08/01/2008
Nova ameaça da febre amarela
A saúde pública do estado de Goiás e do Distrito Federal vive novamente preocupações geradas pelo grande número de macacos
encontrados mortos nos últimos dias, alguns deles, em Goiás, comprovadamente infectados pelo vírus da febre amarela. Imediatamente,
foram desencadeadas ações de prevenção de ocorrência de casos humanos da doença, sendo a principal delas o aumento da cobertura
vacinal da população. Essa medida faz parte das ações atuais de vigilância e controle da doença no Brasil. Mesmo antes do
surgimento de casos humanos suspeitos, a morte de macacos, inusitada e sem outra causa aparente, é considerada um sinal de
alerta da eventual circulação silvestre do vírus da doença.
A febre amarela apresenta uma característica de muita importância para seu controle. Existem duas formas de transmissão:
uma silvestre, onde mosquitos que vivem em áreas rurais, principalmente do gênero Hemagogus, são os transmissores, e os macacos,
seus principais reservatórios e fonte de infecção; uma urbana, transmitida pelo Aedes aegypti (o mesmo mosquito transmissor
de dengue) e em que os seres humanos são a fonte exclusiva de infecção. Pessoas não imunizadas, que por qualquer razão freqüentem
áreas rurais, correm o risco de serem picadas pelos mosquitos silvestres infectados e podem adquirir a doença.
A forma urbana, isto é, transmitida pela picada de mosquitos Aedes aegypti infectados, foi eliminada do Brasil em 1942,
não tendo sido registrada desde então.
Porém, a forma silvestre, descoberta em 1932, faz vítimas anualmente no país, felizmente
em pequeno número, graças a um programa de vacinação bastante abrangente desenvolvido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em
2007, houve o registro de apenas seis casos, sendo dois em Goiás, dois no Amazonas, um em Roraima e um no Pará, dos quais
cinco faleceram. É importante salientar que, do ponto de vista clínico, etiológico, patológico e terapêutico, a doença é a
mesma, quer tenha sido transmitida de uma ou de outra forma.
Após o desencadeamento das medidas preventivas, em Goiás e no Distrito Federal, foram notificados quatro casos suspeitos,
sendo um em Goiás e três no Distrito Federal, os quais aguardam confirmação laboratorial.
É também muito importante saber que o Brasil possui a maior área endêmica de febre amarela silvestre do mundo, atingindo
totalmente 12 unidades da federação (regiões Norte e Centro-Oeste). Eventualmente, o vírus circula nas áreas rurais das regiões
ocidentais de mais sete estados: Piauí, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os residentes
dessas áreas e os que para elas se dirigem, por qualquer motivo, devem se vacinar, a cada 10 anos, contra a doença. A vacina
é bastante eficaz e segura. É oferecida gratuitamente pelo SUS e faz parte do calendário de vacinação das crianças residentes
nessas regiões, a partir dos nove meses. Após 10 dias da primeira vacinação, as pessoas estão protegidas contra a doença.
Por que além da vacinação é importante combater o mosquito Aedes aegypti? Uma vez que a presença desse mosquito, atualmente
transmitindo dengue no país, doença para a qual não existe ainda uma vacina protetora, é registrada em todas as unidades federativas,
vive-se o risco de re-urbanização da febre amarela.
Como? Indivíduos que adquirem a doença em áreas rurais ou de matas podem, deslocando-se para cidades em busca de tratamento,
serem picados pelos mosquitos Aedes aegypti, infectando-os, os quais, a partir de cerca de sete dias, passam a ser infectantes.
Essa é uma possibilidade; porém, como o número de casos da forma silvestre tem sido muito pequeno, é pouco provável que aconteça,
embora seja preciso manter vigilância e, ao mesmo tempo, reduzir ao máximo a densidade de infestação desses mosquitos. A população
tem importância considerável nessa luta, evitando manter em seus domicílios depósitos de água que podem ser criadouros de
Aedes aegypti. Ao mesmo tempo em que se protege contra dengue, reduz-se o risco de urbanização da febre amarela.
