29/10/2023
Dos primeiros passos e a jornada na Medicina à convicção do dever cumprido com júbilo; ao término do Mês do Médico, uma reflexão de seus expoentes. Conselho dá agilidade a ações para melhor interagir com profissionais
Outubro, também chamado de
o mês do médico, chegou ao seu final, também fechando o primeiro mês da nova gestão do corpo
de conselheiros do CRM-PR (2023-2028). Foi um período de muitas atividades, aprendizados e alinhamentos por parte do
grupo de trabalho, em especial no planejamento da implementação de propostas de campanha com viabilidade iminente,
como exposto pelo novo presidente, Romualdo José Ribeiro Gama. Consumada a etapa de transição, o Conselho
de Medicina estreita sua relação com os médicos procurando conhecer mais sobre as diferentes realidades
de faixas etárias e tempo de graduação, locais, condições e relações de trabalho
e opções de acesso na atualização de conhecimento.
Novos conselheiros em ação,
Café com o CRM-PR e a comissão de acolhimento aos médicos, com dicas e orientações éticas
e jurídicas, são iniciativas que começaram a ganhar vida e vão se somar a outras, como o departamento
do jovem médico, a integração com as sociedades de especialidade e a completa reformulação
das câmaras técnicas, importante instrumento de suporte de informação para os profissionais e para
a própria sociedade. Ao mesmo tempo em que reverenciou médicos com destacada atuação ética
em jornadas de 40, 50 e 60 anos ou mais, o Conselho já fez nesta gestão a primeira recepção aos
recém-formados e iniciantes na atividade, alertados sobre os desafios que os esperam e de que podem contar com a autarquia
dentro das atribuições que lhes são conferidas por lei.
Em meados de março deste ano o CRM-PR comemorou 65 anos, na referência à data que efetivamente iniciou o cadastro dos médicos em atividade no Paraná. Ao longo desta jornada, ao fechar o mês de outubro, já tinham sido contabilizados 53.924 registros. Ativos, hoje, são 35.978 médicos, sendo 19.501 homens e 16.477 mulheres. Ainda, aproximadamente 14,5 mil dos médicos em atividade no Paraná têm até 10 anos de formados - os com até cinco anos somam mais de 8,7 mil. Do total de profissionais, 21.207 (59%) deles têm pelo menos uma especialidade registrada.
O Estado conta hoje com 21 escolas
médicas, que somam 2.179 vagas de ingresso. A 22ª escola, autorizada no final de junho, terá mais 84 vagas
para ingresso imediato e outras 70 para início do curso em fevereiro de 2024.
Visões das diferentes escalas
Para repercutir o fecho das comemorações
do Dia do Médico de 2023, o CRM-PR captou diferentes manifestações sobre os desafios da profissão
em diferentes escalas da carreira e os ensinamentos oferecidos pelos mais experientes. Começamos com um acadêmico
e finalizamos este material jornalístico com um médico com 64 anos de graduação pela Universidade
Federal do Paraná, que se aposentou há pouco tempo, com a certeza da “missão cumprida” depois
da longa jornada de trabalho no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. No intermeio, médicos em início
de carreira e outros em diferentes etapas já concluídas. Em comum, entre ele, destaque pelo amor à profissão
e de observância aos preceitos hipocráticos.
Rafael Fukumitsu Kogik é filho
de médica e sobrinho de médicos. Ainda criança já alimentava o sonho de também seguir na
profissão. Hoje, ele avança para iniciar o 10° período na PUCPR, Campus de Curitiba. Em período
de internato, diz-se empolgado com o aprendizado que visa salvar vidas e com os exemplos de humanismo e solidariedade que
testemunha a todo momento. Rafael conta que, logo após se formar, pretende se concentrar para ser aprovado em concurso
para residência em oftalmologia.
A Dra. Amanda Alencar dos Anjos e
o Dr. João Lucas Lasta são recém-egressos do curso de Medicina da UFPR, Campus de Toledo. Natural de
Maringá (PR) e com 25 anos, ela se registrou no Conselho no último dia 19 de junho (CRM-PR 53.132). Integrada
ao programa Mais Médicos, ela está trabalhando todos os dias da semana em uma UBS de Sarandi, cidade da região
metropolitana de Maringá. “Quando teve o primeiro edital do programa, eu me inscrevi e consegui vir para cá.
Fiquei feliz. Aqui temos muitos desafios; é uma região bem carente, de pessoas e estrutura também carentes,
pelo menos aqui em Sarandi. Requer bastante comprometimento para a gente, mas, graças a Deus, estamos conseguindo.
