01/07/2011

Médicos do Estado de São Paulo param de atender a dez planos de saúde

Paralisação será escalonada: a cada semana, uma especialidade diferente suspenderá o atendimento por três dias


A assembleia dos médicos do Estado de São Paulo, que reuniu mais de 500 profissionais no dia 30 de junho, decidiu suspender o atendimento a 10 operadoras de planos e seguros de saúde que ignoraram as propostas de negociação apresentadas pela Comissão Estadual de Honorários Médicos, composta pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Associação Paulista de Medicina, Academia de Medicina, sindicatos médicos e sociedades de especialidades.

Serão alvo da paralisação as seguintes operadoras: Notredame e Porto Seguro (seguradoras); Intermédica, Gama Saúde e Green Line (medicina de Grupo); ABET - Telefônica -, Caixa Econômica Federal, Cassi - Banco do Brasil -, Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e Embratel (autogestões). Outras seis empresas, que responderam com propostas aquém das reivindicações (Amil, Golden Cross, Medial, Geap, Marítma e Amico), terão prazo de 30 dias para novas negociações.

Os médicos reivindicam recomposição do valor da consulta médica para R$ 80,00 e valores de procedimentos atualizados de acordo com a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM). Além disso, pedem a regularização dos contratos entre médicos e operadoras com a inserção de cláusula de reajuste anual.


Paralisação escalonada

Para não prejudicar o atendimento ao usuário, a assembleia decidiu paralisar o atendimento de forma escalonada, uma especialidade médica por vez. Por exemplo: em uma semana, durante três dias, oftalmologistas deixarão de atender os convênios. Na semana seguinte seria a vez dos cardiologistas, e assim por diante.

O cronograma de paralisação será definido e amplamente divulgado nos próximos 20 dias.


Impacto da paralisação

Os 10 planos de saúde que terão o atendimento paralisado reúnem cerca de três milhões de paulistas. Funcionam no Estado 327 operadoras de planos de assistência médico-hospitalar com registro ativo na ANS.

Além dos 16 planos de saúde inicialmente contatos pelas entidades médicas outras empresas serão selecionadas no mês de julho para início de negociações, considerando aquelas com maior número de usuários e as que praticam os menores valores de honorários.

Dentre os 106 mil médicos em atividade no Estado de São Paulo, cerca de 58 mil atendem planos e seguros de saúde.
Os planos de assistência médica têm 18, 4 milhões de usuários paulistas, dentre 46,6 milhões de beneficiários no Brasil. É o Estado com maior presença da assistência suplementar: 44,7% da população tem plano de saúde, sendo 59,8% de cobertura em São Paulo e 39,1% no interior.


Relação deteriorada

Durante a assembleia dos médicos foi divulgada pesquisa do Cremesp, feita pelo Instituto Datafolha com 644 médicos em abril de 2011. A pesquisa revelou que no estado de São Paulo 74% dos médicos que atendem planos de saúde consideram ruim ou péssima a relação das operadoras com os profissionais prestadores.

A crise entre a classe médica e os planos de saúde deteriorou muito nos últimos quatro anos. Em 2007, 43% dos médicos que atendiam planos de saúde já afirmavam que tinham problemas com as operadoras, especialmente relacionados a baixos valores de honorários médicos, glosa ou negação de consultas, internações, exames, procedimentos e outras medidas terapêuticas.

Em 2011, o Cremesp também quis saber como anda a relação dos médicos com os empregadores públicos - com o Sistema Único de Saúde (SUS). Na avaliação de 59% dos médicos, a relação do SUS com os profissionais é ruim ou péssima. Ou seja, os médicos estão mais insatisfeitos com os planos de saúde (74%) do que com o SUS.


Fonte: Cremesp

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