03/02/2018
Um dos fundadores do curso de Medicina da UEL, tinha 94 anos; recebeu as três principais honrarias do CRM-PR
O Dr. Steffen Junior tinha 94 anos, completados em novembro, poucos dias depois de participar em Curitiba da solenidade do Dia do Médico, quando foi distinguido com a Medalha de Lucas e expôs de forma emocionante a sua trajetória construída com humildade, simplicidade e muita perseverança. O corpo está sendo velado a partir das 14h deste domingo na sede da Associação Médica de Londrina (Av. Harry Prochet, 1055), instituição da qual sempre participou de forma efetiva e a qual presidiu em 1970. A cerimônia de despedida ocorre às 17h, no Crematorium Londrina. As condolências da classe médica ao eminente profissional, que tinha entre os filhos o médico Dr. Luiz Carlos Alves Steffen (CRM-PR 10.922) e também um neto médico, o Dr. Ricardo Steffen, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
Trajetória
Nascido no interior paulista (cidade de Indaiatuba) e formado em 1949 pela USP, o Dr. João Henrique Steffen Júnior radicou-se logo em seguida em Londrina, com expressiva participação em projetos sociais e de valorização da Medicina, empenhando-se na expansão das organizações médicas, inclusive da Regional do CRM-PR, que chegou a ser diretor em mais de uma oportunidade e até hoje continuava desempenhando as funções de delegado. Especialista em ginecologia e obstetrícia, tinha uma história de identidade com gerações da região Norte, tendo participação ativa no desenvolvimento de Londrina, emancipada em 1934.
Foi um dos pioneiros do curso médico na Universidade Estadual de Londrina e também fundador do Hospital Evangélico, que dirigiu por mais de 30 anos. Participou da criação do Rotary Club Londrina Norte e engajou-se em muitas causas solidárias. Em 2009 recebeu o título de cidadão honorário de Londrina. Pelo Conselho, já tinha recebido o Diploma de Mérito Ético, em 2000, e o de Honra ao Mérito, em 2012. Prestes a completar 94 anos de idade e 68 anos de formado, o Dr. Steffen recebeu a Medalha de Lucas na solenidade do Dia do Médico de 2017, em Curitiba.
A Medalha de Lucas, honraria instituída em 1996, até hoje tinha sido conferida a somente outras 12 personalidades da Medicina paranaense, dentre elas o Dr. Júlio Raphael Gomel, fundador do Lar Bom Caminho, a Dra. Zilda Arns Neumann, da Pastoral da Criança, o Dr. Hélio Brandão, do Clube da Soda, e o Prof. João Manuel Cardoso Martins, editor da revista cultural médica “Iátrico”, todos de saudosa memória. Marcada por rigoroso processo seletivo, a comenda tinha sido entregue pela última vez em 2013. Em 2017, além do Dr. Steffen Junior, também recebeu a mesma honraria o Prof. Dr. Luiz Carlos Sobania, que já presidiu o CRM-PR, foi vice-presidente do Conselho Federal de Medicina e ainda secretário estadual de Saúde do Paraná.
Confira aqui detalhes da solenidade de 2012, que marcou a merecida homenagem ao eminente professor, que recebeu o Diploma de Honra ao Mérito.
Confira aqui a entrevista concedida pelo Dr. Steffen no programa Vitrine, da TV Tarobá (Band) em Londrina, às vésperas do Dia do Médico de 2016, demonstrando muita descontrações e amor à Medicina.
Confira aqui a solenidade do Dia do Médico, incluindo as fotos, quando o DR. Steffen Junior recebeu a Medalha de Lucas.
Confira aqui o jornal especial do Dia do Médico de 2017, que inclui o belo discurso de improviso do homenageado, atestando o valor de sua carreira médica.
Leia abaixo a mensagem do secretário-geral do CRM-PR, Luiz Ernesto Pujol:
A grande perda: Dr. João Henrique Steffen Junior
“Dia 4 de fevereiro de 2018. Apaga-se a vida do
Dr. João Henrique Steffen Junior, em Londrina, onde por quase 70 anos labutou pela saúde daqueles milhares de doentes que
a ele recorreram.
Concluiu ele sua jornada. Recebeu muitas honrarias e reconhecimentos que, certamente, continuariam a se acumular enquanto presente.
Deixou exemplos a todos os seus colegas médicos.
Dedicou-se a fazer o bem, com o seu sorriso de condescendência que tinha cheiro de flor. Sempre perdoou, antes de julgar.
Tinha pensamentos tão elevados de saberes a ponto de a gente chegar a escutá-los. Mostrou que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiências e o que se aprende com elas do que com quantos aniversários já celebramos.
Nunca manifestou palavras ou gestos de cansaço em sua longa carreira, porque escolheu um trabalho que amava. Deixou-nos a certeza de que, quando se ama, o que se faz não se trabalha um único dia em nossa vida.
Superou suas dificuldades familiares com o apoio de sua genitora e de seus irmãos, estudando com afinco e formando-se para servir de forma inigualável aos seus pacientes, sem jamais se preocupar com o ter, e sim com o ser.
Gente como ele não morre. Permanecerá eternamente junto a todos nós, que tivemos o privilégio de com ele conviver. Estará vivo em nossa mente e em nossos corações.”