20/01/2016

O aedes político

Univaldo Etsuo Sagae

O Brasil sempre sonhou em ser picado pela famosa mosca azul e pensou que após a democratização, com a chegada do governo Lula, enfim isso tivesse acontecido. O grande "introdutor" da mosca, com sua cultura e sabedoria duvidosas confundiu a mosca azul com o mosquito Aedes aegypti - que a partir de agora, chamaremos de "Aedes político" - contaminado com o vírus da dengue, ou, o vírus da corrupção. Desde então, houve uma contaminação proposital endêmica nos partidos políticos da base governista, empresários e servidores públicos. De forma epidêmica, no Partido dos Trabalhadores (PT), atinge quem não possui o anticorpo - como caráter e consciência - contra a corrupção, com o qual algumas pessoas nascem, devido ao DNA saudável de honestidade, ou desenvolvem através de vacinas adquiridas ao longo da vida, por meio da educação. Esse contágio vem devastando nossa comunidade, revelando aqueles que, expostos à corrupção, incorporaram tal prática vil, enquanto outros sofrem as consequências, sem atendimento ou perspectivas de melhora.

Passado certo tempo o ex-presidente Lula, com toda sua sabedoria política, devidamente instalado em seu laboratório (que depois veio a se chamar Instituto Lula), desenvolveu outro vírus devastador chamado Zika (causador da microcefalia que tem como sequela, paralisia ou retardo mental). Esse vírus contaminou seus herdeiros políticos, Dilma e Mantega, causando retardo gravíssimo na economia e paralisia na política e no governo, cuja dimensão é imensurável.

Diante dessa epidemia que levou o país a uma crise sem proporções e com grande recessão econômica, os "pesquisadores" Deltan Dallagnol e Sérgio Moro desenvolveram no laboratório do Ministério Público Federal e da Justiça Federal de Curitiba, uma vacina chamada Lava Jato que, aplicada contra o vírus da corrupção, parece dar bons resultados com perspectivas de cair a incidência do catastrófico vírus.

Já no outro laboratório da Justiça, conhecido como STF, em Brasília, onde existem vários cientistas-pesquisadores (alguns de qualidade questionável já que não têm o título de doutor ou especialização equivalente) plantados por indicação política - estão preparando a vacina de dupla ação; contra a microcefalia e corrupção. Porém, na primeira vacina (impeachment) aplicada contra a microcefalia, o resultado apresentou-se confuso, com risco de prolongar e potencializar o vírus da demência cerebral (microcefalia), podendo não surtir efeito também contra o vírus da corrupção.

Estamos nas mãos desse laboratório famoso e poderoso chamado STF, aguardando o desenvolvimento da cura desses dois vírus devastadores. Será que os doutos senhores, guardiões da última esperança do povo brasileiro, que aguarda de forma ingênua e pacífica pela justiça, detentores do poder com suas togas e decisões austeras, terão sabedoria de desenvolver tal cura e grandeza suficientes para discernir que este momento é de extrema seriedade e que suas atitudes poderão salvar o Brasil de uma desgraça? De que agora é o momento de trocar o traje sagrado e se necessário, vestir jaleco, máscara, gorro e luvas estéreis, livres de contaminação e livrar nosso povo desta peste que ameaça a todos?

Mas o grande segredo da erradicação dessa doença epidêmica, não está somente na eliminação do vírus da corrupção (dengue) e microcefalia (Zika) e sim na eliminação do mosquito chamado "Aedes político", eliminando os ovos e as larvas dentro de casa e nas ruas, através do zelo, limpeza, de tudo que possa desenvolver e propagar a falta de ética, moral e caráter. Vamos eliminar a água suja e podre onde se desenvolvem esses insetos e parasitas tão malignos e letais para a nossa sociedade. E não é tão difícil assim; basta educar nossas gerações com ética, civismo, atitude, consciência e votar certo. Não vamos apenas sonhar com a verdadeira mosca azul e deixar todo o trabalho nas costas desses magníficos patriotas, Dallagnol e Moro. O Brasil, mais do que nunca, precisa de seu povo consciente e saudável.

Univaldo Etsuo Sagae é médico coloproctologista e cirurgião do aparelho digestivo, pós-graduado pela USP e professor do curso de Medicina na Unioeste em Cascavel. Artigo publicado no jornal Folha de Londrina em 21/01/2016.

*As opiniões emitidas nos artigos desta seção são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, o entendimento do CRM-PR.

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