02/09/2009
Médicos pedem que o MS apresente estratégia personalizada no enfrentamento à gripe pandêmica no Paraná
Representantes de entidades médicas, hospitais, gestores em saúde e da sociedade civil organizada estiveram reunidos na sede
do Conselho Regional de Medicina do Paraná, em Curitiba, na última sexta-feira, dia 28 de agosto, para uma discussão técnica
referente à Influenza A (H1N1) pandêmica. Na oportunidade, contaram com a presença do Secretário de Vigilância em Saúde do
Ministério da Saúde, o Doutor Gerson Oliveira Penna, que apresentou histórico mundial da pandemia e no Brasil, com base em
dados epidemiológicos, sintomas, tratamento e número de casos suspeitos, confirmados e óbitos. A presença do representante
do MS tornou possível que os participantes apresentassem a realidade, que aponta o Paraná como um dos estados com a maior
taxa de mortalidade do país. Até o dia 28 de agosto, foram confirmadas 178 mortes por causa da doença, de acordo com dados
da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA).
Durante a reunião, foi solicitado que o MS dê atenção diferenciada ao Paraná e que seja estudada linha de financiamento
para pesquisas sobre a gripe. De acordo com o assessor técnico do Comitê Municipal de Prevenção e Controle da Gripe A H1N1
de Curitiba, Moacir Pires Ramos, o objetivo é fazer estudo caso-controle da doença e, assim, aumentar as chances de melhor
enfrentamento da pandemia em todo o país.
Para ele, a iniciativa do Conselho Regional de Medicina do Paraná em convidar o MS para uma reunião no Estado foi essencial
para clarificar os dados, apresentar a realidade e "uma ótima oportunidade para acertar discursos". Os participantes puderam
sanar dúvidas, trocar experiências e principalmente expor a realidade que estão enfrentando em hospitais, clínicas e postos
de atendimento públicos. Relatos feitos por médicos, que lidam diariamente com o tratamento da pandemia, indicam o que o uso
antecipado do remédio em pacientes com diagnóstico clínico de gripe, somado ao acompanhamento médico, tem contribuído para
diminuir a necessidade de internação e complicações causadas por doenças respiratórias agudas graves, seja Influenza ou não.
"E por que temos a maior taxa? Será que estamos diagnosticando mais?", questiona o infectologista. Em sua opinião, o Paraná
está investigando melhor e por isso apresenta altos índices de contaminação. Para demonstrar sua tese, ele usa o exemplo o
município de Foz do Iguaçu que tomou a decisão, com base na observação de infectologistas e no monitoramento diário da doença
feito pela rede de saúde, de recomendar que o remédio seja ministrado em pacientes que apresentem sintomas de gripe nas primeiras
48 horas. "Quando eles passaram a prescrever Tamiflu a todos os pacientes com diagnóstico clínico de gripe, o número de óbitos
foi controlado, mas, como eles fizeram isso precocemente (antes da alteração no Protocolo do Ministério da Saúde), também
passaram a receber os casos graves dos municípios vizinhos e até mesmo de outros países, como o Paraguai", afirma.
Logo após a reunião, a Secretária da Sociedade Paranaense de Infectologia, Rosana Camargo, entrou em contato com a infectologista
do Município de Foz do Iguaçu, Flavia Julyana Pina Trench. Com base em dados da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Município,
a médica informou que até o dia 26 de agosto foram notificados 792 casos, sendo 153 confirmados e 485 suspeitos. Somente no
município 15 pessoas foram a óbito em decorrência da doença.
"Foz está atenta a possíveis casos desde maio. Consequentemente, tem maior sensibilidade e é mais capaz de diagnosticar
quem teve gripe H1N1", afirma Flavia Trench. Para ela, o fato dos municípios não terem casos ou apresentarem poucos casos
pode ser, simplesmente, porque os casos não foram diagnosticados. "A única garantia que temos aqui para gripe é o uso do Oseltamivir
e o médico tem que dar o melhor tratamento para seus pacientes", finaliza.