30/05/2022
Ministério da Saúde investiga 72 casos suspeitos de hepatite misteriosa no Brasil
Análises reúnem pacientes de dois meses a 16 anos; principais sintomas apresentados são pele e olhos amarelados, febre, vômito
e dor abdominal
O Ministério da Saúde investiga 72 casos
suspeitos de hepatite aguda infantil de origem desconhecida no país, com seis mortes confirmadas até o momento.
As informações constam na atualização mais recente da pasta, com dados divulgados até o
último sábado (28). As mortes aconteceram nos estados do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro,
Minas Gerais e Maranhão.
As análises
reúnem pacientes de dois meses a 16 anos. No entanto, os casos suspeitos estão espalhados por 17 estados e,
a maior parte, concentrada em São Paulo e Minas Gerais. Segundo o Ministério da Saúde, dos casos em investigação, 54,2% são em meninas
e 45,8% em meninos. Os principais sintomas apresentados são, em ordem: icterícia (cor amarelada da pele ou olhos),
febre, vômito e dor abdominal. A pasta também informou que 20 casos foram descartados.
No entanto, os números vêm revelando alta de casos:
no boletim de 6 de maio, eram apenas sete casos monitorados, nos estados de Paraná e Rio de Janeiro. Na edição
do dia 27, já eram 69, até chegar aos atuais 72.
INFORME DIÁRIO SALA DE SITUAÇÃO HEPATITES
AGUDAS (29/05/2022)
INFORME SALA DE SITUAÇÃO HEPATITES AGUDAS GRAVES
- NÚMERO 13 (29/05/2022)
A
pasta informou que os Centros de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS)
monitoram junto à Rede Nacional de Vigilância Hospitalar qualquer alteração do perfil epidemiológico,
bem como a detecção de casos suspeitos da doença, e orienta aos profissionais de saúde e da Rede
Nacional de Vigilância, Alerta e Resposta às Emergências em Saúde Pública do Sistema Único
de Saúde (VigiAR-SUS) que suspeitas sejam notificadas imediatamente.
Em nota, o Ministério da Saúde informou ainda que cerca de 10 amostras de casos
suspeitos estão sendo analisadas pela Rede de Laboratórios de Referências Nacionais, incluindo a Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz).
De acordo com explicações
do médico hepatologista Hugo Perazzo, pesquisador do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz),
e que constam na página da instituição, “a grande maioria ocorreu em crianças menores de
cinco anos. O que chama a atenção é que em torno de 15% precisou de uma internação em unidade
de tratamento intensivo, que é bastante alto”. Embora seja uma condição grave, o médico
ressalta que a necessidade de transplante é para casos extremos.
“Os pais devem estar atentos a sintomas digestivos muito intensos ou prolongados e, principalmente,
ao aparecimento de olhos e pele amarelos, que é a icterícia. Isso deve chamar a atenção para a
procura de um atendimento médico mais urgente”, orientou.
Quais são as hipóteses até o momento?
Segundo
Hugo Perazzo, nesse momento está sendo feito uma investigação de dados epidemiológicos e comparação
com bases de anos anteriores. Os pesquisadores não descartam a hipótese de que os casos de hepatite já
estivessem acontecendo em crianças em anos anteriores, mas não estavam sendo identificados.
O médico explicou algumas hipóteses que estão
sendo observadas: “A hepatite aguda pode ter origem em medicamentos utilizados para tratar infecções por
vírus respiratórios; pode ser um novo vírus que está surgindo – e aqui vale lembrar que
o vírus da hepatite C foi descoberto em 1992 e antes disso, em 1985, mais ou menos, começaram a ser notificados
casos de uma hepatite identificada na época como “não A – não B” posteriormente reclassificados
como hepatite C”, afirma.
De acordo
com o especialista, os casos também podem ter relação com vírus respiratórios, como o adenovírus.
“Ficamos muito reclusos na pandemia e o isolamento social e uso de máscara resultaram na baixa exposição
das crianças aos vírus respiratórios da infância o que pode ter levado, agora nesse período,
ao desenvolvimento de hepatites”.
Principais
sintomas
A hepatite é uma inflamação do fígado e classificada
como aguda quando ocorre de forma rápida e abrupta. Em sua versão aguda, apresenta diferentes sintomas: gastrointestinais, como diarreia ou vômito,
febre e dores musculares, mas o mais característico é a icterícia – uma coloração
amarelada da pele e nos olhos.
FONTE:
CNN BRASIL