28/06/2012
Médicos condenam revalidação automática de diploma estrangeiro
Alexandre Martins Eleuses Paiva afirmou que não faltam médicos, mas política para fixar os profissionais
Participantes de seminário realizado na Câmara criticaram a revalidação automática de diplomas de médicos que se formaram
em outros países. No evento, além da formação dos médicos, foi debatida a proposta de emenda à Constituição que cria a carreira
de Estado para os médicos (PEC 454/09). O seminário foi organizado pelas comissões de Seguridade Social e Família da Câmara
e de Assuntos Sociais do Senado para discutir prioridades da Frente Parlamentar da Saúde para o setor.
Sobre a revalidação dos diplomas, os debatedores alertaram para o fato de que várias faculdades, principalmente da América
Latina, não preparam adequadamente os médicos - o que provoca, inclusive, riscos para os pacientes.
O professor Milton de Arruda Martins, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, defendeu o exame Revalida,
adotado no Brasil desde 2011 para que os médicos que estudaram no exterior possam revalidar o diploma. Segundo ele, dos 714
médicos inscritos no Revalida de 2011, 417 eram brasileiros que fizeram medicina no exterior, principalmente na Bolívia, em
Cuba e na Argentina. Dos 536 participantes, só 65 conseguiram aprovação o que, para ele, confirmou que a formação da maioria
dos candidatos é inadequada.
Opinião parecida tem o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Florentino Cardoso. "Há muitas faculdades de
medicina fora do Brasil de qualidade muito ruim e não podemos expor a população ao risco. No estado do Ceará tem vários casos
de pessoas mal formadas fora do Brasil, que vieram para o Brasil, revalidaram os diplomas de maneira torta, não adequada.
Eles têm um índice de complicação acima da média, bastante acima da média", afirmou Cardoso.
Propostas O deputado Eleuses Paiva (PSD-SP) é autor de um projeto que transforma em lei a portaria interministerial que
criou o Revalida (PL 3845/12), com algumas modificações. Ele também apresentou a proposta de emenda à Constituição que cria
a carreira de médico nos serviços públicos federal, estadual e municipal (PEC 454/09).
Eleuses Paiva acredita que a PEC vai ajudar a resolver o problema da falta de médicos em determinadas localidades do Brasil
e citou dados do Conselho Federal de Medicina, segundo o qual, ao contrário do que se pensa, não há escassez de médicos no
País. A PEC que cria a carreira de Estado para os médicos já foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e aguarda
a formação de uma comissão especial onde será analisada.
"Não falta médico. Falta uma política inadequada da fixação dos médicos nas cidades menores, nas cidades mais distantes,
nas periferias das cidades. O próprio Ministério da Saúde reconhece a precariedade do vínculo entre o profissional de saúde
e o gestor. Com essa PEC queremos acabar com essa precariedade, para que nós possamos ter profissionais à disposição da sociedade
brasileira em qualquer setor do território nacional."
Fonte: Agência Câmara