12/02/2009
Número de plásticas de mama ultrapassa o de lipoaspirações no Brasil
Em quatro anos, o número de cirurgias estéticas de mama ultrapassou o de lipoaspirações no Brasil, segundo pesquisa Datafolha.
Em quatro anos, o número de cirurgias estéticas de mama (aumento e redução) ultrapassou o de lipoaspirações no Brasil,
segundo pesquisa Datafolha encomendada pela SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica). De um total de 629 mil procedimentos
de médio e grande porte feitos em 2008, 151 mil foram de mama e outros 91 mil, de lipoaspiração.
Em 2004, no último levantamento da SBCP, as lipos totalizaram 198.137, e as cirurgias de mama, 117.759. No total, foram
616.287 cirurgias. O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial de cirurgias plásticas --só perde para os EUA.
Uma das explicações da entidade para a queda das lipos nas estatísticas é que muitas cirurgias passaram a ser feitas por
médicos que não são cirurgiões plásticos --cirurgiões gerais, por exemplo, podem fazê-las.
A não-especialização tem sido apontada como uma das causas das complicações na lipoaspiração. Segundo o Conselho Regional
de Medicina do Estado de São Paulo, dos 289 médicos processados na área estética de 2001 a 2008, 283 não eram especialistas
em cirurgia plástica.
Na avaliação do presidente da SBCP, José Tariki, o crescimento das cirurgias de mama, em relação à lipoaspiração, é explicado,
em parte, por uma maior confiança na técnica.
"As próteses avançaram muito. O gel [de silicone] não é mais líquido, o que impede que ele invada outras áreas do corpo.
Com isso, as pacientes que tinham medo começaram a procurar [pela cirurgia]", afirma.
A pesquisa mostrou que o cirurgias de aumento dos seios são 74% mais frequentes do que as de redução --96 mil contra 55
mil.
"O conceito era que brasileiro gostava de mama pequena e bumbum grande. Hoje, ter mama grande deixou de ser problema.
Na década de 90, só 10% das cirurgias de mama eram de aumento enquanto 90% eram de redução", diz Tariki.
"Estamos vivendo uma americanização do padrão e do gosto por seios volumosos", emenda o cirurgião plástico Paulo Roberto
Leal, diretor científico da SBCP e chefe do serviço de cirurgia reconstrutora do Inca (Instituto Nacional de Câncer).
A analista financeira Andreza Ribeiro Lima, 26, implantou 300 ml de silicone em cada seio em dezembro, estimulada pelas
amigas e pela irmã, todas "siliconadas". "Não me sentia bem com decotes. Agora, meu sutiã saltou do número 40 para o 44. Tô
amando", afirma ela.
Cirurgias reparadoras
A pesquisa Datafolha também traçou, pela primeira vez, um perfil das cirurgias plásticas reparadoras, que totalizam 172
mil por ano --31% do total.Os tumores (principalmente o de pele e o de mama) são responsáveis por 43% (74 mil) dos procedimentos,
seguidos pelos acidentes urbanos (13%).
A maioria das cirurgias reparadoras (81%) é feita em hospitais públicos, mas há longas filas de espera. No Inca, por exemplo,
que realiza em média 1.200 cirurgias por ano, elas demoram de três a quatro meses."A procura é muito grande porque somos um
centro de referência. A maioria dos hospitais públicos não tem profissionais qualificados", diz o cirurgião Paulo Leal.
Fonte: Folha de São Paulo