Uma pesquisa realizada pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) e o Idec (Instituto Brasileiro
de Defesa do Consumidor) aponta que as operadoras estão interferindo no tratamento dos pacientes para tentar reduzir seus
gastos com consultas, exames etc.
Entre 1999 e 2006, médicos encaminharam ao Conselho Regional de Medicina 382 denúncias contra operadoras.
A SulAmérica foi a empresa com o maior número de queixas registradas --62. A Bradesco Saúde teve 17; Porto Seguro Saúde,
Samcil e Interclínicas tiveram 12 cada uma.
Depois, vem a Unimed Jundiaí, com 11 denúncias registradas; Amil, Fundação Cesp, Cassi (Banco do Brasil) com dez queixas
cada; e a Unimed Paulistana, que teve oito.
Segundo um levantamento feito pelo Datafolha entre os dias 2 e 11 de maio deste ano, 43% dos médicos conveniados a planos
de saúde do Estado já sofreram ou ainda sofrem alguma restrição ou imposição quanto aos procedimentos adotados no tratamento
de seus pacientes.
De acordo com o Cremesp, existem cerca de 90 mil médicos no Estado. Cerca de 55%, ou seja, 50 mil são conveniados a planos
de saúde.
Desses, 82% dizem que a principal interferência das empresas diz respeito à negação de consultas, internações, exames,
procedimentos e insumos; 81% dizem que não receberam pagamento de procedimentos realizados; e 59% afirmam que as empresas
restringem o tratamento de doenças contraídas pelos clientes antes de eles terem contratado o plano de saúde.
Para o médico e diretor do Cremesp Renato Azevedo Júnior, o problema é causado pela diferença entre a relação médico-paciente
e operadora-cliente. "O médico quer usar os meios mais adequados para recuperar o paciente. A operadora quer reduzir os custos
e aumentar o lucro. É uma lógica diferente."
Reajuste
No estudo, também são criticados os aumentos aplicados às mensalidades dos planos, considerados "abusivos".
Segundo a pesquisa, desde de que a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) começou a regular os reajustes, em 2000,
até o ano passado, as mensalidades dos planos individuais e familiares subiram 86,1%. No mesmo período, a inflação medida
pelo IPCA (Índice de Preços aos Consumidor Amplo) foi de 70,8% --cerca de 15 pontos percentuais a menos.
Neste ano, o índice de aumento ainda não foi fechado pela ANS. Ele deve ser divulgado ainda nesta semana e ser próximo
de 9%.
O percentual do aumento é calculado pela média dos reajustes aplicados aos planos coletivos, em que empresas oferecem
assistência aos seus funcionários, por exemplo.
Leia no
site da Folha de
São Paulo a matéria "Entidades tentam barrar alta de planos de saúde".