Fonte: Correio Braziliense
Fiocruz dobrará produção de vacina contra a febre amarela este ano
O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) vai praticamente dobrar a produção da vacina contra a febre
amarela em 2008. O diretor da instituição, Akira Homma, disse ontem que, a pedido do governo, a quantidade vai crescer de
16 milhões para 28 milhões de doses anuais. Para quase dobrar a produção, Bio-Manguinhos vai disponibilizar uma segunda linha
de produção, onde até então eram produzidos outros tipos de vacina - a tríplice viral, por exemplo.
Vírus original foi isolado de doente africano Empregada no Brasil há mais de 70 anos, a vacina contém a cepa viral procedente
da amostra africana Asibi. Akira Homma explicou que o vírus original foi isolado pela Fundação Rockefeller de um africano,
chamado Asibi, que contraíra a doença em 1937.
Akira disse que, no Brasil, a vacina é produzida a partir da cepa atenuada do vírus vivo, cultivada em ovos embrionados
de galinha livres de agentes patogênicos. Este vírus se multiplica no embrião, passa por etapas de purificação até passar
a ser um concentrado viral.
O diretor da instituição explicou que a vacina é produzida em duas etapas. Na primeira, é desenvolvido o concentrado viral
(matéria-prima para a vacina). Na segunda, o produto passa pelo processo de liofilização - processo de secagem e de eliminação
de substâncias voláteis feito em temperatura baixa e sob pressão reduzida.
Há 10 anos, o laboratório liofiliza a vacina. Cada frasco que sai de sua linha de produção contém cinco doses. Segundo
Akira Homma, o processo garante mais durabilidade ao produto e evita o desperdício.
Único laboratório nacional produtor desta vacina, BioManguinhos é pré-qualificado pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
e exporta o produto para 55 países, principalmente os africanos - o continente é o mais afetado pela febre amarela.
Fonte: O Globo
Adesão à vacinação é baixa, diz especialista
E combate ao transmissor da febre amarela nas cidades, ainda menor
Falta de proteção. Para especialistas em saúde pública e infectologistas, as mortes causadas por febre amarela no País
revelam que a população se lembra do problema apenas quando esses casos começam a aparecer com maior freqüência. "Conseguimos
uma cobertura vacinal alta nas crianças, mas o mesmo não acontece entre os adultos", diz José Cerbino Neto, infectologista
e especialista em vacinas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio.
Causada por um vírus do gênero Flavivírus, a doença tem como sintomas febre alta, dor de cabeça e lombar, náuseas, vômito,
prostração e calafrios. A vacina para a febre amarela está disponível durante todo o ano nos postos de saúde. O mesmo acontece
com as vacinas contra a rubéola e caxumba, que fazem parte do calendário oficial de vacinação do Ministério da Saúde. Ainda
assim, o Brasil continua tendo casos dessas doenças.
Desde 1942, nenhum caso de contágio de febre amarela é registrado em áreas urbanas. Os especialistas, no entanto, não
descartam a possibilidade de isso acontecer em breve.
Nas áreas silvestres existem dois vetores para a doença: os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Nas cidades,
no entanto, a transmissão é feita por um mosquito mais conhecido da população: o Aedes aegypti - o mesmo vetor da dengue.
"O risco para as cidades existe, pois o mosquito da dengue está presente em praticamente todas as áreas urbanas do País",
diz Cerbino.
Mesmo criticando a baixa adesão de adultos às campanhas de imunização, o infectologista afirma que a eficácia do combate
ao vetor nas cidades é ainda menor. "O controle do Aedes aegypti não é tão bem-sucedido quanto a vacinação", diz.
Para a coordenadora de controle de doenças do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do Estado de São Paulo, Clélia
Aranda, doenças como a febre amarela não fazem parte da preocupação da população fora de épocas de crise pois não são tão
visíveis.
"Como não faz parte do dia-a-dia das pessoas, como a dengue, acaba caindo no esquecimento", afirma. A coordenadora do
CVE diz que no caso de doenças como a pólio o mesmo não acontece em função das constantes campanhas.
Ela lembra que a febre amarela tem características sazonais e que no início da década o País passou por situação semelhante.
"De tempos em tempos, o registro de casos de febre amarela têm picos", diz. "Isso faz parte da evolução histórica da doença."
