">CFM