22/03/2011
Ortopedistas também vão parar por remuneração profissional digna
A Diretoria da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia - SBOT - decidiu, por unanimidade, recomendar aos 10 mil
associados de todos os Estados brasileiros que não realizem consultas nem cirurgias marcadas pelas empresas de seguro-saúde
no dia 7 de abril. A decisão foi tomada em apoio à paralisação por um dia convocada pela Associação Médica Brasileira e o
Conselho Federal de Medicina, dentre outros, como forma de pressão contra o crescente aviltamento do valor pago pelas consultas
médicas.
A convocação é para que "sejam suspensos o atendimento aos planos e seguros de saúde em 7 de abril, Dia Mundial da Saúde,
não se realizando consultas nem outros procedimentos médicos, marcando-se nova data para atender aos pacientes pré-agendados".
Ao anunciar a decisão, o presidente da SBOT, Osvandré Lech, disse que o engajamento da categoria ao movimento "é total
e irrestrito e a população entenderá o motivo", pois é inadmissível que desde 2003 os planos de saúde tenham sido autorizados
a aumentar em 129% o que cobram de seus segurados, tendo porém aumentado em apenas 44% o valor das consultas médicas.
Para Osvandré Lech, numa especialidade de evolução constante como a Ortopedia, o médico é obrigado a se manter atualizado,
a acompanhar a progressiva complexidade tecnológica, a adquirir instrumental aperfeiçoado, a fazer cursos de educação continuada
e a participar de congressos, o que implica em despesas que ele não pode assumir se recebe pagamento irrisório.
O especialista afirma que, ao fazer com que o profissional de saúde viva com honorários irrisórios, os seguros-saúde acabam
o incentivando a adotar atitudes que fogem dos melhores preceitos éticos, na contramão do juramento hipocrático que todo médico
presta ao se comprometer a dedicar sua vida ao tratamento e recuperação do ser humano.
Também ao anunciar a decisão da Diretoria, Osvandré Lech pediu aos ortopedistas que expliquem a seus pacientes e nos locais
onde trabalham a difícil situação que o médico vive ao receber um pagamento indigno. "É preciso que a população tome conhecimento
de que numa conta de hospital os honorários médicos são a menor parcela, correspondendo entre 6% e 8% do total". Os ortopedistas
deixam bem claro que o movimento é contra as empresas de seguro-saúde e a favor da população. "Tanto é assim, que deixaremos
de atender apenas às consultas e procedimentos não eletivos, mas os ortopedistas continuarão a postos e atendendo normalmente
nos Prontos Socorros, às emergências e principalmente aos acidentados de trânsito que, no Brasil, correspondem a uma grande
parcela dos pacientes da especialidade".
Fonte: SBOT