Brasileiro de 61 anos, que mora na capital paulista, fez viagem para a Itália entre 9 e 21 de fevereiro. Dois testes deram
positivo para infecção. Família está em observação e passageiros que estiveram no voo devem procurar autoridades de saúde.
Não haverá quarentena preventiva
Ministério da Saúde afirmou nesta quarta-feira (26) que está comprovado o caso positivo de coronavírus
na capital paulista. Este é o primeiro caso da doença no país e em toda a América Latina. Além
dele, há outros 20 casos em investigação e 59 suspeitas já foram descartadas.
Confira as principais informações:
- Brasil confirmou o primeiro caso de coronavírus no país
- Trata-se de um homem de 61 anos que veio da Itália
- Ele está em quarentena domiciliar
- 30 pessoas da família estão sob observação
- Além destes casos, há 20 pacientes em investigação em todo o país
- Outros 59 casos foram descartados
- 16 passageiros que estiveram no mesmo voo devem ser postos em observação – alguns podem ter pego conexão
e ido para outros destinos
De acordo com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o paciente com Covid-19 chegou ao país
vindo da Itália. Ele estava assintomático e, depois de alguns dias, procurou um serviço de saúde
com sintomas respiratórios. Antes, ele havia participado de uma reunião familiar, o que levou o Ministério
da Saúde a colocar 30 pessoas que tiveram contato com ele em observação.
O hospital Albert Einstein registrou a suspeita, fez um teste, que deu positivo. O caso foi para o Instituto Adolfo Lutz
para contraprova, que foi concluído em três horas, comprovando a infecção por coronavírus.
A média de conclusão do exame é de três dias, segundo Mandetta.
Passageiros não ficarão em quarentena
De acordo com o ministro Luiz Henrique Mandetta, os passageiros que estavam no avião com o paciente detectado
com Covid-19 não serão postos em quarentena.
Entretanto, 16 passageiros devem ficar em observação: a partir da poltrona onde o paciente viajava,
serão monitorados os passageiros dos lados e das duas fileiras à frente e atrás.
"Não existe quarentena porque não existe eficácia nesse tipo de situação", afirmou.
A recomendação é que os passageiros entrem em contato com a companhia aérea e informem
o quadro respiratório e o local em que viajaram para que se verifique a proximidade que estavam a este paciente.
Repatriados de Wuhan X caso confirmado em SP
O ministro da Saúde esclareceu as diferenças entre os casos dos repatriados de Wuhan, que ficaram em quarentena
em uma base militar em Goiás após chegarem da China, e o caso confirmado de Covid-19 em São Paulo, que
está em quarentena familiar.
Sobre os repatriados, Mandetta disse que eles vieram de uma região epidêmica e iriam para diversas partes
do país, o que poderia espalhar o vírus caso estivessem infectados.
"É de bom senso que você traga [ao Brasil] e aguarde 14 dias [para checar os sintomas]", afirmou Mandetta.
Ele relembrou que foram feitos testes antes do embarque e durante a quarentena – todos deram negativo para a doença.
Já o paciente de SP esteve em trânsito quando estava assintomático e já estava em casa quando
apresentou os sintomas.
"Você levar este paciente para dentro de um ambiente hospitalar só aumenta as chances de outros pacientes,
em estado debilitado, serem acometidos", afirmou.
"O isolamento domiciliar é o mais recomendado [para casos leves]. Temos que levar pessoas com quadro respiratório
grave para o ambiente hospitalar, mas não pessoas que estão com resfriado, em bom estado geral, se alimentando,
com febre baixa e que usam qualquer um desses antitérmicos [para aliviar os sintomas]", afirmou Mandetta.
Providências
Mandetta afirmou que não serão alterados procedimentos nos aeroportos ou bloqueios a países suspeitos,
devido ao grande número de conexões nos voos. "Não existe nenhuma tecnologia que possa nos dizer que
quem está dentro de um avião possa estar com o vírus ou não", disse.
"A regra continua sendo: se tem sintomas, não viaje. Viajou? Informe as autoridades quando chega. Passou 14 dias
da chegada, se sentir sintomas, procure a rede de saúde da sua cidade."
"Essa é mais uma gripe que o mundo vai ter que atravessar. O mundo não tem fronteiras. Não tem como
parar uma pessoa em um lugar. Como todo vírus, a medida de melhor controle é por etapas, é termos agilidade
[no diagnóstico]", afirmou Mandetta. "O sistema [de saúde] brasileiro fez tudo com muita agilidade." O ministro
reforçou que há pacientes assintomáticos que transmitem a doença, e não há eficácia
na testagem de temperaturas, por exemplo.
"Já passamos por epidemias respiratórias graves, como a H1N1. (...) Vamos passar por essa situação
investindo em soluções, ciência e informação. [A recomendação é] Higiene,
evitar aglomerações desnecessárias, cuidados de etiqueta respiratória, o brasileiro precisa aumentar
o número de vezes que lava a mão", afirmou Mandetta.
"Passamos a uma nova fase de providências, no sentido de mitigar os efeitos da doença em SP e em todo Brasil.
Nosso comitê de emergência está reunido em SP, e de tarde vamos nos juntar a eles para falar sobre o que
deve ser feito. Não muda muito com relação aos casos suspeitos, mas agora temos uma patologia confirmada",
afirmou o ministro.
Segundo Mandetta, é possível que o número de casos suspeitos aumente no Brasil, porque aumentou
o número de países com mortes.
"Estamos na fase de contenção, que é evitar que o vírus se espalhe. Caso se espalhe, vamos
para a fase de mitigação", afirmou o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Kleber
de Oliveira.
