06/07/2007

Médicos apontam intervenções de planos de saúde em tratamentos


Uma pesquisa realizada pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) e o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) aponta que as operadoras estão interferindo no tratamento dos pacientes para tentar reduzir seus gastos com consultas, exames etc.
Entre 1999 e 2006, médicos encaminharam ao Conselho Regional de Medicina 382 denúncias contra operadoras.

A SulAmérica foi a empresa com o maior número de queixas registradas --62. A Bradesco Saúde teve 17; Porto Seguro Saúde, Samcil e Interclínicas tiveram 12 cada uma.

Depois, vem a Unimed Jundiaí, com 11 denúncias registradas; Amil, Fundação Cesp, Cassi (Banco do Brasil) com dez queixas cada; e a Unimed Paulistana, que teve oito.

Segundo um levantamento feito pelo Datafolha entre os dias 2 e 11 de maio deste ano, 43% dos médicos conveniados a planos de saúde do Estado já sofreram ou ainda sofrem alguma restrição ou imposição quanto aos procedimentos adotados no tratamento de seus pacientes.

De acordo com o Cremesp, existem cerca de 90 mil médicos no Estado. Cerca de 55%, ou seja, 50 mil são conveniados a planos de saúde.

Desses, 82% dizem que a principal interferência das empresas diz respeito à negação de consultas, internações, exames, procedimentos e insumos; 81% dizem que não receberam pagamento de procedimentos realizados; e 59% afirmam que as empresas restringem o tratamento de doenças contraídas pelos clientes antes de eles terem contratado o plano de saúde.

Para o médico e diretor do Cremesp Renato Azevedo Júnior, o problema é causado pela diferença entre a relação médico-paciente e operadora-cliente. "O médico quer usar os meios mais adequados para recuperar o paciente. A operadora quer reduzir os custos e aumentar o lucro. É uma lógica diferente."

Reajuste

No estudo, também são criticados os aumentos aplicados às mensalidades dos planos, considerados "abusivos".
Segundo a pesquisa, desde de que a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) começou a regular os reajustes, em 2000, até o ano passado, as mensalidades dos planos individuais e familiares subiram 86,1%. No mesmo período, a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços aos Consumidor Amplo) foi de 70,8% --cerca de 15 pontos percentuais a menos.

Neste ano, o índice de aumento ainda não foi fechado pela ANS. Ele deve ser divulgado ainda nesta semana e ser próximo de 9%.

O percentual do aumento é calculado pela média dos reajustes aplicados aos planos coletivos, em que empresas oferecem assistência aos seus funcionários, por exemplo.


Leia no site da Folha de São Paulo a matéria "Entidades tentam barrar alta de planos de saúde".

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