13/06/2013
D'Ávila afirmou que o Ministro da Saúde precisa agir com mais transparência ao tratar sobre a importação de médicos
Após o anúncio de que o governo brasileiro estuda realizar o reconhecimento mútuo entre o diploma de médicos do Brasil e de Portugal, o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto Luiz d'Ávila, fez duras críticas às atuais medidas adotadas pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para expandir o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) no interior do país.
Roberto d'Ávila afirmou que o ministro da Saúde precisa agir com mais transparência ao tratar sobre a importação de médicos estrangeiros para o país. "Não virão portugueses e espanhóis. Virão cubanos, o que ele não falou", disse o presidente do CFM. Em maio, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, anunciou que o Brasil negociava um acordo com Cuba para receber 6 000 médicos cubanos – o que virou alvo de críticas pelo despreparo dos profissionais que viriam ao país. "Ele [Padilha] não tem coragem de dizer o que o Patriota falou. Ele não fala, foge desse assunto. Mas isso é eleitoreiro. A própria presidente Dilma disse que prefere enfrentar as entidades médicas do que enfrentar prefeitos."
Além disso, o presidente do CFM acredita que os estrangeiros pleiteados para atuar no Brasil não vão querer atuar nas condições oferecidas atualmente. "Eu tenho certeza que o médico português ou espanhol, quando conhecer a realidade do nosso Brasil, com postos de saúde caindo aos pedaços, falta de material minimamente adequado para o exercício da profissão e ainda ser refém de prefeito, não aceitará vir para cá", disse Roberto Luiz d'Ávila.
Sem avaliação
O presidente do CFM também questionou a intenção do ministério de dispensar esses médicos do Revalida, exame que autoriza médicos estrangeiros a atuarem no país. Para Luiz d'Ávila, um médico jamais deve deixar de ser avaliado. "Um médico ruim é pior do que nenhum médico. As pessoas confiam e ele pode retardar um diagnóstico que poderia salvar um paciente. As pessoas não podem se iludir. Elas devem exigir que todo médico seja competente."
Outro argumento para ser contrário à importação de médicos utilizado pelo presidente do Conselho de Medicina é a falta de condições adequadas oferecidas aos profissionais brasileiros, o que seria essencial para resolver o déficit de profissionais na periferia brasileira, e a ausência de uma carreira para médicos de estado.
"O ministro usa os números para ajudá-lo a manter um equívoco no ar. Não faltam médicos no país. A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez uma previsão para 2015 e descobriu que 45 países terão falta de médicos. O Brasil não faz parte dessa relação. O que acontece é que os médicos estão concentrados na região Sul e Sudeste", disse.
Fonte: Revista Veja