08/07/2013

Médicos fazem protesto em Londrina

Em passeata, profissionais e estudantes pediram melhores condições de trabalho e a aplicação do exame Revalida para estrangeiros

Médicos de Londrina foram às ruas pela saúde neste sábado para protestar por melhores condições de trabalho na saúde pública, pela manutenção do Revalida entre outros temas. Assista a reportagem veiculada no Jornal da Massa sobre o movimento.

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            para ampliarProtesto em Londrina (Foto: César Augusto / Folha de Londrina.)

Concentrados no Calçadão do centro, caminharam até a Concha Acústica, protestando contra as condições de trabalho, a falta do plano de carreira e também pela importação de médicos sem a aplicação do Revalida. O presidente do CRM-PR, Alexandre Gustavo Bley, estava na cidade e também participou do movimento. "Somos contra a vinda de médicos estrangeiros sem a devida análise de suficiência técnica [Revalida] e da língua portuguesa, pois a relação médico-paciente é baseada em comunicação. Ainda, o país inteiro precisa discutir um projeto de estado de estruturação da saúde a longo prazo, para que os profissionais da saúde não precisem mais passar por todas essas dificuldades. E a população é quem sofre com isso", afirma.

Alberto Toshio Oba, presidente do Sindicato dos Médicos do Norte do Paraná, criticou a relutância do governo federal em aprovar a Emenda 29, que determina que 10% do orçamento federal seja destinado à saúde. "Já existe a obrigatoriedade dos municípios destinarem 15% e o Estado 12%. Sozinho, o município não tem suporte para gerir a saúde", explica.

Segundo ele, a falta de um plano de carreira também é um dos impeditivos para que os médicos se candidatem a trabalhar em municípios pequenos. "Com o plano, depois de alguns anos ele poderia pleitear voltar para um município maior. O problema é que falta estrutura para trabalhar nesses locais", critica.

Outra preocupação é a qualidade dos profissionais cubanos. "Não acredito que eles trarão médicos de Portugal ou Espanha, o convênio é com uma universidade de Cuba. Esses médicos terão longas três semanas de treinamento para falar o português", ironiza.

Médico há 50 anos, o anestesiologista Adauto Rocha afirmou que os principais problemas do País são a saúde e a educação. "Faltam condições para trabalhar e os salários são baixos. A situação vem se deteriorando há muito tempo. Eu estou aposentado e fui chamado para voltar a trabalhar."

Estudantes de medicina também participaram do protesto e dizem se preocupar com as futuras condições de trabalho. Daniela Queiroz Alexandrino, aluna do 3º ano, reclamou que desde a universidade as condições já não são boas. "A UEL oferece um ótimo curso, mas várias outras estão em condições precárias. Depois de formado, o médico vai para o interior e não tem equipamentos para um exame, não tem materiais básicos, ele precisa comprar coisas do próprio bolso. Já na faculdade faltam coisas. Também somos contra a vinda de médicos de outros países sem a realização da prova. Passamos por um ensino rigoroso e eles virão sem nada? Trazer médico de fora é um tapa-buracos", alega.

Para a autônoma Terezinha Vieira, que acompanhou parte dos protestos, o governo deveria "batalhar" pelos profissionais brasileiros. "Uso o Sistema Único de Saúde (SUS) e fico preocupada sim. Esses médicos de fora teriam que conhecer o povo brasileiro, acho que só três semanas de treinamento é muito pouco."

Fonte: Folha de Londrina, repórter Érika Gonçalves, com informações do CRM-PR.

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