27/07/2006
Empresas firmes x hospitais cambaleantes. Existe uma íntima relação entre este paradoxo e os caminhos
pelos quais ambos estão seguindo
Em um mercado crescente e competitivo, dados comprovam que as empresas
vêm se especializando, estão preocupadas em se manter firmes. A queda do número de concordatas e falências
registradas nos últimos meses é a prova disso. Segundo dados do Serasa, houve uma queda no volume de falências
requeridas superior a 60 por cento nos primeiros sete meses de 2006 em relação a 2005. As falências decretadas
também apresentaram recuo. No primeiro semestre deste ano, o volume foi 35 por cento menor que no mesmo período
de 2005. A explicação é de que a queda dos indicadores de insolvência é conseqüência
do crescimento da atividade econômica, sustentado pelo aumento do consumo interno e pelas melhores condições
de crédito ao consumidor. Mas não apenas isso. Estudos feitos mostraram que as empresas sofreram um chamado
"choque de eficiência", partindo para capacitação de pessoal, gerenciamento mais efetivo, administração
mais humana, moderna, descentralizada.
Federações, associações, grupos organizados engrossaram
esta tendência, criando oportunidades e disponibilizando cursos específicos, palestras, reuniões para
intercâmbio de informações.
Preocupadas com lucratividade, sem desgaste com redução
de pessoal, mas sim com o corte de gastos , muitas recorreram às consultorias, que não reclamam do assédio
e das agendas lotadas.
Mas estabelecimentos de saúde, clínicas e hospitais parecem andar na contramão.
Quem ainda não fechou as portas, está pedindo socorro por sentir os reflexos da falta de uma administração
mais eficiente. E o problema é que só eles próprios podem se salvar.
Há vários
fatores externos e internos envolvidos, mas um bom planejamento pode decidir o sucesso ou não da instituição.
Tratar a organização que integra cuidados de saúde com o propósito de obter resultados empresariais
é uma questão vital. Isso implica numa visão ampla de auto-sustentação, lucratividade,
competitividade e continuidade. Ter conhecimento sobre as áreas de administração e finanças é
outra condição básica.
Analisando o quadro do setor de saúde, paralelamente aos hospitais
e clínicas que estão em situação de insolvência ou que já encerraram as atividades
- e que já ultrapassam a soma dos 200 estabelecimentos de saúde em todo o Paraná - há exemplos
eloqüentes de administrações eficientes. O Hospital Pequeno Príncipe e o Hospital Pilar estão
entre os que têm encontrado alternativas criativas para contornar crises, além de contar com uma equipe qualificada
para gerenciar a parte administrativa.
Compromisso estratégico e união de competências entre médicos,
enfermeiros e corpo funcional com gestores, administradores e consultores de organizações, pode significar o
"choque de eficiência" necessário e a retomada do caminho certo.
Valter Piva é estrategista
de negócios, especialista em gestão empresarial e produtividade. gestores@uol.com.br