18/09/2015

Mesa-redonda debate desigualdade em temas emergentes da Bioética

Um dos temas em discussão nas mesas da tarde de quinta-feira, no Congresso de Bioética, foi conduzido por José Eduardo Siqueira, da PUCPR, Monique Pyrrho, do Ministério de Ciência e Tecnologia, e Marco Antônio Bessa, conselheiro do CRM-PR

Na programação do XI Congresso Brasileiro de Bioética desta quinta-feira, a mesa-redonda coordenada por Ida Gubert debateu desigualdade em temas emergentes da Bioética. A mesa contou com exposições de três palestrantes. José Eduardo de Siqueira, da PUCPR, falou sobre “Descobertas biotecnocientíficas e necessidades clínicas artificialmente produzidas”. “Narcisismo, biotecnologia e as drogas do amor” foi o tema da apresentação de Monique Pyrrho, do Ministério de Ciência e Tecnologia. O conselheiro do CRM-PR, Marco Antônio Bessa, falou sobre “Usos e abusos com a utilização de placebo em pesquisas clínicas”.

clique para ampliar>clique para ampliarConselheiro Marco Antonio do Socorro Marques Ribeiro Bessa, apresentando o tema "Usos e abusos com a utilização de placebo em pesquisas clínicas". (Foto: Amália Dornellas/CRM-PR)

Dr. Bessa pontuou fatos históricos sobre o uso de placebos em pesquisas científicas. Apresentando alguns casos de pesquisas que foram trágicas na história, mostrou que a população mais vulnerável e com menos condições de defesa ainda está exposta a condições de risco em estudos conduzidos de forma inescrupulosa ao redor do mundo.
No Brasil, o Código de Ética Médica proíbe ao médico “manter vínculo de qualquer natureza com pesquisas médicas, envolvendo seres humanos, que usem placebo em seus experimentos, quando houver tratamento eficaz e efetivo para a doença pesquisada”.

A palestra do Dr. Siqueira, que também já foi presidente da Sociedade Brasileira de Bioética, abordou a relação da tecnologia com o afastamento da humanização do médico. “O fascínio da tecnologia não ocupa só território dos profissionais de saúde, mas de toda a população. Não é incomum ver o paciente reclamar se você não pede o exame ou não prescreve nada, pois não há necessidade. Houve um período em que havia a confiança. A pessoa procurava o profissional e entendia e acolhia a reflexão do médico. Mas passamos a ficar cativos da tecnologia. Antes, o exame era complementar ao diagnóstico que era concluído através da anamnese, do exame clínico. Hoje, primeiro se pede os exames, depois se faz o diagnóstico. É uma subversão”, afirmou.

Em sua apresentação, ele mostrou a diferença entre os médicos que são formados e os médicos que deveriam ser formados. Fatores como, conteúdos curriculares com exagerada ênfase em conhecimentos técnicos; profissionais com visão fragmentada do conhecimento e que percebem o ser humano como objeto de estudo; profissionais que tomam decisões clínicas baseadas unicamente em dados científicos; profissionais com a ética da realização pessoal, confrontam com a necessidade de inserção de conteúdos humanistas transversalmente ao longo de toda formação acadêmica; profissionais com formação humanista, críticos e preparados para acolher o paciente como ser biográfico; profissionais dotados de responsabilidade social e que tomem decisões baseadas em dados científicos e valores humanos; profissionais com a ética da alteridade.

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