10/07/2021

O Dia Mundial da Saúde Ocular e o cenário no Brasil

Heloisa Helena Abil Russ Giacometti

Cuidar da visão é tão importante quanto cuidar da saúde de qualquer outra parte do corpo. Porém, aparentemente, não é todo mundo que pensa assim. Segundo pesquisa do Ibope, 34% dos brasileiros – o que corresponde a um terço da população – nunca visitou um oftalmologista. E a situação torna-se ainda mais preocupante quando 74% afirmam que só marcam consulta com o especialista quando surge algum incômodo na visão, ou em função da necessidade de se avaliar o uso de óculos. 

Esses dados são extremamente alarmantes, principalmente quando 28% afirmam sofrer de alguma doença ocular. É justamente por conta deste cenário que o Dia Mundial da Saúde Ocular, comemorado no dia 10 de julho, é tão necessário. 

Os erros refracionais não corrigidos (miopia, hipermetropia, astigmatismo, presbiopia) são a principal causa de deficiência visual prevenível. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da IAPB (Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira) estimam que existam cerca de 153 milhões de pessoas apresentando alguma dessas condições, incluindo 13 milhões de crianças (com idades de 5 a 15 anos) e 45 milhões de adultos em idade ativa (com idades entre 16 e 49 anos) afetados em termos globais. No mesmo estudo também foi estimada que a presbiopia funcional está presente em 1094,7 milhões de pessoas, sendo 666,7 milhões delas com 50 anos ou mais.

É preciso conscientizar a população sobre os perigos de não dar atenção à saúde ocular, principalmente quando a maioria das doenças tem um início totalmente assintomático, como é o caso do glaucoma.

Glaucoma, catarata e cegueira 

glaucoma é uma doença ocular causada pela elevação da pressão intraocular, o que provoca lesões progressivas e definitivas no nervo óptico e causa comprometimento da visão. Assintomático no início, se não tratado adequadamente pode levar à cegueira.  

Mundialmente, 2,2 bilhões de pessoas possuem doença visual ou cegueira. No Brasil, segundo documento elaborado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), são pouco mais de 1,5 milhões de indivíduos. E a estimativa é de que 74,8% desses casos são curáveis, ou poderiam ter sido diagnosticados precocemente se houvesse um acompanhamento. 

cegueira geralmente é uma consequência grave e é identificada pela OMS como a terceira maior causa de anos vividos com deficiência. Observa-se importante repercussão social da deficiência visual, incluindo impactos na capacidade laborativa, na qualidade de vida e na necessidade de cuidados dos deficientes, assim como consequências econômicas que vão muito além dos custos médicos relacionados a tratamentos.

Principal causa de cegueira reversível, a catarata atinge hoje cerca de 20 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a OMS. No Brasil, apesar de 93% das pessoas afirmarem conhecer a doença, 48% desconhecem o tratamento que é unicamente realizado por meio da cirurgia.

Aliás, de acordo com o estudo “Um olhar para o glaucoma no Brasil”, realizado pelo Ibope em 2020, apesar de 53% dos brasileiros afirmarem que ficariam abalados se perdessem a visão, apenas 37% deles entendem que ir ao oftalmologista é essencial para a prevenção das doenças que podem levar a um quadro de cegueira irreversível.

Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental para se tratar a condição logo no início. E o acompanhamento médico com um oftalmologista deve ser realizado ao menos uma vez ao ano, mesmo que o paciente não use óculos ou apresente problemas oculares. Além disso, é preciso eliminar o hábito de se utilizar colírios sem prescrição médica. Esses medicamentos possuem uma série de substâncias em sua composição como o corticoide que, se utilizado com frequência, pode ocasionar glaucoma, catarata e até cegueira.

Portanto, cuide da sua visão e estimule as pessoas da sua família a fazerem o mesmo. Ajude a diminuir o número de brasileiros que adquirem algum tipo de deficiência visual por falta de acompanhamento adequado.

*Heloisa Helena Abil Russ Giacometti é médica cooperada da Unimed Curitiba, especialista em oftalmologia e segunda diretora financeira da Associação Paranaense de Oftalmologia (APO).

**As opiniões emitidas nos artigos desta seção são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, o entendimento do CRM-PR.

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