Dados detalhados sobre a cobertura assistencial podem ajudar pacientes a decidirem pela contratação e médicos pela adesão
aos planos de saúde
As entidades médicas nacionais exigem da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) transparência nas informações sobre
a cobertura assistencial oferecida pelos planos de saúde. Em documento entregue nesta sexta-feira (26), a categoria pediu
a urgente divulgação de dados como a quantidade e a distribuição geográfica dos leitos hospitalares e de UTI, laboratórios
e médicos disponíveis. Para comprovar o desequilíbrio entre o crescimento da demanda no setor e a oferta dos serviços, os
médicos também entregaram à agência reguladora uma série de reportagens, pesquisas e estudos que sugerem uma iminente crise
na saúde suplementar.
O documento, assinado pelos presidentes da Associação Médica Brasileira (AMB), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Federação
Nacional dos Médicos (FENAM), é um desdobramento das reivindicações que levaram os médicos ao protesto nacional de 15 dias
contra os abusos dos planos de saúde. Para as lideranças médicas, somente com o acesso público a informações detalhadas do
setor, será possível evitar excessos cometidos por alguns empresários, assegurando, sobretudo, o bom funcionamento da saúde
suplementar no país.
De acordo com Geraldo Ferreira, presidente da FENAM, a saúde suplementar teve seus objetivos desvirtuados em função do
modo como os empresários do setor têm operado, ou seja, com foco no lucro e ignorando necessidades apontadas pelos pacientes
e profissionais. "Os problemas existentes se acumulam e comprometem, sobremaneira, a assistência oferecida aos cerca de 50
milhões de brasileiros que fazem uso dos serviços contratados",avalia.
Na avaliação das entidades, com a estabilidade econômica e o aumento do poder aquisitivo da população, o volume de clientes
dos planos e seguros de saúde cresce significativamente a cada ano. Por outro lado, inúmeros relatos levaram os médicos a
questionar se as redes assistenciais (lista de médicos conveniados, leitos e laboratórios disponíveis) acompanharam essa evolução.
"Além de permitir o controle social, a transparência sobre os dados da cobertura assistencial pode ajudar o paciente a
decidir se ele contrata ou não um plano. Para os médicos, o acesso aos dados permitirá que ele avalie se o plano oferece infraestrutura
e condições de trabalho suficientes para atendimento em uma determinada região", argumenta Roberto d´Ávila, presidente do
CFM.
Insatisfação generalizada
Os médicos também entregaram à ANS um dossiê com reportagens, pesquisas e um estudo do Instituto Brasileiro de Defesa
do Consumidor (Idec) que sugerem o estrangulamento da rede assistencial oferecida pelos planos de saúde. Além dos relatos
da imprensa, as recentes pesquisas realizadas pelo Instituto Datafolha, a pedido da Associação Paulista de Medicina (APM),
confirmam a insatisfação entre os médicos que atendem os convênios e a população que faz uso destes planos.
"Acreditamos que a Agência, órgão responsável pelo acompanhamento e regulação do setor, deve repassar os dados que possui
à sociedade e se não os detiver deve tomar providências junto às empresas. Estes gestos seriam entendidos como compromisso
da ANS com o interesse coletivo, sendo uma postura contrária injustificável diante do país", afirma Florentino Cardoso, presidente
da AMB.
O que os médicos querem
Levando em conta que planos e seguros separam sua clientela e rede assistencial por produto (tipo de plano ou seguro)
comercializado, as entidades médicas nacionais reivindicam o acesso às planilhas que consolidem a cobertura contratada. A
ideia é resgatar, na perspectiva de uma série histórica, dados registrados desde a criação da ANS.
Leia o documento na
íntegra.