10/10/2018
Michele Grippa e o enfermeiro Luis Gaudêncio, do Siate de Curitiba, participarão do evento pelo segundo ano consecutivo; etapa mundial ocorre no final de outubro, na Cidade do Cabo
Pelo segundo ano consecutivo a médica do Siate Curitiba, Michele Mamprim Grippa (CRM-PR 21.828), será uma das representantes do Brasil no World Rescue Challenge - o Desafio Mundial de Resgate. O evento, uma competição entre equipes de diversos países especializadas em Atendimento Pré-Hospitalar, será realizado na Cidade do Cabo (África do Sul), entre os dias 22 e 26 de outubro.
Em 2017, na Romênia, a Dra. Michele Grippa e o enfermeiro do Siate, Luís Gaudêncio, ficaram em oitavo lugar na classificação geral dentro da categoria de Trauma. Nessa modalidade são simuladas situações em que as duplas devem atender um ou mais pacientes vítimas de diferentes tipos de trauma - desde ferimentos de bala, a quedas e agressões - dentro do menor tempo possível. Também há a categoria Veicular, na qual equipes de seis pessoas enfrentam simulações de resgate veicular.
O bom desempenho na edição passada não fica restrito ao Paraná, as equipes de Joaçaba (SC) e da Escola superior de Bombeiros (SP), conquistaram os títulos de Best Complex Team e Best RTC Team Overall, respectivamente. Para Michele isso mostra como o atendimento pré-hospitalar brasileiro não perde para o de outros países. “O APH do Brasil está muito bem visto e nivelado com outros lugares do mundo. A gente está acompanhando o que acontece lá fora” diz. “A maior diferença fica por conta dos equipamentos que outros países usam, mas nos procedimentos nós não ficamos atrás”.
Para ela, esse tipo de evento contribui para que os socorristas desenvolvam o pensamento rápido, a agilidade e o trabalho em equipe, melhorando a dinâmica dos atendimentos no dia-a-dia. Sem falar na possibilidade de intercâmbios com profissionais de outros países. “Hoje eu tenho contato com socorristas do mundo inteiro, essa troca de experiência é o principal”, afirma. “É uma oportunidade de levar o nome do Siate para fora do Brasil”.
Formada em Medicina pela PUC, em 2005, Michele Grippa conta que só foi se interessar pelo mundo do atendimento pré-hospitalar
na época em que estava fazendo residência em Cirurgia Geral no Hospital Cajuru. Por trabalhar com uma especialidade que atendia
diversos casos relacionados a traumas, ela acabava tendo contato direto com o serviço do Siate - o que fez com que decidisse
trabalhar com APH. “Eu queria ir além do atendimento intrahospitalar”, conta. “Eu entrei no Siate em 2010 e não consegui largar
mais porque é realmente minha paixão”.
Hoje ela participa ativamente de iniciativas que buscam ressaltar a importância do Atendimento Pré-Hospitalar, como o Curso de Atualização em APH, promovido pelo projeto de Educação Médica Continuada do CRM-PR em parceria com o Siate e a SBAIT (Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado). “Esses cursos são muito importantes para a formação desses profissionais, pois sempre buscamos trazer o que tem de novo na área, ao mesmo tempo em que consolidamos o que está estabelecido”, afirma.
Desafio Nacional de Salvamento e Trauma
A classificação para o Desafio Mundial de Resgate é feita por meio de uma etapa nacional na qual as equipes disputaram provas em duas modalidades: standard e complexa. Na primeira, faziam a simulação de atendimento a apenas uma vítima de acidente e, na segunda, com um cenário mais complexo, a mais de duas vítimas. No Desafio Nacional de Salvamento e Trauma - Curitiba 2018, realizado em julho, a dupla da Dra. Michele Grippa e Luís Gaudêncio foi campeã geral e campeã da prova complexa.
O evento é organizado pela Associação Brasileira de Resgate e Salvamento (Abres) em conjunto com a Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Paraná, SIATE do Estado do Paraná e Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba. Sendo a Abres a representante brasileira da World Rescue Organization, ONG do Reino Unido responsável pelo Desafio Mundial de Resgate.
Projeto pioneiro no Brasil
O projeto do SIATE (Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência) teve início em 1989 e com base em uma experiência dos Estados Unidos. No ano seguinte foi implementado por meio de uma parceria entre as Secretarias de Estado de Segurança Pública (Corpo de Bombeiros) e de Saúde da Prefeitura Municipal de Curitiba, sendo o primeiro sistema do gênero implantado no Brasil, servindo como referência para os demais Estados da Federação. A realização do projeto teve como um dos principais mentores o médico e professor Luiz Carlos Sobânia, especialista em traumatologia e ortopedia e que já foi presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná e representante do Estado no Conselho Federal de Medicina.