11/02/2007
Nota oficial AMB/APM - Novos cursos de medicina em São Paulo: irresponsabilidade
O Brasil tem hoje mais de 315 mil médicos em atividade, um para cada 560 cidadãos, muito mais que a relação de um para mil
recomendada pela Organização Mundial da Saúde. Em São Paulo, são mais de 90 mil médicos, um para cada 470 habitantes. Na capital
e em cidades como Campinas e Ribeirão Preto, a proporção é de um médico para 260 cidadãos.
Ainda assim, o governo autorizou, de forma equivocada e irresponsável, outros três cursos de medicina no Estado. A saúde
torna-se objeto de mercantilização e o governo federal sustenta a proliferação de novos cursos de medicina, com a única intenção
de atender os interesses dos empresários do ensino. Configura-se, portanto, um crime contra a população, vítima da assistência
de má qualidade e contra os estudantes e suas famílias, que pagam mensalidades caríssimas por cursos precários.
Está explícita aqui uma manobra política: ao mesmo tempo em que se autoriza três novas faculdades de medicina na cidade
que mais médicos possui no Brasil, anuncia-se que doravante haverá um "controle" da abertura de escolas médicas. Nesse processo,
seria ouvido o Conselho Nacional de Saúde - que não tem sequer representação médica definida - em detrimento das entidades
médicas nacionais, como o Conselho Federal de Medicina e a Associação Médica Brasileira.
A mesma medida também deverá ser aplicada aos cursos de Direito. No entanto, para estes, será ouvida a entidade oficial
da classe, a Ordem dos Advogados do Brasil. É, assim, desigual o tratamento dado à Medicina e ao Direito, e inadmissível o
desrespeito às entidades médicas, cujas manifestações continuam sendo ignoradas pelo governo.
Os últimos quatro ministros da Educação se superaram ao favorecer a indústria do ensino na área médica. O ministro Paulo
Renato, em oito anos, permitiu a abertura de 45 faculdades de medicina (0,4 faculdade/mês), 27 particulares. Em apenas um
ano, Cristovam Buarque autorizou o funcionamento de sete faculdades (0,5 faculdade/mês), sendo seis privadas. Tarso Genro
permitiu a abertura de 16 em 18 meses (0,8 faculdade/mês), 15 privadas. E não ficando atrás, o atual ministro Fernando Haddad,
em 18 meses, autorizou 18 novas escolas (uma faculdade/mês), 16 privadas.
Além desta abertura criminosa de novas escolas médicas, temos um acréscimo constante e não divulgado de centenas de vagas
em cursos de medicina já existentes. Nos últimos anos, alguns deles duplicaram ou até triplicaram o número de vagas, com o
artifício da criação de dois turnos semestrais ou de um novo campus.
A Associação Médica Brasileira e a Associação Paulista de Medicina repudiam veementemente mais esta ação contra a saúde
da população e a dignidade da profissão médica.
São Paulo, 7 de fevereiro de 2007
Fonte:AMB