18/08/2009
Médico é preso acusado de crimes sexuais
A Justiça decretou a prisão preventiva de Roger Abdelmassih, um dos mais famosos especialistas em reprodução assistida.
A denúncia apresentada pelo Ministério Público, sob acusação de 56 estupros, foi aceita pelo juiz, que decretou segredo do
caso
O médico Roger Abdelmassih, 65, um dos mais famosos especialistas em reprodução assistida do país, foi preso na tarde
de ontem, acusado de cometer crimes sexuais.
A prisão foi realizada por policiais civis em sua clínica no Jardim América (zona oeste de SP), em cumprimento à ordem
do juiz Bruno Paes Stranforini, da 16ª Vara Criminal da capital.
O magistrado acatou denúncia apresentada pelo Ministério Público Estadual e determinou a prisão preventiva (sem prazo
determinado, até um provável julgamento) do médico, mas não deu detalhes dos motivos de sua decisão. O Ministério Público
também não se manifestou sobre o assunto.
O juiz decretou também segredo de Justiça sobre o caso, razão pela qual a íntegra da decisão e detalhes da denúncia não
foram divulgados. Nota divulgada pelo Tribunal de Justiça afirma que o juiz tomou tal decisão para preservar "a intimidade
dos envolvidos".
Abdelmassih foi denunciado pela Promotoria na última quinta sob acusação de 56 estupros. A denúncia foi feita com base
em legislação que passou a vigorar no último dia 7, segundo a qual o antigo "ato libidinoso" passa a ser considerado como
"estupro". Pela legislação anterior, seriam 53 atentados violentos ao pudor (atos libidinosos) e três estupros (quando há
conjunção carnal).
60 mulheres
A investigação contra o médico foi revelada pela Folha em janeiro. Cerca de 60 mulheres -quase todas ex-pacientes- o acusam
de crimes sexuais.
Em geral, as mulheres o acusam de tentar beijá-las ou acariciá-las quando estavam sozinhas -sem o marido ou a enfermeira
presente. Algumas disseram ter sido molestadas após a sedação.
O advogado José Luis Oliveira Lima, um dos defensores do médico, disse considerar a prisão "ilegal". "Não há nenhum fato
novo. Não há nenhuma circunstância. Não há nenhuma prova, é importante que se diga isso, da acusação de estupro. Não é verdade.
Não consta nos autos [do processo]", disse o advogado.
De acordo com o delegado Aldo Galiano Júnior, titular da 1ª seccional (centro) e responsável pela prisão, o médico foi
preso quando chegava à clínica, por volta das 15h. Ele disse que o médico tentou evitar a prisão determinando aos seguranças
o fechamento de um dos portões da clínica e se escondendo num banheiro.
Ainda segundo o delegado, a localização do médico foi conseguida sem esforços, pois uma policial se passava por cliente
e estava na clínica quando o médico chegou correndo. "Ele [Abdelmassih] disse que achou que se tratava de um assalto."
À noite, o médico foi levado ao 40º Distrito Policial (Vila Santa Maria), onde ficaria em cela especial, destinada a preso
com diploma universitário.
Fonte: Folha de São Paulo