16/11/2008
ADMINISTRAÇÃO
Saúde precisa de comando
administrativo e apartidário
O próximo secretário de Saúde de Cascavel não precisa
necessariamente ser um técnico, desde que tenha visão de administração e se cerque de bons técnicos
em saúde e tenha uma posição apartidária. Essa é a opinião do coordenador do curso
de Medicina da Unioeste, professor Marcos Menezes Freitas de Campos.
O potencial que Cascavel tem de profissionais e alunos do curso de Medicina poderia ser mais bem aproveitado para
oferecer atendimento à população, mas precisa de maior parceria do Município com o hospital,
considerou o médico.
O coordenador do curso de Medicina da Unioeste, que é também coordenador da UTI (Unidade de Terapia
Intensiva) do hospital, opina que a saúde pública em Cascavel não é ruim, não é
caótica como muitas vezes é definida. “A saúde pública é caótica em grandes
centros, no Estado do Paraná como um todo o atendimento é bom”, disse o médico.
Para o coordenador do setor de Clínica Médica do HU (Hospital Universitário), médico
Gerson Luiz Bredt, existe um senso comum de que quanto mais postos de saúde, quanto mais médicos atendendo,
mais problemas vão aparecer, mais remédios vão faltar, mais fila para exames complementares e em consultórios
de especialistas. “Há em Cascavel vários caminhos para que a saúde melhore. E um dos elementos
que está sendo mal utilizado é a universidade, o HU, apesar de estar aparentemente cheio. Há uma
idéia inicial de que o pronto-socorro está sempre cheio, que o hospital está sempre cheio, mas nós
temos médicos e podemos oferecer mais auxílio assistencial, temos vários campos de abertura para o
atendimento primário e secundário em Cascavel”.
Para o médico Gerson Bredt, o sistema de atendimento que existe hoje no Município, caso do PAC (Posto
de Atendimento Continuado), é um modelo que não existe no Brasil nem no mundo. “E é completamente
distorcido. Não é possível atender da forma como vem sendo feito, sem uma estrutura gigantesca por
trás, sem contar com o custo gigantesco que tem”.
O médico e professor se refere aos internamentos que o PAC faz, que em alguns casos acabam no HU e cujo tratamento
fica ainda mais caro. Para o coordenador de Clínica Médica do HU, para o atendimento que vem sendo feito no
PAC é preciso uma estrutura gigantesca, tanto de médicos, de profissionais de saúde, quanto de equipamentos
e espaço físico.
MUDANÇAS
Governos devem investir em promoção
Resolver os problemas da saúde pública é uma questão cultural, uma mudança
de visão sobre medicina preventiva e curativa. Esta é a opinião do médico Jorge Tranin, que
defende o que a segunda conferência mundial da saúde já pregava em 1988: ações que envolvam
equipe multiprofissional. Ou seja, não somente pensar em posto de saúde, contratação de médicos
e ações para prevenir doenças, mas em promover a saúde com geração de emprego,
ações que protejam o meio ambiente para que a população tenha qualidade de vida no meio em
que vivem, cultura, lazer e educação.
“Precisamos de médicos, é claro, mas precisamos mudar, principalmente, a visão de saúde.
Só pensarmos em saúde preventiva e curativa não é o suficiente”, considera Tranin.
Para o médico, há de se pensar em uma discussão mais ampla, unindo profissionais de todos os
setores, porque é no conjunto das ações que se previne a saúde da população. Para
isso, reunir médicos com profissionais da educação, da cultura, do meio ambiente, da indústria
e do comércio, entre outras áreas, é o começo para melhorar a qualidade de vida das pessoas
e prevenir doenças. “A saúde da população é conseqüência da falta de
emprego, de lazer e cultura, de educação e de um meio ambiente de qualidade”, considera o médico
Jorge Tranin.
O médico Jorge Tranin defende um conjunto de ações que levam o cidadão a uma condição
de vida com maior qualidade, satisfação, e cujos resultados são melhores condições
de saúde, já que os problemas de falta de emprego, educação, meio ambiente saudável,
lazer, afetam a saúde do homem.
Fonte: Jornal Hoje - Cascavel (15/11/2008)