21/09/2007
Médicos condenam prática de 'empurroterapia' nas farmácias
Em troca de comissão, balconistas tentam substituir remédios receitados por outros
Ao entrar em uma farmácia para comprar medicamentos, nunca aceite palpite do balconista. Siga à risca a orientação médica
e ignore qualquer indicação do atendente. Caso contrário, você pode virar vítima de uma prática conhecida informalmente nos
meios médico e farmacêutico como "empurroterapia", situação em que o cliente é, literalmente induzido a adquirir o remédio
determinado pelo funcionário. Não se engane! O que parece bondade, pode ser uma atitude cheia de segundas intenções. É que
geralmente as medicações oferecidas são "bonificadas". Ou seja, os laboratórios oferecem descontos no repasse dos remédios
às farmácias e os balconistas que vendem tais medicações ganham comissões.
A situação é bastante comum e conhecida. Quem faz uso de remédios regularmente sempre recebe um palpite ou
outro do balconista na hora de adquirir os produtos. Moradora do Corredor da Vitória, a aposentada Mirtes Sacramento, 63 anos,
sempre vai ao centro da cidade para comprar suas medicações para hipertensão e diabetes. Ela conta que, independente da farmácia,
o atendente sempre tenta empurrar uma outra medicação, mas ela diz que nunca acata a sugestão. Mirtes afirma que segue rigorosamente
a prescrição do médico.
"Sempre digo não. Por que eles (os balconistas) querem nos convencer a comprar a mercadoria que indicam? Se
meu médico passou o remédio, exijo exatamente o que está na receita", dispara. Ao contrário da aposentada, a empregada doméstica
Adélia da Silva, 36 anos, sempre acata as sugestões dos atendentes das farmácias. Segundo ela, os vendedores costumam oferecer
medicações mais baratas do que as que estão na receita. "Me dizem que tem um remédio mais barato e que faz o mesmo efeito.
Por isso, aceito. Mas, graças a Deus nunca tive nenhum problema por causa dos remédios indicados", salienta.
Orientações - O conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb), Marcos Luna, afirma
que, para evitar que o consumidor caia nesse tipo de armadilha, todo médico deve ter conhecimento das leis que estabelecem
regras sobre os medicamentos a serem prescritos. Os especialistas têm ainda que orientar devidamente o paciente a não aceitar
a troca, e dar opções, também, no caso de prescrição de medicamentos similares. "Assim, o cliente fica mais tranqüilo e seguro
na hora da compra, não se deixando levar pela conversa de pessoas não capacitadas e que, obviamente, estão sendo comissionadas
para vender o produto", assinalou Luna.
Fonte: Correio da Bahia (BA)