01/12/2015
C.C.
Antes de qualquer coisa quero esclarecer que são fatos reais. E que acredito realmente que deva ser algo muito simples.
Talvez um salto em excesso. Uma postura inadequada. Um colchão inapropriado. Isso é o que amigos me sugerem.
Acreditei
que deveria ouvir quem entende do assunto.
Um especialista.
Um ortopedista.
Esse ano tive muita dor no quadril. Direito.
Um mês com dores e uma infiltração que resolveu (digamos assim... de modo geral e satisfatório).
Eventualmente dói.
Depois de uns meses, travei o pescoço acordando. Do lado direito. 4 dias de molho em casa.
(Parece que vai travar a qualquer momento).
E finalmente uma dor no ombro. Direito.
Como era tudo do lado direito e
estava piorando... considerei procurar um médico preventivamente. Sem ter batido, caído ou coisa que o valha.
O
primeiro especialista disse-me que eu ser celíaca era a causa de tudo - a ponto de parar de me examinar.
O segundo
disse que deveríamos ver uma coisa de cada vez..., optou pelo ombro, recomendou uma ressonância (após
um raio X que eu, que me considero minimamente inteligente, não entendi o porquê). Mandou-me agendar uma consulta
para entregar a um especialista em ombro o resultado e receitou alguns remédios para dor e inflamação.
Lá
estava eu: com consulta agendada com o especialista da especialidade e resultado do exame (que não pedi mas fiz por
recomendação médica) em mãos.
Quando finalmente consegui a consulta com o especialista da especialidade
médica, meu ombro doía eventualmente embora não estivesse doendo naquele momento (tomei aqueles remédios,
estão lembrados?) e meu pescoço naquela sensação de que vai dar "crepe" a qualquer momento.
Em
5 minutos de consulta - dentre os quais fui alertada sobre a necessidade de procurar outro medico para olhar o pescoço
- havia feito alguns movimentos com os braços e respondido à pergunta com "não, não está
doendo". Não me perguntou se costumava doer. Dói. Percebi que quando dirijo dói meu quadril, meu ombro,
meu pescoço. Mas acho que terei um atendimento melhor quando deixar de procurar o especialista.
Naqueles 5 minutos
dos 10 que tive reservados a mim, quem já torcia pelo fim da consulta era eu. O tempo e o dinheiro perdido foram meus.
Sorri num misto de constrangimento e alegria de poder correr dali e fui embora.
Quanto mais especialista o médico
se torna mais tenho a impressão de que deixa de ouvir porque acha que já sabe todas as respostas. Não
tive oportunidade de mencionar as circunstâncias em que notei dor. Violão, dirigindo, atividades domésticas.
Prefiro
quando alguém da área de humanas resolve tratar como humano. Completo. Não em pedaços.
Não
é que seja privilégio de ortopedistas mas estou preferindo achar um clínico geral desses antigos que
me ouça e pergunte as perguntas certas.
Vale para todas as (in)especialidades.
A vocês especialistas...
um bom final de ano e que venham casos de traumatismos bastante óbvios e desafiadores em 2016.
C.C.
Texto escrito por uma paciente, que enviou seu desabafo ao CRM-PR. Importante reflexão para todos os profissionais médicos.