03/08/2015
Fernando Carbonieri
Não há outra profissão na face da terra que lide tanto com a fragilidade humana quanto a medicina. Todas as profissões da saúde desenvolvem a promoção de saúde e a atenuação da doença, mas apenas o médico está ( ou deveria estar ) completamente imerso nas diversas nuances da miséria que o fim da vida pode impor ao homem.
Trago esta passagem do Eclesiastico 38 1-15, não só para lembrar a nossa falibilidade frente ao término da vida, mas justamente para lembrar a nossa função de fornecer os meios que afastem o nosso paciente dos sofrimentos inerentes a um diagnóstico difícil e a um prognóstico ruim.
Neste momento, não me importa a religião que você segue, ou sequer se tem alguma religião. Creio que o importante é entendermos as diversas características que faz da medicina a mais humana das ciências e a mais científica das humanidades.
Essa passagem foi lida no culto ecumênico da minha formatura, e na formatura de muitos os que acompanham o Academia Médica. Quando estou frente a algum desafio, é algo que sempre me retorna a memória, e impulsiona a lutar pelo melhor para meu paciente.
Eclesiástico 38 (1-15)
1. Honra o médico por causa da necessidade, pois foi o Altíssimo quem o criou.
2. (Toda a medicina provém de Deus), e ele recebe presentes do rei.
3. A ciência do médico o eleva em honra; ele é admirado na presença dos grandes.
4. O Senhor fez a terra produzir os medicamentos: o homem sensato não os despreza.
5. Uma espécie de madeira não adoçou o amargor da água? Essa virtude chegou ao conhecimento dos homens.
6. O Altíssimo deu-lhes a ciência da medicina para ser honrado em suas maravilhas;
7. E dela se serve para acalmar as dores e curá-las; o farmacêutico faz misturas agradáveis, compõe ungüentos úteis à saúde, e seu trabalho não terminará,
8. Até que a paz divina se estenda sobre a face da terra.
9. Meu filho, se estiveres doente não te descuides de ti, mas ora ao Senhor, que te curará.
10. Afasta-te do pecado, reergue as mãos e purifica teu coração de todo o pecado.
11. Oferece um incenso suave e uma lembrança de flor de farinha; faze a oblação de uma vítima gorda.
12. Em seguida dá lugar ao médico, pois ele foi criado por Deus; que ele não te deixe, pois sua arte te é necessária.
13. Virá um tempo em que cairás nas mãos deles.
14. E eles mesmos rogarão ao Senhor que mande por meio deles o alívio e a saúde (ao doente) segundo a finalidade de sua vida.
15. Aquele que peca na presença daquele que o fez, cairá nas mãos do médico.
Nossa profissão é dotada dos meios para um desfecho de uma doença, mas trabalhamos frente a complexidade do homem que enfrenta as limitações de saúde que a vida o impõe. Saber comunicar melhor, entender a fé de nossos pacientes, é apenas mais um passo para desenvolver melhor nosso dignificante trabalho.
Artigo escrito por Fernando Carbonieri, médico formado em 2013 pela Faculdade Evangélica do Paraná. Idealizador e Diretor do portal Academia Médica. Preceptor da Semiologia Geral do Curso de Medicina da PUCPR Campus Londrina. Integrante da Comissão de Integração do Médico Jovem do Conselho Federal de Medicina do Paraná. Editor associado da Revista do Médico Residente.