07/04/2011
Movimento médico comemora vitória em protesto e se prepara para novos desdobramentos
"Atingimos nosso objetivo com o protesto de 7 de abril. O alerta foi dado às operadoras de planos de saúde e à sociedade
com relação aos problemas percebidos pela categoria médica. De agora em diante, esperamos que seja feita uma negociação real
pelas empresas para acabar com a defasagem dos honorários e a interferência na autonomia dos profissionais". Essa foi a avaliação
do coordenador da Comissão Nacional de Saúde Suplementar (Comsu), Aloísio Tibiriçá Miranda, sobre o dia de mobilização dos
médicos contra os planos de saúde.
Ele acompanhou a movimentação nos estados a partir de Brasília e recebeu, ao longo do dia, informes de várias entidades
regionais. "Houve grande adesão em todos os estados. Recebemos relatos de que quantidade significativa de médicos participou
do protesto e suspendeu suas atividades. No entanto, sem causar prejuízos para o usuário dos planos de saúde", lembrou o coordenador,
que também é vice-presidente do CFM. De acordo com Tibiriçá, os procedimentos desmarcados serão reagendados e os casos de
urgência e emergência foram atendidos.
Em 30 dias os líderes do movimento de 7 de abril se reunirão para reavaliar o andamento das negociações com os representantes
dos planos de saúde. Este trabalho será conduzido pelas entidades médicas em nível regional. Paralelamente, algumas outras
iniciativas acontecerão na esfera política. Já está prevista a realização de uma audiência pública na Câmara dos Deputados
para discutir o tema e encontrar uma solução. Contudo, os parlamentares responsáveis pela solicitação não descartam o pedido
de abertura de CPI para apurar supostas irregularidades na saúde suplementar.
No Senado - Pela manhã, a Paralisação dos Médicos chegou também ao Congresso Nacional. A Comissão de Direitos
Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal promoveram audiência pública especial em torno das reivindicações dos
médicos. Sensibilizado pelo apelo dos profissionais, o senador Paulo Paim (PT-RS), presidente do grupo, anunciou a criação
de uma subcomissão de saúde dentro da Comissão. "Esta mobilização dos médicos é um grito do povo brasileiro em relação à saúde",
ressaltou o parlamentar.
O coordenador do movimento, Aloísio Tibiriçá Miranda, que participou da audiência, propôs aos senadores a montagem de
uma agenda comum, inclusive com visitas aos hospitais públicos para constatar a situação da oferta da assistência sob a ótica
dos direitos humanos. Paulo Paim transformou o pedido em ato normativo diante do 3º vice-presidente do CFM, Emmanuel Fortes,
e do conselheiro suplente de Alagoas, Alceu Pimentel, que também compareceram no Senado.
Durante a audiência, o senador Paulo Davim (PV-RN) defendeu a paralisação dos médicos por acreditar que o trabalho com
a vida é um "direito sacrossanto". Por outro lado, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) enfatizou que o Congresso Nacional
já tem o diagnóstico da calamidade da saúde só falta ação. "É um sistema perverso que maltrata o médico".
Outro parlamentar que saiu em defesa da causa médica foi o sergipano Eduardo Amorim (PSC-SE). Para ele é uma perversidade
que os planos de saúde sejam reajustados regularmente sem que os valores pagos aos médicos também o sejam. "Os médicos ainda
recebem por uma tabela da década de 90 e muitos convênios se aproveitam disso. Assistimos o reajuste ser somente para o usuário.
É justa a reivindicação da categoria médica", apontou.
Fonte: CFM