30/08/2006
Nova diretoria da Federação dos Hospitais será empossada nesta quinta
Presidente diz que entre as metas estão melhores perspectivas econômicas e qualidade da assistência à população
A nova diretoria da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Paraná (FEHOSPAR) será empossada
nesta quinta-feira (31). O grupo de trabalho, eleito em julho para mandato de três anos, terá na presidência o médico Arthur
Leal Neto, diretor-superintendente do Hospital Santa Cruz. O também médico Renato Merolli fará a transmissão do cargo na solenidade
que ocorrerá a partir das 20h no Graciosa Country Club, em Curitiba, com a participação de lideranças políticas e empresariais.
A sucessão ocorre em meio aos festejos dos 15 anos de fundação da Fehospar, entidade sindical de segundo grau que é formada
por 17 sindicatos regionalizados, representantes de quase 5 mil empresas de saúde e que geram mais 50 mil empregos no Estado.
O setor privado de saúde, representado pela Federação, foi responsável pela maior parte das 720 mil internações realizadas
no ano passado pelo Sistema Único de Saúde.
O novo presidente prevê uma gestão administrativa compartilhada e de total transparência, com incremento das ações em
todos os pólos regionais na perspectiva de melhorar as condições econômicas, gerenciais e de qualificação dos serviços, num
cenário que possa refletir positivamente à sociedade. Arthur Leal Neto avalia como indispensável novos rumos na economia nacional
para que se estabeleça harmonia entre os setores público e privado de assistência à saúde, evitando o inchaço de um e a evasão
do outro, com risco de desestruturar os dois sistemas.
Quadro de dificuldades
O dirigente ressalta a dificuldade de operacionalidade do SUS, exigido a oferecer uma medicina de primeiro mundo mas com
orçamento de terceiro mundo, cada vez mais comprometido com o gasto recorde dos medicamentos e outras despesas. Chama a atenção
ainda para o fato de a inflação médico-hospitalar ser três vezes maior que a que rege a economia de modo geral. Com a agregação
dos avanços tecnológicos, mantendo-se os antigos, e com a elevação da perspectiva de vida e nossa população, maior e mais
velha, Arthur Leal Neto diz que fica impossível aplicar os mesmos patamares de financiamento do sistema público, ano a ano.
Por isso, defende a reforma do SUS - vigente há 18 anos - e a regulamentação da EC 29, que aclara as ações que a União, Estados
e municípios devem aplicar seus orçamentos de saúde. Lembra que, hoje, o Brasil ocupa a nada honrosa 124.ª colocação no ranking
de qualidade da Organização Mundial de Saúde.
O novo presidente da Fehospar é solidário à criação do Código Nacional de Saúde, onde todas as questões do setor estariam
contempladas em capítulos próprios e levariam a um ordenamento específico e com graus de eticidade para atender aos interesses
de todos, sobretudo da população. "Neste contexto, certamente, poderíamos rever a questão da saúde suplementar, cuja sobrevivência
depende de nova forma de relacionamento entre os atores envolvidos", assinala, sem deixar de criticar a constante mudança
de regras que confunde a todos.
O dirigente reivindica a implementação de um regime tributário próprio para a saúde, capaz de reverter os benefícios em
prol dos usuários dos serviços e da própria sobrevivência da rede hospitalar, parte da qual - inclusive filantrópica - tomada
por dívida incalculável e impedida de acompanhar as exigências do mercado. Cita que, embora a carga tributária esteja sempre
em ascensão, o governo federal há uma década não promove uma revisão efetiva nos valores pagos pelo SUS. Outra preocupação
do dirigente é com a área de saúde mental, à beira de um colapso, o que exige uma discussão mais responsável e realística
por parte de gestores, prestadores de serviços e a própria sociedade.