24/08/2006
Médicos residentes fazem paralisação
Reivindicando aumento na bolsa de R$ 1.470,00 que recebem há cinco anos sem nenhum reajuste, os cerca de 17 mil médicos residentes
do País realizam hoje um dia de paralisação. Em Curitiba, as manifestações se concentrarão em frente ao Hospital de Clínicas
(HC) da Universidade Federal do Paraná, a partir das 10h.
O médico residente Jan Pavel, presidente da Associação dos Médicos Residentes do Hospital Evangélico, explicou que já
houve uma reunião com o Ministério da Educação para tratar sobre o reajuste e o governo federal comprometeu-se a conceder
um aumento de 30% na bolsa. No entanto, como a bolsa é única em todo o País e apenas 20% dos residentes recebem via Ministério
da Educação (há ainda os filiados às Secretarias Estaduais de Saúde e à iniciativa privada) esse aumento segue em discussão,
mas sem grandes avanços. "O movimento é para tentar apressar a aprovação desse reajuste. Também estamos reclamando melhores
condições de trabalho e carga horária mais adequada", comentou.
Justamente pelo fato de o Ministério da Educação já ter sinalizado com a possibilidade do reajuste, Jean Alexandre Furtado
Francisco, presidente da Comissão Estadual de Residência Médica, que regulamenta e fiscaliza as instituições com programas
de residência, disse estar surpreso com a paralisação. "O governo já se comprometeu com o reajuste, mas estamos em período
eleitoral e é impossível concedê-lo agora. No entanto, passando as eleições e resolvendo essas questões de como as secretarias
e a iniciativa privada pagarão por isso, eles terão o merecido reajuste", explicou. Quanto à carga horária, o médico lembrou
que havia uma normativa que determinava a exclusividade do residente com a instituição. "Essa normativa caiu e, agora, para
aumentar a renda, os residentes fazem, além da carga horária de 60 horas, plantões em outros hospitais", citou.
Apesar de apoiarem totalmente o movimento nacional, os residentes do Hospital Evangélico garantiram que não vão parar
completamente. "Só haverá paralisação em algumas especialidades. Em áreas de maior urgência e complexidade o atendimento será
normal", assegurou Pavel. Essa também será a postura dos residentes do HC, que garantem que trabalharão, ao menos, com metade
da equipe. No Hospital Universitário de Londrina, 110 dos 160 residentes prometem parar. Dados do Conselho Federal de Medicina
apontam que, em hospitais onde há programas de residência médica, 70% do atendimento é feito por residentes.
Fonte: O Estado do Paraná