25/05/2007
Os dilemas éticos da nova ciência
Seminário debate questões como eutanásia, células-tronco e aborto
Quais os reflexos do constante avanço da ciência? Como a filosofia trata temas como aborto, eutanásia e pesquisas com
célulastronco? Esses foram algumas das principais questões levantadas pelo seminário "Brasil, brasis - Vida com hora marcada:
a natureza desafiada", realizado ontem, na Academia Brasileira de Letras (ABL). O evento contou com a presença dos acadêmicos
Ivo Pitanguy e Cândido Mendes, além do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e os médicos Dráuzio Varella, Paulo Niemeyer
Filho, Raul Cutait e Renato Kovach.
- A Humanidade passa por uma extraordinária transformação - disse Pitanguy, na abertura dos debates. - Temas como aborto,
células-tronco e eutanásia fazem com que questionemos tudo o que sabemos sobre a vida e morte.
Segundo Cândido Mendes, a aceleração do conhecimento gera uma série de interrogações.
- É possível a sociedade desprezar as maravilhosas possibilidades das pesquisas com as células-tronco? - disse, sob aplausos.
O neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho lembrou do primeiro transplante de coração, realizado em 1967, pelo médico sulafricano
Christian Barnard.
- A partir daquele momento, tivemos que mudar a nossa idéia de morte. E também a nossa ética - declarou.
Dráuzio Varella confessou que, apesar de toda a sua experiência, ainda se sente abalado ao lidar com a morte.
- Quando lido com pacientes em estado terminal, e a família pede para encerrar o sofrimento, fica a eterna dúvida: quem
vai desligar o aparelho? - questionou. - Acredito que o critério para uma sobrevida é o prazer. Enquanto a pessoa tiver algum
prazer, a vida tem que ser mantida.
O ministro da Saúde ressaltou que o Brasil forma 10 mil médicos por ano, enquanto os EUA formam 40 mil por ano.
- É um índice respeitável, mas a especialização excessiva atrapalha a boa prática. - Além disso, temos que questionar
a igualdade nos tratamentos. Os avanços tecnológicos não podem servir a uma elite.
[1] DRÁUZIO VARELLA fala na ABL: ainda abalado ao lidar com a morte
Fonte: O Globo