28/07/2015
Além da Medicina, tinha paixão por viagens e fazia esculturas com a prata do raio X
Em 1969, o jovem Adiris Gomes de Barros concluía a graduação em Medicina na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul. O carioca, natural de São Fidelis (RJ), concluiu o curso e decidiu fazer especialização em Radiologia no Hospital do Fundão (Hospital Universitário Clementino Fraga Filho), no Rio de Janeiro. Estudar medicina, no entanto, não foi fácil para Adires, pois ele servia ao Exército enquanto estava na universidade. Mesmo assim conseguiu conciliar o trabalho militar com os estudos.
Adires se mudou para Cascavel, no Oeste do Paraná, em 1972, e começou a trabalhar no Hospital Policlínica, instituição que dava seus primeiros passos na “Capital do Oeste”. Tornou-se um dos pioneiros da radiologia médica na região. Mais tarde comprou um aparelho de raio X do próprio hospital e – com muito trabalho e força de vontade – projetou o Instituto de Radiologia de Cascavel. O espaço foi inaugurado em 1975. O investimento deu certo e a clínica de imagem se transformou em uma das mais conceituadas e modernas do Oeste paranaense. Adires também atuou como perito médico do estado do Paraná e se aposentou na função.
Em meados da década de 1970, conheceu Senilda Schroeder e a jovem fez o coração do médico bater mais forte. O matrimônio ocorreu quatro depois. O casal teve quatro filhos. Os olhos do carioca brilhavam quando ele falava sobre a família e a profissão. “Ele se orgulhava ao falar da família e da realização profissional”, destaca Felipe, filho do médico.
Um dos hobbies dele eram as viagens de férias. Elas sempre se tornavam uma aventura. O doutor Adires e a família saíam de carro sem roteiro definido; sabiam apenas a direção a ser tomada. “Seguíamos viagem até encontrar uma cidade ou uma praia interessantes. Gostávamos de ir a lugares em que pudéssemos extrair algo novo da cultura local ou simplesmente encontrar uma paisagem diferente”, lembra-se Felipe. Geralmente o médico gostava de parar em uma localidade por no máximo três dias e depois seguia viagem até outro ponto em que existisse algo a mais para conhecer.
Apreciador da história do Brasil e amante da história Antiga, o médico também era colecionador de moedas antigas. Além disso, ele não dispensava um bom papo sobre política com os amigos.
Adires transformava a profissão em atividade artística – no sentido literal da palavra. Quando os equipamentos radiológicos ainda não eram digitais, ele fazia pequenas esculturas com a prata retirada dos filmes utilizados nos aparelhos de raio X. Retirava o material da película e criava as mais diversas esculturas.
Mas era a medicina que movia Adires. Todo o ano participava de congressos para se atualizar. Foi o mentor de muitos profissionais de Cascavel; ele ensinava radiologia quando a técnica ainda não era um ofício reconhecido.
Os anos foram passando e a saúde já não era mais a mesma. Após ser submetido a uma cirurgia, Adires sofreu várias paradas cardíacas e não resistiu. Deixa a esposa Senilda Schroeder; os quatro filhos, Fernando, Gisele, Alex e Felipe; e dois netos, Bernardo e Vitória.
Dia 22 de junho, aos 74 anos, de parada cardíaca, em Cascavel. Foi sepultado no Cemitério Central de Cascavel.
Fonte: Gazeta do Povo