A passeata, com comitiva saindo da sede da AMP em direção à Praça do Japão, contou com o apoio da população. No interior,
médicos realizaram manifestações públicas como forma de chamar a atenção da população em várias cidades.
O Dia Nacional de Paralisação do Atendimento aos Planos de Saúde foi considerado a mobilização nacional mais abrangente
na história do movimento médico. No Paraná, estima-se que mais de 85% dos médicos que atendem planos e seguros de saúde (por
volta de 11 mil) tenham suspendido as atividades no dia 7 de abril.
Na Capital e cidades do interior do Estado foram realizadas manifestações públicas como forma de chamar a atenção da população
para os baixos honorários praticados e pelo desrespeito com o profissional de saúde.
Em Curitiba, onde as atividades concentraram-se na sede da Associação Médica do Paraná, mil profissionais passaram pelo
local durante todo o dia. Os médicos acompanharam reuniões para debater a relação da classe com as empresas operadoras de
planos e seguros de saúde e definir conteúdo de carta dirigida à sociedade - que condensa os anseios da classe e informa sobre
as próximas ações da Comissão Estadual de Honorários Médicos (CEHM) - e participaram de uma manifestação pública.
De acordo com dados enviados pelas Regionais do Conselho Regional de Medicina do Paraná, da
href="http://amp.org.br/" target="_blank">Associação Médica do Paraná e do
href="http://www.simepar.org.br/gw2.0/" target="_blank">Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná, todos os médicos
que atendem planos de saúde paralisaram as atividades em Castro, Ivaiporã, Marechal Cândido Rondon e Francisco Beltrão; 90%
em Guarapuava, Foz do Iguaçu e Maringá; 80% em Apucarana, Campo Mourão, Cascavel, Umuarama e Santo Antônio da Platina; e 70%
em Cianorte e Ponta Grossa.
Passeata
Munidos de faixas e vestidos de branco, 400 médicos percorreram as ruas da região do Água Verde, em Curitiba. A comitiva
saiu da sede da Associação Médica do Paraná por volta das 15h com destino à Praça do Japão e durante o percurso contou com
manifestações de apoio por parte da população. Através de aplausos e gestos de carinho, as pessoas assentiram à luta da classe
médica (por dignidade e valorização do trabalho) das sacadas de seus prédios, de dentro dos transportes coletivos e nas calçadas
das ruas.
No caminho, alguns médicos aderiram à caminhada e permaneceram unidos aos demais na praça da cidade durante o período
em que dirigentes das entidades médicas do Paraná manifestavam publicamente o descontentamento médico em relação aos honorários
praticados pelas operadoras de planos e seguros de saúde e a interferência na autonomia da relação com os pacientes.
Em seu discurso, o vice-presidente do CRM-PR, Alexandre Gustavo Bley, enfatizou que as frases das faixas carregadas pelos
colegas resumiam a mobilização. "Estamos sofrendo hoje na saúde suplementar", afirmou. "Para nós basta. Não tem mais prazo.
É agora ou nunca! Ou negocia ou não atendemos mais planos de saúde".
O segundo secretário do Conselho Federal de Medicina, Gerson Zafalon Martins, participou de todas as atividades organizadas
pela Comissão Estadual de Honorários Médicos (CEHM) e durante a manifestação pública comparou o movimento à febre. "Estamos
febris, reagindo contra um mal comum. O próximo passo é olho no olho. Queremos diálogo com as operadoras para mudar a realidade",
afirmou.
O ato público foi finalizado com os médicos entoando o hino nacional.
Carta
As entidades médicas paranaenses, referendadas pelos médicos que participaram da programação regionalizada da Paralisação,
divulgaram um manifesto em defesa da classe médica paranaense. No documento, AMP, CRM e SIMEPAR informam que um economista
irá mediar a negociação com as operadoras e que as diretrizes serão baseadas nos valores da sexta edição da Classificação
Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) e na exigência de regularização dos contratos entre operadoras e
médicos, conforme preconiza a
href="http://cnes.datasus.gov.br/Portarias/RESOLUÇÃO NORMATIVA ANS n 71-2004 de 17 de março de 2003.doc" target="_blank">Resolução
Normativa Nº 71/2004 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), incluindo cláusulas de periodicidade e critérios
de reajustes anuais de honorários médicos.
Na próxima semana, a Comissão Estadual de Honorários Médicos (CEHM) irá reunir-se para recolher os manifestos divulgados
em cada região do Estado e, a partir das informações contidas em cada documento, definir o conteúdo temático, bem como a data,
do I Encontro Estadual de Dignidade da Classe Médica. Os membros da CEHM também irão determinar um prazo para que as operadoras
concedam reajustes periódicos nos valores de todos os procedimentos pagos pelos planos de saúde, ou seja, aumento dos honorários
cada vez que as empresas elevarem os valores dos planos aos usuários. De acordo com o Secretário-Geral do CRM-PR e membro
da CEHM, Hélcio Bertolozzi Soares, caso não seja cumprido o prazo, a intenção é que seja realizada paralisação seletiva dos
convênios que não se adequarem aos reajustes propostos pela classe médica.
Em âmbito nacional, a Associação Médica Brasileira (AMB), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Federação Nacional
dos Médicos (FENAM) irão promover ações no Congresso Brasileiro visando a aprovação de projetos de lei que contemplem a relação
entre médicos e planos de saúde.