Os especialistas, no entanto, não descartam a possibilidade de interferência das mudanças climáticas no aparecimento
de surtos nos próximos anos. "O descontrole do clima e o aquecimento global podem sim causar um desequilíbrio que favoreça
situações como essa", afirma o infectologista da Fiocruz.
Cautela
O infectologista e professor da Universidade de São Paulo (USP) Vicente Amato Neto recomenda cautela à população, mas
não vê motivos para alarme. "Temos as regiões endêmicas como o Norte e Centro-Oeste do País e a área de transição que abrange
parte da Bahia, Minas, São Paulo e Paraná. Mas a febre amarela, por enquanto, é apenas silvestre e pode ser prevenida com
a vacina que tem uma proteção muito boa", explica.
Ele afirma que existe a possibilidade de contágio nas áreas urbanas em função da disseminação do Aedes aegypti, mas segundo
Amato Neto, cabe ao Ministério da Saúde decidir sobre a necessidade de uma campanha de vacinação em todo o País.
Para ele, no entanto, hoje não existe essa necessidade. "O ministério está agindo bem vacinando as pessoas nos locais
onde ocorreram esses casos. No momento, é isso que deve ser realmente feito", diz.
Campanha
O Estado de São Paulo começa nesta semana a campanha de reforço da vacinação contra a febre amarela. Todas as pessoas
que forem viajar para as áreas consideradas de risco, como as regiões Norte e Centro-Oeste estão sendo orientadas a se imunizar
nos postos de saúde com pelo menos dez dias de antecedência à viagem.
"A atenção à vacinação tem de ser constante", diz Clélia. "Todos os anos fazemos essa recomendação nessa época." A coordenadora
de Controle de Doenças do CVE recomenda especial atenção para os caminhoneiros e pessoas que pretendem praticar ecoturismo.
"Muitas vezes, o turista vai para a casa de algum parente nessas regiões e acaba indo para áreas de mata silvestre sem estar
vacinado", diz. "Ele não planejou nada disso, mas acaba se expondo ao contágio, por exemplo, em uma pescaria."
Para ela, em épocas como essa, a população fica mais atenta, o que acaba tendo um resultado positivo para as ações da
vigilância epidemiológica. "Fico até mais preocupada fora desses períodos, pois as ações de vigilância dependem das notificações",
diz.
A vacina contra a febre amarela é gratuita e tem validade por dez anos. Além de postos em todo o Estado, a vacina está
disponível nos terminais rodoviários Barra Funda e Tietê, nos aeroportos de Congonhas e Guarulhos, no Instituto de Infectologia
Emílio Ribas, Hospital das Clínicas de São Paulo e no Instituto Pasteur.
Fonte: O Estado de S.Paulo
Fiocruz sugere vacinação em massa
Todos os brasileiros não imunizados devem se vacinar contra a febre amarela por medida de precaução, sobretudo aqueles
expostos a regiões de risco. A recomendação foi dada ontem pelo especialista da Fiocruz, José Cerbino, em referência à suspeita
atual de casos em áreas urbanas, evento que não ocorria desde 1942. O Ministério da Saúde emitiu ontem uma nota ontem orientando
estrangeiros em visita ao país a também se protegerem. Em vários Estados, as campanhas de vacinação estão intensificadas.
- A suspeita de casos de febre amarela é um alerta à população e às autoridades. Ainda não sabemos o que acontecerá nos
próximos meses, mas se os casos suspeitos forem confirmados já podemos falar em ameaça de epidemia - diz Juvêncio Furtado,
presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia. - Tem de vacinar e isolar áreas, enquanto aguardamos os resultados para
saber se o problema é restrito a alguns Estados.
O Ministério da Saúde recomendou ontem em nota a vacinação contra a febre amarela para todos os viajantes internacionais,
acima de seis meses de idade, que se dirigem aos Estados em risco, com antecedência mínima de dez dias da viagem. Desde 2004,
a vacina contra febre amarela voltou a fazer parte da cartilha obrigatória para crianças. Quem visitará as regiões Norte e
Centro-Oeste, Maranhão, Piauí, Bahia, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Espírito Santo deve conferir se está imune.
- Risco de epidemia há, mas não há motivo para pânico. É bom aproveitar essa situação para sensibilizar as pessoas para
a necessidade da vacinação. A proteção está disponível gratuitamente nos postos de saúde - lembra Cerbino.
