21/02/2013
MS recebe estudo Demografia Médica e admite viabilidade de carreira de Estado para médico do SUS
Uma das soluções para a má distribuição dos médicos pelo Brasil, a criação de uma carreira de Estado para o médico do Sistema
Único de Saúde (SUS), pode ser realidade ainda este ano. O secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES),
Mozart Sales, deu este informe ao Conselho Federal de Medicina (CFM), durante sessão plenária realizada nesta quarta-feira
(20). Durante o encontro, o gestor do Ministério da Saúde também assistiu à apresentação dos resultados do estudo Demografia
Médica no Brasil 2, o qual classificou como "fundamental" para entender o atual cenário da força de trabalho disponível.
"Ainda não vislumbramos a construção de uma carreira federal para os médicos, mas já discutimos no Ministério como induzir
a criação de carreira de abrangência intermunicipal ou regional na atenção básica, numa articulação entre estados e municípios,
com suporte do Governo Federal", explicou Sales. De acordo com o secretário, esse processo aconteceria por meio de seleção
pública, com possibilidade de gratificação e de reconhecimento pelas diferenças de localização, com premiação ao desempenho
e avaliação, inclusive, da qualificação e da formação dos profissionais.
"Lançamos recentemente um edital de convocação para projetos de planos de cargos, carreiras e salários e, além disso,
trabalhamos com algumas experiências estaduais - especialmente as da Bahia, Distrito Federal e Pernambuco -, as quais queremos
que sejam implementadas ao longo de 2013", completou. Mozart Sales se comprometeu a, futuramente, dar mais informações e debater
a proposta com o CFM.
Demografia Médica
Na conversa com os conselheiros, o secretário elogiou o segundo volume do estudo Demografia Médica no Brasil. "Para que
formulemos políticas públicas com exatidão, é preciso ter dados que nos instrumentalizem e essa iniciativa nos ajuda muito.
Com certeza esta pesquisa traz elementos que serão analisados, confrontados e complementados com informações que o próprio
Ministério da Saúde está produzindo sobre a força de trabalho no SUS", disse Sales, acompanhado do secretário adjunto da SGTES,
Fernando Menezes.
O coordenador-geral da Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina (Denem), Vinícius Neves, que também participou
da reunião, ressaltou a seriedade e a qualidade do estudo. "São dados realmente interessantes, especialmente os que tratam
das escolas médicas". Na oportunidade, também foi discutida a abertura de novas escolas médicas.
Os representantes do Ministério da Saúde alegaram que os novos critérios do Ministério da Educação para a abertura de
cursos de medicina, anunciados em fevereiro, deverão direcionar a formação de profissionais para os vazios assistenciais.
"Tivemos a coragem de fechar o balcão de negócios para as escolas médicas", afirmou o secretário da SGTES, admitindo que os
interesses econômicos e políticos de alguns grupos prevaleceram durante anos.
O presidente do CFM, Roberto d´Ávila, também elogiou a iniciativa do MEC, a qual considerou um avanço histórico ao tornar
o processo mais transparente e criterioso. No entanto, ele lembra que o estudo Demografia Médica no Brasil 2 demonstrou que
a abertura de escolas médicas no interior não confirmam a expectativa de fixação dos médicos ali graduados. Além disso, declarou
que "é preciso pensar na qualificação do corpo docente para o interior de alguns estados e, além disso, garantir acesso dos
estudantes a hospitais de ensino com infraestrutura adequada".
Além da criação de uma carreira de Estado para o médico no SUS, os conselheiros do CFM defenderam uma política de interiorização
da assistência em saúde para garantir a fixação de profissionais nas áreas de difícil provimento. Também acreditam grande
parte dos problemas do Sistema passa pelo subfinanciamento. No Brasil, embora a rede pública atenda potencialmente a toda
população, os gastos dos governos federal, estadual e municipal representam apenas 44% do financiamento total da saúde.
Fonte: CFM