17/01/2011
O que esperar em 2011 na saúde e na medicina
Ao final de mais um ciclo, aí está 2011. Como a cada virada de ano, renovamos nossos sonhos, expectativas, deixando no ar
uma onda de esperança e de tempos melhores. No fundo, o que buscamos é uma sociedade mais justa, com igualdade de oportunidades
e respeito ao próximo. Não é muito, apenas o básico.
Falar em atender às necessidades sociais mais prementes da população nos dias de hoje nos remete diretamente à saúde.
No último pleito eleitoral, essa questão foi apontada como a principal preocupação dos brasileiros. Não é para menos. Em pleno
século XXI, nossos hospitais seguem lotados, muitos sem condições adequadas de atendimento, cidadãos padecem em filas esperando
por uma consulta ou sobre macas nos pronto-socorros, além de outros tantos problemas que se agravam drasticamente.
Obviamente esse é o tipo de situação que deve ser resolvida com urgência. Esperamos que os novos governantes honrem a
palavra empenhada em suas campanhas, dando à saúde e ao exercício da medicina a prioridade que merecem.
É imperioso, por exemplo, que todos orientem suas bancadas de deputados e senadores a aprovar a regulamentação da Emenda
Constitucional 29. Assim, teremos mais recursos para o setor e regras rigorosas para impedir desvios de verbas para outras
rubricas.
É essencial também conter a abertura indiscriminada de escolas da medicina. Precisamos de bons médicos para atender adequadamente
aos pacientes, sejam eles carentes ou mais abastados. Ou seja, não precisamos de quantidade, e sim de qualidade. Devemos sepultar
a tortuosa tese de formar aos montes médicos para o SUS.
Isso é mais uma distorção da interferência incompetente no currículo
médico de bacharéis em medicina que nada sabem, de fato, de medicina.
Também é hora de discutir sobre os recursos humanos. Os gestores, tanto do sistema público quanto do suplementar, não
podem mais continuar sub-remunerando médicos e profissionais de saúde. Eles têm de receber salários signos, pois são essenciais
ao bom desempenho da assistência.
Enfim, mais do que tudo, precisamos, nessa nova etapa, da união de médicos, pacientes, lideranças da sociedade civil e
governantes para que consigamos nosso objetivo maior, que é a humanização da saúde. Os que estão em cargos públicos têm obrigação
de transformar em realidade nossos anseios e necessidades. Então, que o façam imediatamente.
Escrito por Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica