16/09/2008

Mesmo com lei seca, 1 em cada 3 mortos tinha bebido em São Paulo


A conclusão é de um estudo do grupo de pesquisa de álcool, drogas e violência da Faculdade de Medicina da USP.
Mesmo após a aprovação da lei seca, praticamente uma em cada três pessoas que morreram em acidentes de trânsito na capital paulista em julho estava alcoolizada, de acordo com dados do IML (Instituto Médico Legal). No total, porém, o total de mortes em acidentes caiu pouco mais de um terço em relação a julho de 2007.

A conclusão é de um estudo do grupo de pesquisa de álcool, drogas e violência da Faculdade de Medicina da USP, apresentado ontem em seminário com autoridades e especialistas.

Embora tenha comemorado a redução --atribuída à lei seca--, o pesquisador Julio Ponce, um dos autores do estudo, reconhece que o percentual ainda é alto. Ele observa, entretanto, que, em 2007, os mortos no trânsito estavam alcoolizados em 45% dos casos.

"O resultado geral é positivo, já que o período analisado começou apenas dez dias após o início da lei [que entrou em vigor em 20 de junho]", pondera. Os dados de agosto ainda não foram fechados pelo IML.

Para o especialista em segurança do trânsito da UnB Paulo César Marques, ainda é cedo para tirar qualquer conclusão, embora ele considere "animadores" os dados dos três primeiros meses da lei seca.

"É preciso aguardar para comparar uma série maior. Os números do trânsito no país ainda são muito ruins", afirma.

A pesquisa aponta ainda redução das mortes no trânsito em relação ao total --eram 15%, em 2007; agora são 10%. Segundo Ponce, a lei tem reflexos não só no trânsito mas também em outros tipos de morte.

Ele cita como exemplo os homicídios. Em julho de 2007, 41% das vítimas haviam ingerido álcool. Neste ano, 28%.
A redução, entretanto, não é regra: nas mortes por atropelamento, o percentual de alcoolizados subiu de 31% para 52%.

A lei prevê multa de R$ 955 para quem apresentar entre 0,1 mg/l e 0,29 mg/l de álcool no ar expelido dos pulmões. Isso equivale a um copo de chope.
A partir de 0,3 mg/l, o equivalente a dois copos de chope, o motorista poderá ser preso.



Lei seca para drogas


Presente ao evento, o ministro José Gomes Temporão (Saúde) afirmou que o governo estuda criar uma espécie de "lei seca" para outras drogas, como anfetaminas e antidepressivos, além de drogas ilícitas. Mas ainda não há projeto pronto.

Dados preliminares da Senad (Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas) mostram que 2% dos motoristas tinham usado maconha, 1,7% usaram anfetaminas e 1,5%, cocaína, menos de 24 horas antes de dirigir em rodovias próximas a cinco capitais: Porto Alegre, Florianópolis, Cuiabá, João Pessoa e Maceió.

O estudo mostra ainda que 6% dos motoristas haviam bebido --metade em nível suficiente para ser considerado crime de transito. Para participar, os motoristas não são obrigados a se identificar nem sofrem qualquer punição.


Fonte: Folha de São Paulo

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