A vacina da febre amarela é 99% eficaz e a produção do produto será dobrada devido ao quadro atual. Gestantes, menores
de seis anos, pessoas com o sistema imunológico comprometido por doença (neoplasia ou infecção pelo HIV) ou pelo uso de drogas
imunossupressoras, radioterapia e pessoas com história de reação anafilática a ovo de galinha e derivados não devem se imunizar.
A vacina demora 10 dias para fazer efeito.
Marcelo Simão Ferreira, infectologista da sociedade, acredita que o aumento do número de casos se deve à maior circulação
de mosquitos no período de chuvas:
- Temos que investir mais no combate ao Aedes Aegypti para não deixar que o mal se espalhe.
Já Furtado defende que os casos urbanos podem ter ocorrido devido aos assentamentos em florestas:
- Quando você invade a mata, traz o mosquito para dentro de casa - explica. - A presença de pessoas doentes em comunidades
onde não havia o mal pode ser outra causa.
A melhoria no sistema de vigilância também possibilitou melhor registro dos possíveis casos urbanos. Eventos, antes não
detectados, agora são monitorados. A epizootia, episódio da doença nos macacos, passou a ser acompanhada em 1999.
A febre amarela na grande maioria dos casos tem evolução boa, para cura, mas pode se tornar grave. O ciclo silvestre
da doença nunca deixou de existir, e, segundo Cerbino, por uma questão ecologia não é objetivo do governo erradicá-lo totalmente.
Em humanos, foram registrados 349 casos e 161 óbitos por febre amarela silvestre de 1996 a 2007. No ano passado, foram
seis casos e cinco óbitos, um aumento em relação a 2006, quando houve dois casos e duas mortes. Cerbino pondera que apenas
um caso de contágio de macacos em área urbana, porém, já é alerta para prevenir a epidemia da doença.
- O primata também é uma vitima da doença. É um sinal de que há circulação do virus na região e que o homem pode ser
infectado. O mosquito pode pegar o vírus no macaco doente e passar para o homem - explica Ferreira.
Fonte: Jornal do Brasil
Alerta para febre amarela
Atenção na hora de viajar! Antes de marcar a passagem, é preciso pôr a caderneta de vacinação em dia. O ministério da
Saúde ampliou a vacinação contra a febre amarela. As áreas de risco são estados da região norte e centro-oeste, além de Minas
Gerais e Maranhão. Ao todo são doze estados e mais o Distrito Federal, onde o ministério da saúde recomenda a vacinação sempre.
A vacina vale por 10 anos.
Um morador de Brasília morreu com suspeita de febre amarela na última terça-feira (08 de janeiro). Graco Carvalho Abubakir
morava no Lago Norte, bairro nobre da cidade, e estava internado no Hospital Santa Luzia desde a última sexta-feira. Nesta
última semana, outras duas pessoas - uma em Goiás e outra no Distrito Federal - morreram com suspeita da doença. Abubakir
pode ser a terceira vítima de febre amarela no país nos últimos meses.
De acordo com comunicado do hospital em que estava internado o homem, um exame sorológico foi feito para apontar se ele
estava com febre amarela, mas o resultado só deve sair na sexta-feira. Apenas após a liberação desse laudo será possível afirmar
se Abubakir foi vítima da febre amarela.
Quando foi internado, o homem apresentava um quadro clínico com febre alta, dor de cabeça e dor no corpo. Ao longo do
período em que esteve no hospital apresentou diarréia e náuseas, segundo o corpo médico.
A morte de seis micos no noroeste de Minas Gerais acendeu o alerta para a possibilidade de ocorrência de casos de febre
amarela no estado. Os animais foram encontrados mortos na zona rural do município de Cabeceira Grande, durante o final de
semana. A cidade, de apenas seis mil habitantes, está localizada próximo à divisa de Minas com o estado de Goiás, onde um
homem morreu com suspeita da doença. As vísceras dos macacos serão enviadas para análise no Instituto Evandro Chagas no Pará,
que emitirá laudo com a causa da morte em 30 dias.
Fonte: CRM-PR com dados da Gazeta do Povo e Bom dia Brasil