Além de aprender, e a gente aprende todos os dias com os pacientes, com a equipe, enfermeiros, farmacêuticos,
penso que o recém-formado também é desafiado a preservar a ética, o princípio da beneficência,
que são nossos principais objetivos. Estamos num momento bem difícil, tanto para o profissional médico
como para a sociedade em geral. Assim, tentamos fazer o nosso melhor”, relata.
A Dra. Amanda, que é a primeira médica da família e se diz muito feliz com isto, acrescenta que está trabalhando na atenção primária e que sempre gostou da área, mas que pensa em seguir uma especialidade. “Pretendo trabalhar durante pelo menos um ano, seguindo atenção a esse propósito que abracei, e me capacitar ainda mais para, futuramente, fazer uma prova se residência e seguir alguma área. Acredito que a especialidade garante mais algumas coisas que atualmente a atenção primária te garante como profissional. Então, eu pretendo sim seguir, mas estou em dúvida no que seguir, com o que prosseguirei nos estudos".
Sobre a abertura desenfreada de escolas médicas atualmente, a Dra. Amanda diz que não ficou desapontada por isso, mas que se preocupa com a fiscalização e de como está sendo feita e como o governo vai gerir essa quantidade de cursos. "Acredito que não tem problema abrir escola, se bem fiscalizada e se a educação for de qualidade. A gente está vendo atualmente um grande número de médicos formados com pouca qualidade técnica e eu acredito que isso é principalmente pela falta de fiscalização das escolas. Acho que tem lugares que precisam de alguns médicos, porém que seja feito da melhor forma e fiscalizada. O principal é fazermos a medicina de excelência, seja no interior ou não, e para isso precisamos de médicos bons, bem capacitados e éticos, principalmente. A minha expectativa para o futuro é que eu continue estudando, me capacitando, e que, de modo geral, a medicina seja feito por excelência não só por mim, mas pelos outros colegas também que estão se formando. Devemos observar o melhor para o paciente e que ocorra a necessária valorização para isso".
Natural de Campo Mourão (PR),
o Dr. João completou 26 anos em outubro; também é o primeiro médico da família. O registro
no CRM data de 20 de julho (n° 53.544). Passou no concurso da prefeitura de Cruzeiro do Oeste e está trabalhando
numa USB, mas também atuando no hospital local e ainda fazendo eventuais plantões nos fins de semana em sua
cidade natal e em Mamborê, que fica a pouco mais de 30 km de Campo Mourão. Confessa que já esteve mais
animado com a profissão, mas confia em melhores perspectivas. Pretende se preparar, inclusive com reserva financeira,
para em 2025 fazer residência e ser intensivista.
A Dra. Francine Italamara Goiz Vera
Smythe (CRM-PR 35.497) tem sete anos de formada e sua experiência inclui atividades no Paraná e em Santa Catarina
e até uma passagem pela Inglaterra, onde residiu por período da pandemia em que o marido esteve transferido.
Nessa etapa, continuou trabalhando com telemedicina, atividade que decidiu priorizar em seu retorno à cidade natal,
Curitiba. Atualmente, aos 34 anos, ela está em licença maternidade – a filha nasceu em 10 de outubro ‑,
mas seus planos iniciais de retorno são pela continuidade da modalidade de atendimento a distância, com vínculo
na área de saúde suplementar. A Dra. Francine se formou pela Evangélica em janeiro de 2016 e dois anos
depois concluiu residência em Saúde da Família e Comunidade. No serviço público atuou em
São José dos Pinhais e depois na Unimed de Apucarana e, na sequência, na de Joinville (SC).
O cirurgião vascular e médico
do trabalho Mauro Borges da Silva (CRM-PR 13.492) está completando 31 anos de graduação pela Evangélica
de Medicina. Natural de Curitiba, atua no Departamento de Perícia Médica da Secretaria de Estado da Administração
e como Perito Médico Federal no INSS. Ainda trabalha com medicina ocupacional na Premium Saúde e integra a equipe
de cirurgia vascular do Prof. José Fernando Macedo. Em sua análise, como ensinamento aos mais jovens, diz que
“a medicina em si demanda constante aprimoramento e atualização. E a matéria médica já
está introjetada em nosso íntimo, mas há também a atualização com os sistemas de
internet e mídia digital e meios de estudo. Isto nos impõe um espírito de evolução mais
apurado!”.
