21/03/2023

Médicas já são maioria entre os profissionais ativos registrados no CRM e que atuam em Curitiba

Mais de um século depois da primeira mulher se formar em Medicina no Paraná, estatística ganha novo cenário e já projeta elas passarem de 50% dos médicos em atividade ainda nesta década

clique para ampliarclique para ampliarJovens médicas defronte ao hospital-escola. (Foto: Arquivo)

Em Curitiba, as mulheres já são maioria entre os médicos em atividade. Este novo patamar estatístico foi alcançado neste começo de ano, revertendo o quadro histórico de prevalência dos homens na profissão. São 14.282 médicos, sendo 7.096 do sexo masculino e 7.186 do feminino (50,3). Das cidades mais populosas do Estado, São José dos Pinhais já tinha alcançado este feito há dois anos. Nos centros menores, os homens continuam sendo maioria entre os profissionais.

No total do Paraná, contudo, os homens ainda são maioria entre os quase 35,5 mil, com 54,7% (19.398). Porém, pelas projeções do Estudo Demográfico do CFM, ainda nesta década as mulheres serão maioria, considerando a proporção de ingressantes nos últimos anos.

Um cenário bem diferente do que o observado em abril de 1967, quando o CRM-PR não tinha nem 10 anos de atividades e contava somente com 108 médicas entre os mais de 2 mil profissionais (ou 5,4%). Em 2013, o percentual de mulheres ainda não chegava à proporção de 40% em relação aos homens. Em 2019, as médicas já representavam 41,41% entre os 27,5 mil profissionais em atividade.

clique para ampliarclique para ampliarFicha cadastral da Dra. Vivian, a primeira médica a se registrar no CRM-PR. (Foto: Arquivo)

PRIMEIRA MÉDICA INSCRITA NO PR

A primeira médica a se registrar no então recém-criado CRM-PR foi a Dra. Vivian Albizu de Carvalho, que recebeu o número 58, logo em seguida do 57 do marido, o Dr. Jayme Drumond de Carvalho. Formados juntos pela UFPR em dezembro de 1940, eles se inscreveram no Conselho dia 24 de julho de 1958. Filha de renomado professor e empresário da Grande Curitiba, a Dra. Vivian nasceu nos Estados Unidos em 18 de agosto de 1918 e se naturalizou brasileira. Faleceu em 1986, a poucos dias de completar 68 anos. O filho do casal, Rubens Albizu Drummond de Carvalho (CRM-PR 2852), formou-se pela Federal em 1970 e em 2020 recebeu o Diploma de Mérito Ético pelo Jubileu de Ouro. Reside hoje em Recife (PE).

Depois da Dra. Vivian, inscreveram-se em sequência as Dras. Gilda Kasting (registro número 73), Maria Becker (128), Salomé Rochin (135), Fani Frischmann Aisengart (136), Gilka Gilda Ghignone (180) e May Silveira Giostre (194). A pioneira Maria Falce só se inscreveu em agosto de 1958, recebendo o número 226, logo em seguida das Dras. Helen Anne Butler Muralha (224) e Iracy dos Reis Petra (225).

PIONEIRA NA MEDICINA E NA CÁTEDRA

A primeira mulher a se formar em Medicina no Paraná foi a Dra. Maria Falce de Macedo, que, inclusive, integrou a turma inaugural da Universidade do Paraná (hoje UFPR). Nascida em 15 de janeiro de 1897, em Curitiba, era filha de Pedro e Philomena Falce, donos de uma funerária localizada em prédio da esquina das Ruas do Rosário e Saldanha Marinho, Centro da Capital. Ela acabou se casando com um dos colegas de turma, o Dr. José Pereira de Macedo, herdando o sobrenome. Ainda se tornaria a primeira catedrática do Brasil, lecionando Química Orgânica no curso de Medicina.

clique para ampliarclique para ampliarCasal médico Maria Falce e José Pereira de Macedo. (Foto: Arquivo)

Depois de estudos e especializações em bacteriologia e zoologia no Instituto Oswaldo Cruz (Rio) e na Faculdade de Medicina de Belo Horizonte, ela acabaria fundando, com o marido, o primeiro laboratório de análises clínicas do Estado, que depois ganharia o nome de outro casal médico, Frischmann Aisengart. Ajudou a fundar, ainda, a Casa da Estudante Universitária.

O casal Maria Falce e José Pereira de Macedo teve destacado papel na formação de médicos e ainda na representatividade da categoria. O Dr. José assumiu a presidência da Associação Médica do Paraná em 1934, na segunda gestão da entidade. Foi diretor do Laboratório de Pesquisas e Análises da Saúde Pública do Estado, tendo participado com a esposa, em 1926, da caracterização epidemiológica do surto de peste bubônica de Paranaguá. Militou na política, tendo fundado e dirigido o Partido Libertador após a redemocratização de 1945.

Nascido em 1883, faleceu em 1965, poucos dias antes de completar 82 anos. A Dra. Maria Falce faleceu em 24 de abril de 1972. Deixou o filho Diogo e netos. A família residia em uma casa no bairro do Ahú, imóvel onde hoje está localizada a sede da OAB-PR.

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