O coronavírus é conhecido desde 1960. A doença provocada pelo novo coronavírus, chamada de
Covid-19, está sendo investigada, mas apresenta gravidade moderada a leve, segundo o Ministério da Saúde.
Cada pessoa infectada pode transmitir para duas ou três pessoas, em alguns casos chegando a sete. Segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), o período de incubação varia de 0 a 14 dias, mas já há estudos
apontam que os sintomas aparecem de 9 a 10 dias.
Um estudo feito com 44 mil pessoas com casos confirmados apontou que a maioria dos infectados tinha idade entre 40 e
69 anos. Destes, 1.023 morreram. Os quadros mais graves deste estudo apareceram em pessoas acima de 60 anos.
Caso em SP
O Hospital Albert Einstein, na Zona Sul da capital paulista, registrou em 25 de fevereiro a notificação
do caso suspeito de um homem de 61 anos. Ele é brasileiro e viajou para o norte da Itália entre 9 e 21 de fevereiro.
O paciente tem sinais brandos da doença, como tosse, e está em isolamento domiciliar.
"O paciente encontra-se em bom estado clínico e sem necessidade de internação, permanecendo em isolamento
respiratório que será mantido durante os próximos 14 dias. A equipe médica segue monitorando-o
ativamente, assim como as pessoas que tiveram contato próximo com ele", diz nota do Hospital Albert Einstein (veja
nota completa abaixo).
Segundo o Ministério da Saúde, no atendimento, o hospital "adotou todas as medidas preventivas para transmissão
por gotículas, coletou amostras e realizou testes para vírus respiratórios comuns e o exame específico
para SARS-CoV2 (RT-PCR, pelo protocolo Charité), conforme preconizado pela Organização Mundial de Saúde
(OMS).
Com resultados preliminares realizados pela unidade de saúde e de acordo com o Plano de Contingência Nacional,
o hospital enviou a amostra para o laboratório de referência nacional, Instituto Adolfo Lutz, para contraprova,
que deu positivo.
O paciente viajou para a região da Lombardia (norte do país), a trabalho, sozinho, no período de
9 a 21 de fevereiro. Iniciou com sinais e sintomas (Febre, tosse seca, dor de garganta e coriza) compatíveis com a
suspeita de Doença pelo Coronavírus 2019 (Covid-19). O paciente está bem, com sinais brandos e recebeu
as orientações de precaução padrão.
A SES/SP e SMS/SP estão realizando a identificação dos contatos no domicílio, hospital e
voo, com apoio da Anvisa junto à companhia aérea, diz a nota do Ministério da Saúde.
Centro de monitoramento
As autoridades sanitárias de São Paulo orientam que os pacientes com os sintomas da doença procurem
o serviço de saúde mais próximo, caso apresentem febre, dificuldade para respirar, tosse ou coriza, associados
a aspectos epidemiológicos como histórico de viagem em área com circulação do vírus
ou contato próximo a algum caso suspeito ou confirmado laboratorialmente para coronavírus.
Para acompanhar esses casos suspeitos, o governo de São Paulo anunciou a criação de um centro de
operações de emergência, que funcionará 24 horas por dia, controlando os registros do coronavírus
em todo o estado.
O plano de ação, lançado em parceria com a Prefeitura de São Paulo, integrará profissionais
de todos os municípios e inclui a compra de equipamentos de proteção para funcionários de saúde.
Dicas de Prevenção
- Cobrir a boca e nariz ao tossir ou espirrar;
- Utilizar lenço descartável para higiene nasal;
- Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
- Não compartilhar objetos de uso pessoal;
- Limpar regularmente o ambiente e mantê-lo ventilado;
- Lavar as mãos por pelo menos 20 segundos com água e sabão ou usar antisséptico de mãos
à base de álcool;
- Deslocamentos não devem ser realizados enquanto a pessoa estiver doente;
- Quem for viajar aos locais com circulação do vírus deve evitar contato com pessoas doentes, animais
(vivos ou mortos), e a circulação em mercados de animais e seus produtos.
Nota do Hospital Albert Einstein
"O Hospital Israelita Albert Einstein informa que recebeu na noite do dia 24 de fevereiro, na Unidade Morumbi, em São
Paulo, um paciente com sintomas semelhantes aos do Covid-19, sendo confirmada a infecção viral pelo novo coronavírus
após a realização do teste PCR em tempo real. Na manhã do dia 25 de fevereiro o caso foi notificado
à Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo.
A equipe assistencial do Pronto Atendimento seguiu com rigor todos os protocolos estabelecidos pelo Ministério
da Saúde, Organização Mundial de Saúde (OMS) e Centers for Disease Control and Prevention (CDC-EUA),
para oferecer o atendimento apropriado e garantir a segurança do paciente e de todos os profissionais envolvidos.
O paciente encontra-se em bom estado clínico e sem necessidade de internação, permanecendo em isolamento
respiratório que será mantido durante os próximos 14 dias. A equipe médica segue monitorando-o
ativamente, assim como as pessoas que tiveram contato próximo com ele.
Desde o início da epidemia mundial, o Hospital Israelita Albert Einstein mantém uma agenda ativa de monitoramento
do avanço de novos casos e evolução do cenário mundial. O Hospital, que conta com os mais avançados
recursos diagnósticos e assistenciais para os atendimentos que se fizerem necessários, inclusive os mais graves,
vem atuando no treinamento intensivo de seus colaboradores com o objetivo de assegurar a oferta de atendimento adequado, bem
como a segurança de pacientes, familiares e funcionários.
O Hospital Israelita Albert Einstein reforça que os padrões de conduta em todas as situações
têm como foco preservar a segurança de todos os pacientes da instituição e manter a excelência
nos atendimentos de qualquer natureza."
Fonte: G1