20/11/2016
No ano passado ele foi homenageado pelo CRM-PR, sendo distinguido com o Diploma de Mérito Ético pelos 56 anos de graduação em medicina
O Conselho Regional de Medicina do Paraná registra com profundo pesar o falecimento do Dr. Bianor Rauli (CRM 985), ocorrido neste domingo (20/11) no Instituto de Medicina e Cirurgia, em Curitiba. O corpo foi velado na Capela Vaticano Jade e a cerimônia de cremação ocorreu ao final da manhã desta segunda-feira (21). Natural de Severínia, São Paulo, ele tinha completado 85 anos de idade em julho último. Deixa cinco filhos e oito netos.
O Dr. Bianor era viúvo da também médica e sua colega de turma Dra. Corina de Castro Rauli (CRM 984), que faleceu há quatro anos, aos 78 anos. O casal se formou em dezembro de 1959 pela Universidade Federal do Paraná, tendo se registrado no Conselho do Paraná em 1961. Conforme decisão da Sessão Plenária de 9 de novembro do ano passado, o CRM-PR conferiu homenagem ao Dr. Bianor Rauli, conferindo-lhe o Diploma de Honra ao Mérito Ético por ter completado, então, 56 anos de formado com histórico profissional exemplar.
O Dr. Bianor Rauli foi o segundo médico da cidade catarinense de Itapiranga, onde se estabeleceu em janeiro de 1962, ainda no início da atividade profissional. Nessa cidade do Extremo Oeste de Santa Catarina ele foi complementar o trabalho do pioneiro Maximiliano Leon, nascido em junho de 1896 na Alemanha e que se formou médico na Universidade de Berlim. Depois de se estabelecer em Viena, Áustria, foi convidado a se radicar em Itapiranga, atuando ali, sozinho, assim como no município vizinho de São João do Oeste, até a chegada do Dr. Bianor. O pioneiro tinha falecido em maio de 1984, mas já havia muito tempo sem o exercício da atividade. O sucessor Dr. Rauli, que integrava os quadros do Ministério da Saúde, ainda atuou em Ponta Grossa e Curitiba, cidade onde desde a fase acadêmica sempre manteve vínculo.
Ao lado da esposa Corina, o Dr. Bianor tinha comemorado com outros colegas de turma o Jubileu de Ouro em 2009. Após a perda da mulher, teve a saúde debilitada e nos últimos meses residia numa casa de repouso e passava os fins de semana com os filhos e netos.
Mensagem da família
“ebre turma de 1959 e fizeram residência na Santa Casa de Santos.
Já formados, casaram e em seguida tiveram seu primeiro filho, Luciano, que nasceu com intolerância a qualquer tipo de leite que não fosse o materno. Como a Corina não tinha leite suficiente e naquela época não havia banco de leite, após incessante busca de ambos para encontrar uma ama de leite e salvar a vida do primogênito, encontraram-na em Itapiranga, cidadezinha colonizada por alemães no extremo oeste de Santa Catarina. Mudou-se para lá e em seguida assumiu o hospital da cidade no lugar do único médico existente na região, que estava com mais de oitenta anos e não conseguia se aposentar pela dificuldade em encontrar quem o substituísse. Nos anos que se seguiram, o casal se deslocava para Curitiba sempre que era chegada a hora de nascer mais um filho, e assim vieram Adrianne, Cassiano, Carolinne e Fabiano, o único pontagrossense da família, pois no ano em que nasceu já haviam se mudado para Ponta Grossa para trabalhar no Hospital Bom Jesus.
Das muitas histórias interessantes que contava sobre sua vida, as que mais despertavam a curiosidade dos filhos eram aquelas em que relatava as dificuldades que enfrentou durante sua fase de estudante universitário e as soluções engraçadas e inusitadas que encontrava para superá-las, sempre controlando os escassos recursos que possuía para se manter. Nesta época, contava, valorizava os almoços nas casas dos colegas de turma, pois estes contribuíam para o seu planejamento de gastos mensais, além de excelentes oportunidades de comer bem desfrutando de um clima familiar. Com estes colegas de turma viria a se relacionar durante toda sua vida, repetindo estas mesmas lembranças com prazer e gratidão por mais de cinquenta anos, sempre que os encontrava nas comemorações de aniversário de formatura que, junto com a Corina, ajudava cuidadosamente a organizar de cinco em cinco anos, religiosamente.
Mas de tudo que lhe dava prazer, sem dúvida a pescaria era sua grande paixão.
Pescador mais do que habilidoso, utilizava técnicas próprias na preparação de suas varas, linhas,
anzóis e chumbadas que o faziam sempre obter os melhores resultados em relação aos outros pescadores.
Nas pescarias, quando questionado pelos amigos, alegava bem humorado que o segredo era se valer dos mesmos nós que
utilizava para suturar seus pacientes nas cirurgias e que eram vários, um para cada tipo de peixe.
Grande homem, grande profissional, mas acima de tudo um grande pai, simples e pragmático na
forma de ver o mundo sempre esteve e sempre estará presente em nossas vidas, especialmente na lembrança de seus
cinco filhos e de seus oito netos.”