08/03/2016
Com mais de R$ 16 milhões em dívidas e nenhuma perspectiva de aumento de repasses públicos, a direção decidiu encerrar as suas atividades
O anúncio foi feito na semana passada e causa comoção entre pacientes e revolta entre autoridades de toda a área abrangida pela unidade médica. Região de 18 municípios ficará sem nenhum hospital que atenda pelo SUS, o Sistema Único de Saúde. Uma série de ações será desenvolvida essa semana para chamar a atenção da comunidade e poder público.
Nesta terça-feira (8), acontece na Câmara Municipal de Toledo uma reunião sobre o assunto. Organizada pela Câmara, Associação de Câmaras e Vereadores do Oeste do Paraná (Acamop) e frente parlamentar da saúde, o encontro pretende reunir autoridades regionais para definir medidas a serem tomadas a fim de evitar o fechamento da casa hospitalar.
Além desta reunião, já está sendo organizada pela Acamop e os 18 municípios da 20ª Regional de Saúde outras ações na quinta-feira (10). O dia iniciará com visita ao comércio às 9h com objetivo de convocar a população para mobilizações no período da tarde. Será realizado um abraço ao Hospital Bom Jesus às 14h e às 16h o fechamento da BR 467, na altura da divida dos municípios de Toledo e Cascavel.
Essas ações vão de encontro às medidas sugeridas pelos partidos de coalisão de Toledo para contribuir para a continuidade do atendimento do Hospital aos 380 mil habitantes da região. Eles se reuniram semana passada e decidiram por várias ações. A ideia é que as esferas - Federal, Estadual e Municipal - não apenas mantenha os serviços de urgência e emergência, do Hospital, mas resolvam definitivamente a crise que se agrava há alguns anos com o subfinanciamento dos atendimentos pelo SUS.
SUGESTÕES
Algumas sugestões foram deliberadas como a realização de um grande manifesto popular em Toledo e o fechamento da Ponte Ayrton Senna, em Guaíra, principal ligação entre os Estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, no sentido de pressionar e sensibilizar o Governo Federal sobre o cadastramento da Região Macro Oeste junto ao Ministério da Saúde para aumento no repasse de verbas dos atendimentos através do SUS nos serviços da Unidade de Terapia Intensiva.
Também ficou determinada a realização de um encontro com vereadores das 18 Câmaras Municipais que integram a 20ª Regional de Saúde, prefeitos, secretários de Saúde, representantes das entidades da sociedade organizada e Ministério Público no sentido de deliberar quais as próximas ações para evitar o fechamento do Hospital Bom Jesus.
Além de um estudo para formalização de um pedido da sociedade, imediato, junto ao Poder Judiciário para uma interdição na Hoesp, inclusive sugerida pela própria entidade, com o objetivo de dar ainda mais transparência à entidade filantrópica que administra o Hospital Bom Jesus, expondo à sociedade como são aplicados os recursos públicos destinados à unidade.
Foi sugerida ainda a realização de um estudo técnico, feito em conjunto pela 20ª Regional de Saúde, Consórcio Intermunicipal de Saúde Costa Oeste do Paraná (Ciscopar) e o próprio Hospital Bom Jesus, para apurar quanto custa cada paciente atendido através do SUS e qual seria o valor a ser destinado pelos municípios para manter os atendimentos de urgência e emergência. Neste estudo seria importante constar quantos são os atendimentos e qual seria o valor per capta, levando-se em conta a quantidade de atendimentos e não apenas o número de habitantes por município.
POSSIBILIDADE
Houve a proposta de estabelecer um Fundo de Saúde para cobrir eventuais passivos do hospital, após a interdição e auditoria. A criação deste Fundo levaria em conta o número de atendimentos totais da unidade e seria gerido de maneira independente e controlado através de auditoria.
Finalmente foi decidido se buscar apoio junto à Copel um subsídio para redução no custo da energia elétrica por se tratar a Hoesp de uma entidade filantrópica e sem fins lucrativos.
Os representantes dos partidos de coalisão, formados pelos Partido Progressista (PP), Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Solidariedade (SD), Democratas (DEM), Partido Socialista Brasileiro (PSB), Partido de República (PR), Partido Republicano Brasileiro (PRB), Partido Social Democrático (PSD), Partido Social Democrata Cristão (PSDC), Partido Social Cristão (PSC) e Partido Trabalhista Nacional (PTN), entendem ser possível estabelecer mecanismos de controle, transparência e resolubilidade na administração do hospital, mantendo dessa forma o atendimento público de qualidade para uma das mais importantes regiões do Estado do Paraná e que tanto contribui para a arrecadação de impostos em todas as esferas, não podendo sua população ser punida pela omissão dos agentes públicos
Fonte: Jornal do Oeste e O Paraná