O casal médico Sergio Faria
Nicolau e Janilza Maria Carvalho Nicolau já está passando a casa dos 50 anos de graduação, enquanto
dois dos filhos estão completando 20 de profissão neste ano. Natural de Curitiba, o Dr. Sergio (CRM-PR 4342)
formou-se em 1972 pela Universidade Federal do Amazonas, um ano antes da esposa Janilza (CRM-PR 4020), que é natural
de Natal (RN). Do Norte do país eles foram se radicar em Cianorte, no Noroeste paranaense, onde concentraram toda carreira
profissional e onde os filhos foram criados. Ele é gineco-obstetra e além de atuar em hospital e na Unimed local,
é diretor técnico da empresa Clínica Senhora. A Dra. Janilza é especialista em anestesiologia
e se aposentou. A filha Ana Paula de Carvalho Nicolau de La Fuente (CRM-PR 23.728) é pediatra e atua em Curitiba, enquanto
o irmão Luiz Guilherme Nicolau (CRM-PR 20.761) também é ginecologista e obstetra e mantém suas
atividades na cidade natal, Cianorte.
Enquanto o Dr. Sergio recebeu o Diploma
de Mérito Ético em 2022, pelo Jubileu de Ouro, a esposa recebeu a homenagem do Conselho este ano. O casal se
sente honrado com tudo que a profissão lhes proporcionou, tendo orgulho de realizar ou acompanhar muitas centenas de
nascimentos, inclusive dos filhos, que hoje experimentam importante fase no exercício da atividade, mas com a convicção
de estarem trilhando caminho sob exemplos próximos de zelo ético na profissão.
O Dr. Pascual Termin Viera Garay
(CRM-PR 2291) continua em plena atividade aos 83 anos. Natural do Paraguai, teve seu título validado pela UFPR em 1967
e exerceu a profissão sempre em Curitiba. Especialista em medicina do trabalho, em 2017 ele foi homenageado pelo Conselho,
recebendo o Diploma de Mérito Ético na passagem do Jubileu de Ouro. Cooperado da Unimed Curitiba e profissional
da Fundação Copel, prossegue hoje em sua atividade em consultório particular no bairro Hauer, seguindo
uma rotina já de 54 anos e que foi iniciada logo depois de se graduar. Sua trajetória profissional, contudo,
inclui jornada de 13 anos no Hospital Paciornik, no Centro de Curitiba (e há muito fechado), nas décadas de
1970 e 1980, tendo em destaque o trabalho de prevenção de câncer ginecológico para a comunidade
indígena. Ainda atuou durante alguns anos no Hospital Psiquiátrico Nossa Senhora da Glória e como perito
médico do INSS.
Ápice da carreira
Os Drs. Luiz de Lacerda Filho (CRM-PR
1540) e Ismael João André Lago (1387) estão completando 60 anos de Medicina (Bodas de Diamante) e terão,
no início de dezembro, especial homenagem na escola em que se graduaram, a Universidade Federal do Paraná. O
Conselho foi convidado e estará representado no encontro histórico por seu presidente, Romualdo Gama, pelo vice
Eduardo Baptistella e pelo secretário-geral, Anderson Ramos. Especialista em endocrinologia, o Dr. Lacerda continua
presente não apenas como mestre na UFPR, onde é professor sênior, mas também desenvolvendo atividades
como médico voluntário. O Dr. Ismael, também escritor, continua ativo em sua clínica na Grande
Curitiba. Em visita ao CRM-PR no dia 25 de outubro, os dois médicos da turma de 1963 realçaram as mudanças
substanciais no processo formador e no comportamento dos médicos e sociedade nestas décadas.
Fechando o ciclo de gerações
de médicos, temos o Dr. Modesto Mariano Grochocki (CRM-PR 978), homenageado na solenidade do Dia do Médico de
14 de outubro, em meio às comemorações de seu 90° aniversário de nascimento e 64° de graduação
pela Universidade Federal do Paraná. Atuou em três estados, praticamente encerrando suas atividades depois de
longa jornada na cidade de Nova Andradina, no Mato Grosso do Sul, onde se estabeleceu pela primeira vez em 1966, transformando-se
no segundo médico da cidade. Nenhum dos quatro filhos dele seguiu a Medicina, mas a neta – Anne Carioline –
sim. Ela é pediatra e testemunha as mudanças na profissão ao ouvir os relatos do avô sobre a jornada
cumprida.
Referindo-se aos médicos mais
experientes homenageados este ano, o presidente do CRM-PR, Romualdo Gama, acentuou que são exemplos à toda classe
médica, “pois fizeram a diferença na nossa profissão”. Mais adiante disse: “Uma bela
missão foi e está sendo cumprida. O CRM quer dizer muito obrigado a vocês que, para o nosso prazer, escolheram
o Paraná para trabalhar e que, de forma tão valiosa, são exemplos para os médicos mais jovens.
Nosso Conselho mostra que está atento a todas as iniciativas de bem e que são um exemplo positivo para todos”.
N.R. A imagem que ilustra a capa da notícia traz o contraste da carreira médica: dois recém-formados e o profissional que cumpriu com júbilo a sua missão, comemorando 64 anos de graduação pela UFPR.