17/10/2015
Luiz Ernesto Pujol
“Amor em Medicina é a busca do melhor de si no outro.”
(João Manuel Cardoso Martins).
Nas últimas três décadas, como tem sido tradição na passagem do Dia do Médico, o Conselho Regional de Medicina do Paraná homenageia profissionais que alcançaram a rara marca de 50 anos de exercício ético da atividade. Tão importante quanto celebrar esse feito com os seus personagens, distinguindo-os com o Símbolo da Medicina e o Diploma de Mérito Ético-Profissional, propõe o conselho de classe continuar irradiando os bons exemplos entre aqueles que se iniciam e também os que já exercem o seu ofício, para que não desistam nunca de seus valores hipocráticos.
A este seleto grupo juntam-se outros tantos milhares de médicos que escreveram a história da Medicina com dedicação, ética e perseverança, muitas vezes enfrentando todo tipo de dificuldades ou incompreensões. Afinal, por suas características, a profissão médica é a que está mais próxima da angústia do ser humano no trato do viver e do morrer, sendo-lhe assim confiados, além do próprio destino, atributos nobres e que a movem, como esperança, solidariedade, conforto e paciência. É essa confiança na relação médico-paciente que se deve preservar e, para isso, cabe ao profissional exercer seu mister com humildade, mas sem perder a autoridade. Cabe-lhe conduzir a harmonia dos princípios das autonomias, entendendo-se alinhado à ética e justiça para o melhor ao paciente, à saúde pública e bem-estar da sociedade.
Sabemos que todo convívio é de contrários e, portanto, potencialmente conflitivo. Contudo, quem reflete a respeito de sua prática médica, sem medo de encarar inconveniências, tem melhores condições de avaliar o equilíbrio de seus direitos e deveres, verdadeiro apanágio da cidadania. Defender uma saúde melhor gerenciada, aparelhada e de qualidade, que se traduzem em boas condições de segurança ao trabalho do médico, é princípio elementar de cidadania, como o são as muitas campanhas em curso no país sob aval do CFM e seus Regionais, como contra a corrupção, no esforço ao resgate das crianças desaparecidas, na carreira única de Estado para o médico, na acreditação das escolas de Medicina. E é desta direção que não podemos nos desviar enquanto sociedade.
A campanha deste ano do Dia do Médico, em iniciativa do CFM, expõe um pouco da situação precária de trabalho do médico. Não se trata de tentar elevá-lo à categoria de herói, mas de mostrar o quanto é dedicado – e até criativo no improviso – para oferecer o melhor de si em prol da saúde, setor cada vez mais fragilizado pela falta de prioridade e financiamento precário. Que o diga recente pesquisa em que 87% da população avalia de forma negativa os serviços do SUS, em que pese o esforço das equipes multidisciplinares.
Temos hoje 408 mil médicos inscritos e em atividade no Brasil, sendo quase 23 mil no Paraná – 308 na região de Francisco Beltrão. A homenagem a eles e a todos os que já cumpriram com dignidade e orgulho a sua missão e são referenciais na construção das novas gerações e dos valores cidadãos.
Luiz Ernesto Pujol é presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná.