11/12/2007
Médicos exigem compromisso do governo federal com os cidadãos e a liberação de recursos para a saúde
O Brasil vive um dos piores momentos da saúde pública. Há um grave risco de colapso geral do sistema em conseqüência da
crônica falta de recursos, agravada pelo desvio de parte das verbas que legalmente pertencem ao setor.
O apagão da saúde é quase um fato consumado e seus reflexos são evidentes: hospitais públicos, Santas Casas e instituições
filantrópicas encontram-se à beira da falência. Greves se espalham por todo o país em virtude da falta de valorização dos
recursos humanos - uma consulta médica, por exemplo, é remunerada a irrisórios R$ 7,00 no SUS, pois a Tabela não tem reajuste
há anos.
Os hospitais universitários também estão prestes a quebrar: acumulam uma dívida de R$ 450 milhões e uma parcela deles
já desativou unidades de transplantes, fechou centros cirúrgicos, somando problemas em todas as áreas, da estrutura aos equipamentos.
Diante desse quadro de falência múltipla do SUS, é primordial uma tomada de posição séria por parte das autoridades
competentes para garantir aos cidadãos uma oferta de qualidade às demandas de saúde. Portanto, é com indignação e pesar que
os médicos brasileiros receberam a notícia de que o Governo Federal pode recuar no já anunciado repasse de R$ 2 bilhões ao
sistema de saúde, veiculada nos últimos dias pelos ministros Guido Mantega, da Fazenda, e Paulo Bernardo, do Planejamento.
É fato que esse montante está longe do necessário para reverter definitivamente o iminente caos na saúde, porém,
trata-se de intervenção de emergência, essencial para evitar o colapso súbito de toda a rede de atendimento à população.
A Associação Médica Brasileira lamenta profundamente tais contradições. Exigimos que seja mantido o compromisso de
liberação de recursos assumido recentemente com o ministro da saúde, José Gomes Temporão.
A AMB e os médicos brasileiros esperam ainda que o Governo Federal libere sua bancada para votar imediatamente a
regulamentação da Emenda Constitucional 29, que estabelece a destinação obrigatória de recursos para o setor e que também
definirá quais investimentos poderão ser considerados nessa rubrica.
Ignorar essas questões é voltar as costas para a saúde dos cidadãos brasileiros. Isto é inaceitável.
Fonte: AMB