17/02/2009
Médicos de SP identificam oito genes relacionados ao enfarte
Pesquisadores buscam a prevenção personalizada para a doença, que mata cerca de 35 mil por ano
Pesquisadores de São Paulo dizem ter desvendado a composição genética que torna o coração uma bomba-relógio. Durante um
ano, 350 mil genes humanos foram mapeados e oito deles identificados como principais "culpados" do enfarte. O estudo foi conduzido
pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e pela USP. Os médicos estão otimistas que vão encontrar a prevenção personalizada
para a doença, que faz 100 mil vítimas e mata 35 mil brasileiros por ano.
"Conseguimos mapear qual é a rota percorrida dentro do organismo que termina no enfarte", diz o cardiologista do Dante,
Marcelo Sampaio, que liderou o estudo ao lado do médico Mário Hirata, da USP. Esta foi a primeira etapa da pesquisa, inédita
na América Latina, que está programada para se estender até o final de 2010. Para ser adotado em laboratórios, o caminho é
bem mais longo.
"Quando o estudo estiver plenamente concluído será possível atestar em uma pessoa de 20 anos se ela possui os genes do
enfarte e adotar medidas preventivas", completa Sampaio. "A prevenção não precisa ser só remédio. Pode ser indicação de uma
rotina mais expressiva de exercício físicos ou atenção maior ao colesterol."
Nesta primeira etapa, dez pacientes que sofreram ataques cardíacos entre 2006 e 2007 foram acompanhados. Quando deram
entrada no hospital, o sangue foi coletado e enviado para institutos internacionais onde foi analisado geneticamente. Na próxima
fase, outros cem pacientes serão mapeados.
Os genes identificados são mantidos em sigilo, pois um dos objetivos é patenteá-los para a produção de medicamentos. O
que já foi revelado é que todos os oito genes são ligados ao processo inflamatório. "Isso orienta a produção de drogas preventivas
(na linha de anti-inflamatórios), já que os fármacos atuais combatem as consequências e não a prevenção", diz Sampaio.
PREVENÇÃO
Outra descoberta foi que os genes para a reincidência são diferentes, o que indica que o tratamento não pode ser o mesmo
nos dois casos.Antônio Carlos Chagas, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, reforça que a receita para prevenir
o enfarte é velha conhecida. "Temos uma cardiologia de ponta, mas uma política preventiva ainda muito ineficiente", opina.
"Apenas 16% dos que sofrem de pressão alta estão em tratamento, 40% das pessoas nunca fizeram testes para diabetes, as pessoas
ainda fumam muito e o número de sedentários e obesos se multiplica."
Fonte: O Estado de São Paulo