07/02/2010
Médicos debatem carreira de estado com o Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde e as três entidades médicas nacionais - Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Médica Brasileira
(AMB) e Federação Nacional dos Médicos (Fenam) - poderão trabalhar juntos na elaboração de uma proposta de carreira de estado
para os profissionais médicos vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS). A necessidade de realizar um trabalho sobre esse
assunto foi uma das conclusões da reunião realizada nesta quinta-feira (4), em Brasília, entre representantes do MS e da Comissão
Nacional Pró-SUS - Remuneração e Mercado de Trabalho do Médico.
No I Encontro Nacional de Conselhos de Medicina, previsto para a primeira semana de março, em Florianópolis (SC), os presidentes
do CFM, da AMB e da Fenam reforçarão juntos aos participantes a importância de definir os parâmetros para a proposta. A partir
daí, deve ser definido pelos médicos o perfil dessa carreira, que incluirá aspectos como forma de contratação, infra-estrutura
de trabalho, carga horária, grau de dedicação e remuneração.
De acordo com o 2º vice-presidente do CFM e coordenador da Comissão Pró-SUS, Aloísio Tibiriçá, a criação da carreira de
estado do médico será fundamental para garantir assistência de qualidade, sobretudo em regiões carentes e de difícil provimento,
o que foi apontado como um "nó crítico" pelos próprios representantes do MS na reunião. No entanto, segundo Tibiriçá, a proposta
não deve se limitar às regiões afastadas, mas "ser ampliada a partir das discussões".
"Nosso pleito se relaciona diretamente com a luta pelo fim da precarização e da má remuneração do trabalho médico. Este
problema atinge não apenas municípios do interior, mas até cidades como o Rio de Janeiro, onde se encontra hoje a maior rede
federal própria", pontuou Tibiriçá, se referindo ao trabalho médico nas unidades do Ministério da Saúde naquele Estado. "Trata-se
de uma aberração. Os médicos são submetidos a contratos temporários com salários baixos. E é feito um concurso com remuneração
de R$ 2.222,00, incluídas as gratificações, o que não resolve o problema", ressaltou.
Agenda de prioridades - Na conversa com o assessor Especial do Gabinete do Ministro, Adson França, e com coordenadora
de Gestão de Recursos Humanos do Ministério da Saúde, Maria Helena Machado, os representantes das entidades médicas levaram
as principais reivindicações relacionadas ao serviço público de saúde. A reunião integra uma estratégia de necessidade de
apresentar a pauta dos médicos aos gestores em busca de garantir melhoras efetivas nas condições de trabalho e de assistência
oferecidas.
Entre os temas apresentados também esteve a regulamentação da Emenda Constitucional 29 - que garante o aumento de dotações
orçamentárias em níveis federal, estadual e municipal para o SUS. Os médicos defenderam a aprovação imediata do projeto -
que se encontra parado no Congresso - como saída para assegurar mais recursos para a saúde pública, o que pode permitir, inclusive,
reajuste dos valores pagos aos profissionais.
Outro ponto analisado foi a proposta da Comissão Pró-SUS para elaboração de um plano de cargos, carreiras e vencimentos
(PCCV) para os médicos. O documento - preparado em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) - foi entregue ao MS. "Nossa
proposta, construída com base num diagnóstico realizado por profissionais e especialistas em recursos humanos, deverá nortear
mudanças. Os gestores do Ministério da Saúde se comprometeram a usá-lo como subsídio para a formulação de propostas que já
se encontram em desenvolvimento", explicou o representante da Fenam na reunião, Márcio Bichara.
CPHPM - Também houve sinalização positiva no sentido de implantar no âmbito do SUS da Classificação Brasileira Hierarquizada
de Procedimentos Médicos (CBHPM). De acordo com Florentino de Araújo Cardoso Filho, da AMB, os representantes do Ministério
da Saúde confirmaram a intenção de iniciar estudos sobre a proposta, que tem sido defendida pelas entidades profissionais
ao longo dos últimos anos.
Segundo Tibiriçá, os gestores federais também disseram que pretendem solidificar políticas públicas na saúde, que hoje
são definidas em portarias, por meio de leis. Na lista de assuntos que se enquadrariam neste perfil, estão as políticas nacionais
de urgências e emergências, a de assistência farmacêutica, e a de recursos humanos para o SUS, que, de acordo com o coordenador
da Comissão Pró-SUS, devem avançar, independentemente das ações legislativas.
Aloísio Tibiriçá considerou a reunião positiva por estabelecer um canal de diálogo entre os médicos e a gestão federal
do SUS. Em sua opinião, caberá aos profissionais se manterem atentos e articulados para cobrar os resultados.
Até porque,
explicou o coordenador da Comissão Pró-SUS, os porta-vozes do Ministério da Saúde relataram o interesse de trabalhar com as
entidades médicas. Da reunião desta quinta-feira, também participaram os conselheiros do CFM Mauro Ribeiro e Frederico Melo.
Fonte: CFM