13/07/2021
Filósofo Clodomiro Bannwart, organizador da obra, diz que “a tônica é ajudar-nos uns aos outros nessa travessia difícil que a pandemia nos impôs”. Um dos artigos presentes no livro foi publicado na edição 39 da revista Iátrico
É no contexto da pandemia da Covid-19 que nasceu o livro "Entre a vida e a Morte. O que colhemos no caminho?" De acordo com coordenador da obra e professor de Ética e Filosofia Política na Universidade Estadual de Londrina, Clodomiro José Bannwart Júnior, ela reflete as formas de significação que ofertamos à existência humana. "O livro toca em temas custosos a qualquer pessoa que formule indagações sobre o sentido da vida, a semântica das tragédias e dos dramas colhidos no cotidiano, o valor dos relances de alegria e de felicidade que deleitam e animam, além da fé e da esperança que motivam e encorajam a continuar", antecipa. Os autores são: Adyr Garcia Ferreira Netto, Antonio Carlos Barro, Clodomiro José Bannwart Júnior, Gilvan Luiz Hansen, Jonathan Menezes, Jorge Henrique Barro, Luis Miguel Luzio-dos-Santos, Marcos Orison Nunes de Almeida . O prefácio é do professor e filósofo Mario Sergio Cortella.
O livro aborda sete temas, distribuídos na seguinte ordem: Vida - Esperança - Fé - Felicidade - Medo - Morte. "Desde o nascimento, ao dispor da vida, o ser humano celebra o amor, cultiva a esperança, fortalece-se na fé, persegue a felicidade e manifesta medo diante do mistério, sobretudo da morte, esse ente incompreensível responsável por colocar o ponto final na biografia de todo ser vivente", diz Bannwart.
Ele esclarece que foram convidados quatro filósofos e quatro teólogos para abordar, a partir do horizonte de suas leituras e de suas visões de mundo, os sete temas apresentados. "O resultado é um emocionante e respeitoso diálogo entre essas duas áreas do conhecimento que edificaram o pensamento Ocidental Cristão e, por milênios, conservam os fundamentos conceituais da fé cristã e da filosofia grega. Na fronteira entre fé e razão, entre cristianismo e filosofia, teólogos e filósofos encontram-se, munidos de amizade e de humanismo, para um colóquio amistoso e sincero. Cada autor, claro, imprimiu seu estilo e sua forma de tratar, de indagar e de refletir os temas propostos", esmiúça.
Sobre o caminho realizado por cada indivíduo, Bannwart traz à conversa a assertiva de Angelus Silésius: “Somos como gotas de orvalho que caminham para o oceano que as acolhe como partes de si”, e conceitua: "É uma viagem inevitável. Porém, a maneira como realizamos essa viagem depende das nossas escolhas, motivações e propósitos. Creio que aqui adentramos o campo da esperança, tema também discutido no livro. A esperança é um diálogo amistoso com o futuro, é um hiato pedagógico que produz o liame entre aquilo que temos e somos e o que desejamos e projetamos. É a resposta que damos à lacuna que há entre a liberdade do querer e a imprevisibilidade da própria vida. Não sem propósito se diz que “o fim da esperança é o começo da morte", expõe.
A busca por uma felicidade idealizada e que faz com que o ser humano esqueça de viver cada dia, faz relação com um dos autores do livro, Luis Miguel Luzio-dos-Santos, o qual afirma que a felicidade plena e permanente é impossível, pois dependeria de uma multiplicidade de condições das quais não temos controle. A ideia de um estado de satisfação completo e permanente é pura ilusão e só serve para frustrar-nos. "Outro autor do livro, Adyr Garcia Ferreira Netto, asseverou que é pela esperança que o homem encontra a força que o impulsiona a seguir, mas sem esquecer que a dor é sua razão e seu guia. Resta-nos impossível pensar a felicidade fora dos paradoxos que marcam a existência humana", ressalta Bannwart
O prefácio do professor e filósofo Mario Sergio Cortella, surpreendeu os autores. "Primeiro, pela gentil disposição do professor. Segundo, por escrever um belíssimo texto, correlacionando os temas abordados, além de chamar a atenção para a importância pedagógica do livro, ao mencionar que os autores são como “oito velas acendendo outras”. "É a ideia de ensinamento sempre presente em um livro. Um ponto importante destacado por Cortella no prefácio é o de que não podemos cair na tentação de amaldiçoar a escuridão. E podemos acrescentar que é por meio da escuridão – parafraseando Mario Quintana – que enxergamos melhor o brilho das estrelas. Essa é a tônica do livro: ajudar-nos uns aos outros nessa travessia difícil que a pandemia nos impôs. Cortella explicitou isso no prefácio", valoriza Bannwart.
Um dos artigos presentes no livro, de autoria de Clodomiro José Bannwart Júnior, foi publicado na última edição da revista Iátrico (n.º 39). O texto foi autorizado pelo autor antes do lançamento do livro, enriquecendo o conteúdo da publicação do Conselho de Medicina do Paraná, que teve em destaque o tema " Nascer". Clodomiro é graduado em Filosofia e Direito, sendo Mestre, Doutor e Pós-Doutor em Filosofia. É professor de Ética e Filosofia da Universidade Estadual de Londrina. Integra a Academia de Letras, Ciências e Artes de Londrina.
Fonte: Folha de Londrina