28/09/2015
De saída do ministério, Arthur Chioro admite em entrevista ao Estadão alerta da classe médica sobre orçamento que leva à situação "inadministrável"
O ministro Arthur Chioro, de saída da pasta de Saúde, admitiu em entrevista à jornalista Ligia Formenti, de O Estadão, o iminente colapso no setor pela precariedade de recursos, em especial se aprovado o Projeto da Lei Orçamentária da forma como foi enviado ao Congresso. Com ele ou não no Ministério, deixou claro que a situação que se apresenta é “insustentável”. Chioro admite que as verbas em 2016 serão insuficiente para financiar ações de média e alta complexidade nos últimos três meses (a partir de outubro de 2016) e que “é uma situação nunca vivida pelo Sistema Único de Saúde nos seus 25 anos”.
A manifestação do ministro vem ao encontro da luta das entidades médicas empreendida nos últimos anos de forma contundente, alertando para o subfinanciamento da saúde e as distorções nas políticas públicas. No início de agosto último, na reunião da Comissão Nacional Pró-SUS em São Paulo, o coordenador Donizetti Dimer Giamberadino Filho já alertava sobre os impactos da PEC 358 no financiamento federal da saúde e também que os cortes atingiriam R$ 13,477 bilhões em 2016, ou 12% do orçamento, fazendo com que o mesmo caísse de R$ 103,27 bilhões estimados para R$ 89,73. Orçamento é menor do que em 2014, que teve R$ 100,3 bilhões, ou quase 10%, sem contar a inflação.
Merece leitura a entrevista do ministro, pois pela primeira vez enquanto ocupante do cargo ele admite a incapacidade do atual governo em assegurar as suas responsabilidades constitucionais na saúde. Confira a íntegra aqui.