04/02/2016
Menos de uma semana após nascimento da filha, realizou um parto dentro de carro, à porta de hospital
Na sexta-feira da semana passada, o médico Guilherme Antonio Silva Stratmann, de Curitiba, comemorou o nascimento de sua segunda filha, Helena – a primeira tem dois anos. Na última quarta-feira (3 de fevereiro), viu-se protagonista na realização de um parto, compartilhando agora a alegria com uma família de Pinhais, município metropolitano. Situações que conjugam o cotidiano familiar e profissional de um médico, não fossem as circunstâncias inusitadas com que o Dr. Guilherme teve de intervir no atendimento à parturiente, Ariane, e seu bebê, a pequena Laiane.
Especialista em ortopedia e traumatologia, na manhã de quarta o médico estava prestando atendimento no Hospital XV quando foi chamado para uma situação urgencial: uma mulher estava entrando em procedimento de parto dentro de um carro estacionado na porta da unidade de saúde, localizada na Rua XV de Novembro. O destino era o Hospital de Clínicas, mas a criança já estava nascendo e o pai optou em pedir ajuda no hospital especializado em ortopedia.
O Dr. Guilherme concluiu o parto dentro do próprio carro e, com a ajuda de uma enfermeira, realizou os procedimentos necessários e depois acomodou mãe e bebê – uma menina – num quarto do hospital, inclusive para realização de exames. Ele conta que tudo transcorreu dentro da normalidade e que quando a ambulância do Samu chegou, aproximadamente uma hora e meia depois do início do atendimento, a criança já estava mamando. O pai fez questão de que o médico fosse fotografado ao lado da esposa e bebê, o terceiro dos filhos.
Natural de Joinville e formado em janeiro de 2003 pela Universidade Federal de Santa Catarina, o médico (CRM 20141) conta que a última vez que participou de um parto foi ainda no período acadêmico, pois depois de concluir a graduação radicou-se em Curitiba para fazer a especialização. Para ele, a forma como o parto ocorreu, não propiciou nenhum momento de preocupação, embora o hospital, que é particular e sem convênio com o serviço público, sequer dispusesse de pediatra na escala de plantão. De qualquer modo, disse, não hesitou em cumprir a sua condição de médico a serviço da vida.
Após deixar o Hospital XV, a mãe e o bebê foram levados ao Hospital de Clínicas, hospital referenciado para realização do parto. Como não havia vaga, seguiu para a Maternidade Victor Ferreira do Amaral, de onde teve alta e já seguiu para casa. O Dr. Guilherme observou que, além de a gestante ter histórico de dois partos normais, não houve maiores riscos porque ela teve acompanhamento em todo o período pré-natal. Sobre o relato feito por testemunhas, da demora do atendimento pelo Samu, cuja central fica a menos de 300m do hospital, o médico disse não ter conhecimento do motivo.
Na manhã desta sexta-feira, o presidente do CRM-PR, Luiz Ernesto Pujol, falou por telefone com o Dr. Guilherme, para cumprimentá-lo pela iniciativa de não se furtar ao chamamento de uma situação de urgência médica, assinalando ser essa a essência da profissão. O presidente não deixou de comentar as grandes dificuldades que estão sendo impostas hoje aos médicos, com condições precárias de estruturas, de acesso a avanços tecnológicos e indisponibilidade de materiais e medicamentos, aumentando os riscos à população e deixando os profissionais vulneráveis a infrações éticas.
O Dr. Guilherme, por sua vez, disse que a experiência foi marcante e se declarou duplamente feliz por ser novamente pai e ter contribuído à alegria de outra família. Os colegas de trabalho do médico também o cumprimentaram pelo episódio, que ganhou repercussão nos meios de comunicação pelas características inusitadas.