27/09/2006
Lobby reabilita residência médica
Ministério volta atrás após cancelar programa de hospital de Santos
O programa de residência do Hospital Estadual Guilherme Álvaro, em Santos, está provocando uma polêmica na Secretaria
de Ensino Superior (Sesu) do Ministério da Educação (MEC). Na quarta-feira passada, após denúncias de residentes e uma vistoria
que encontrou irregularidades, o hospital foi descredenciado pela Comissão Nacional de Residência Médica, entidade ligada
à Sesu e responsável pelas vagas de residência no País. Há dois dias, no entanto, a medida foi suspensa sem maiores explicações
pelo próprio secretário da Sesu, Nélson Maculan.
De acordo com o presidente da comissão, o médico Antonio Carlos Lopes, professor da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp), entre outros problemas, os 55 residentes do hospital trabalhavam sem supervisão de professores ou médicos responsáveis,
eram recrutados para fazerem trabalhos nas clínicas de médicos no horário da residência e não dispunham de infra-estrutura,
como acesso a laboratórios.
"A comissão foi visitar o hospital, como faz a cada cinco anos, e encontrou coisas absurdas. Isso foi discutido no plenário
e por unanimidade a comissão decidiu pelo seu descredenciamento. Ficamos surpresos quando soubemos que o secretário tomou
uma atitude totalmente arbitrária e autoritária revogando essa decisão", afirma o médico. "Foi a primeira vez que um secretário
desautorizou uma decisão da comissão, que tem autonomia para esse trabalho", diz.
O secretário Nelson Maculan informou, por meio de sua Assessoria de Imprensa, que não foi consultado sobre a decisão da
comissão e, por isso, ela está suspensa até uma nova reunião, marcada para o dia 3 de outubro. Na ocasião, o hospital também
deverá estar presente e apresentar seus argumentos para manter o programa de residência.
A decisão do secretário foi tomada após uma audiência com alguns políticos da região, como o deputado Fausto Figueira
(PT). "Procuramos o secretário porque achamos bastante estranho esse descredenciamento de uma instituição tradicional da cidade.
Pelo que sabemos, o hospital tem sido avaliado de maneira muito positiva e fomos pedir que isso seja revisto", afirma.
A Secretaria Estadual de Saúde disse que aguarda uma definição do caso no ministério antes de se manifestar, mas que pretende
manter o programa no hospital. Além disso, afirma que, caso seja suspenso, o atendimento à população não deverá ser prejudicado.
Fonte: jornal O Estado de São paulo (23/09)